A falta de informações precisas e em tempo real é um dos maiores desafios enfrentados na tomada de decisões estratégicas no agronegócio. Os benefícios do uso de sistemas de Inteligência Artificial (IA) no campo para aumento da produtividade, otimização do uso de recursos como água, fertilizantes e defensivos agrícolas é notório. Mas, o conceito de Agricultura 5.0, apesar de estar em alta, muitos produtores ainda enfrentam dificuldades para adotar as tecnologias da Agricultura 4.0.
Dados da Embrapa apontam que a adoção de tecnologias digitais, a exemplo dos sensores, GPS e drones, tem avançado, mas, 47,8% dos produtores enfrentam a falta de conectividade nas áreas rurais como uma barreira crítica. Outros 67,1% indicam o alto custo de aquisição de máquinas e equipamentos como um obstáculo significativo para a modernização de suas operações, pontua o diretor de projetos da G3 Lean, Jhonatan A. Boa Morte.
A questão é: como a Inteligência Artificial pode auxiliar os produtores e empresários do agronegócio na otimização de processos e redução de custos? Na G3 Lean, é observada uma constante: a falta de informações precisas e em tempo real, além da escassez crescente de mão de obra que torna a eficiência operacional ainda mais crucial para a viabilidade dos negócios agrícolas.
“É neste contexto que a Inteligência Artificial (IA) surge como uma solução transformadora. Combinando IA com Machine Learning (ML), que permite que sistemas aprendam de forma autônoma a partir de grandes volumes de dados, e Visão Computacional, que capacita as máquinas a interpretar e analisar o ambiente visual, estamos vivenciando uma revolução silenciosa, mas poderosa no agronegócio”, relata o diretor de projetos.
Essas tecnologias têm o potencial de mudar radicalmente a forma como as operações agrícolas são gerenciadas e monitoradas. Por meio da Visão Computacional é possível monitorar a qualidade dos produtos, acompanhar o desempenho das máquinas e até observar a atividade dos colaboradores em tempo real.
“Sistemas de IA e ML processam grandes quantidades de dados com precisão, fornecendo insights acionáveis que possibilitam ajustes imediatos nas operações. Isso resulta em uma gestão mais eficiente dos recursos humanos e materiais, culminando na redução de custos e no aumento da produtividade”, destaca Jhonatan.
Evolução Tecnológica
Diante de um cenário em constante transformação, a adoção de tecnologias como a Inteligência Artificial e a Visão Computacional se torna não apenas uma vantagem competitiva, mas uma necessidade vital para os produtores. O único fator que impacta diretamente na lucratividade do agricultor, ao qual ele pode intervir, é o que está “da porteira para dentro”.
“Mais do que nunca é essencial ser eficiente, otimizando tanto a mão de obra quanto os recursos disponíveis. A implementação dessas inovações não apenas maximiza a produção e a rentabilidade, mas assegura a sustentabilidade das operações agrícolas em um mundo cada vez mais exigente. É hora de abraçar essa evolução e transformar desafios em oportunidades de crescimento”, reforça o diretor de projetos da G3 Lean.
IA no beneficiamento
O uso da Inteligência Artificial (IA) e da Visão Computacional otimizam os processos produtivos e reduzem custos operacionais, ajudando os produtores a enfrentarem os desafios cotidianos do campo. Alguns exemplos práticos de aplicação no beneficiamento:
– Monitoramento pós-colheita: sistemas de IA acoplados a câmeras podem monitorar em tempo real a aplicação de produtos pós-colheita no packing house (casa de embalagem). Ao acompanhar a aplicação pelos colaboradores, a IA assegura que cada fruta receba o tratamento adequado.
Caso contrário, um sinal sonoro ou visual pode ser emitido, permitindo ações corretivas imediatas, garantindo que as frutas cheguem ao cliente final com segurança, minimizando riscos de deterioração.
– Otimização da mão de obra e processos de embalagem: ferramentas de IA permitem o monitoramento em tempo real do desempenho da equipe e dos indicadores de produtividade.
Ao rastrear o retorno por colaborador, a taxa de descarte individual e a ocupação do tempo de trabalho é possível identificar a necessidade de treinamentos operacionais e melhorar o aproveitamento da fruta. Dessa forma, os recursos humanos são utilizados de maneira eficiente, resultando em operações mais rentáveis.
Especial Tecnologia – Revista Campo Vivo. Edição nº 52, jan/25.
