Avaliação das adversidades climáticas, tendo a seca como evidência. Este foi o principal assunto em debate, nesta quarta-feira (20), no XVII Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (CBA), que tem como tema “Riscos climáticos e cenários agrícolas futuros”. O evento que acontece no SESC, em Guarapari, e vai esta quinta-feira (21), tem a participação de pesquisadores nacionais e internacionais.
Após a mesa redonda com especialistas que discutiram as influências dos oceanos Pacífico e Atlântico, em latitudes tropicais, em relação às chuvas na América do Sul, foram apresentadas as perspectivas do ensino e da pesquisa da Agrometeorologia para o século XXI, durante a palestra do pesquisador Paulo César Sentelhas, professor associado do Departamento de Biossistemas da Universidade de São Paulo (USP), membro da International Society of Agricultural Meteorology (INSAM) e do Grupo de Agrometeorologia da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) na América do Sul, com pós-doutorado pela Universidade de Guelph, no Canadá.
Em sua palestra, o professor ressaltou que há uma necessidade urgente de se revisar os currículos das disciplinas relacionadas à Agrometeorologia, tanto nos cursos de graduação quanto nos de pós-graduação (mestrado e doutorado) para se garantir a inclusão de tópicos recentes e emergentes, e ainda defendeu a necessidade da preparação de novos materiais didáticos para servir a esses programas.
O professor também lembrou que o nível de conhecimento dos produtores rurais, especialmente nos países em desenvolvimento como o Brasil, tem sido insuficiente para atender aos novos desafios impostos pelos problemas causados pelo clima, havendo uma clara necessidade de se capacitar os facilitadores intermediários (extensionistas) que de posse desse conhecimento, poderão prestar uma assistência melhor os produtores rurais.
“O que nós propomos é que sejam criados cursos de Agrometeorologia focados na solução de problemas relativos às adversidades climáticas e formar melhor o profissional, oferecendo as condições necessárias para que ele possa continuar se capacitando nos cursos de especialização e pós-graduação (mestrado e doutorado) para se atualizarem, e continuar ajudando a solucionar os problemas encontrados no campo relacionados à Agrometeorologia” – defende o pesquisador.
O professor ainda avalia que o clima possui uma variabilidade, e caso esse processo seja intensificado, poderão ocorrer condições adversas: “Cada ano a variabilidade do clima está aumentando, e com mudanças intensas de um ano para o outro. A mudança climática tem proporcionado o aumento da variabilidade do clima, e o que nós podemos fazer é minimizar esses impactos, alterando a época de semeadura, e implementando o armazenamento de água, por exemplo, além de outras possibilidades” , propõe.
Sentelhas também defende a ampliação da quantidade de cursos de Agrometeorologia em outras localidades, fora da Região Sudeste: “Temos a necessidade de expandir os cursos de especialização e pós-graduação (mestrado e dourado) para outras regiões do País”, considera. Segundo ele “o País é o celeiro do mundo, e com o maior potencial agrícola. O que temos que fazer é saber que todas as regiões estão sujeitas às catástrofes e o governo precisa fazer uso dessas informações”, sugere.
Nesta quinta-feira (20), durante o último dia de programação do Congresso, que pela primeira vez está sendo realizado no Espírito Santo, o evento contará com a presença do Secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli da Costa, que juntamente com outros palestrantes comandarão uma mesa redonda de debates com o tema Seca, calor e seus impactos na sustentabilidade da Agricultura.
Evandro Santana dos Anjos
Comente esta notícia. Clique aqui e mande sua opinião.
(É necessário colocar nome completo, e-mail, cidade e o título da notícia comentada. Todos os comentários enviados serão avaliados previamente. O Portal Campo Vivo não publicará comentários que não sejam referentes ao assunto da notícia, como de teor ofensivo, obsceno, racista, propagandas, que violem direito de terceiros, etc.)
Siga o Campo Vivo no Twitter @CampoVivo
O Campo Vivo também está no Facebook

