O mel nosso de cada dia
O mel brasileiro faz sucesso no exterior: em março/2010 houve um aumento de 92% nas exportações, em relação a fevereiro deste ano, com a venda de 2 mil e 400 toneladas.
É bem verdade que alguns fatores contribuíram para que o país tivesse condições favoráveis no mercado externo para o mel, como a queda da produção nos Estados Unidos e na Argentina.
Mas se lá fora estamos bem, o nosso mercado interno ainda está bem longe do ideal. Enquanto países como a Alemanha, Dinamarca e Noruega chegam a consumir 1,5 kg/ano por pessoa, no Brasil, esse consumo não passa de 128 gramas/ano em média.
Com o objetivo de mudar essa realidade, foi lançado no 18º Congresso Brasileiro de Apicultura, realizado recentemente em Cuiabá – Mato Grosso, a campanha nacional Meu dia pede mel, que busca esclarecer à população os benefícios do uso diário do mel e a sua força energética em vários momentos do dia.
Uma caravana capixaba que compareceu ao evento levou a experiência realizada aqui pelo Sebrae, com o modelo de gestão adotado para o acompanhamento de 380 apicultores, em 24 municípios do Espírito Santo.
Esse modelo de gestão impulsionou a produção de 150 toneladas no ano passado, e neste ano alimenta uma expectativa de um crescimento de 200%, sendo 40% dessa produção prevista para ser consumida pelo mercado externo.
E se de fato as exportações de mel continuam crescendo, o mesmo não se pode dizer do mercado interno, ainda limitado. O que se comprova é que o hábito e o consumo ainda estão longe de nossas mesas: estamos mandando para fora um alimento que poderia produzir saúde aqui dentro.
Para mudar esse paradigma, os municípios de Jaguaré, Alto Rio Novo e São Mateus passaram a desenvolver – em parceria com os apicultores da região e com o Sebrae – um projeto piloto para a inclusão do mel na merenda escolar.
Nessa sintonia de ações que vêm se mostrando uma grande tendência no país, há alguns meses apresentamos na Assembleia Legislativa uma indicação ao Governo do Estado – aprovada em plenário – para tornar obrigatória a inclusão do mel na merenda escolar de toda a rede pública estadual de ensino.
Além dos benefícios já comprovados pela ciência e por pesquisadores, o ganho nutricional, a promoção de saúde, e a qualidade de vida poderão ser notáveis para mais de 116 mil alunos da rede estadual, isso se considerarmos apenas o ensino médio, de acordo com dados do Censo Escolar de 2009.
Naturalmente, o benefício é múltiplo e coletivo. À medida que promovemos políticas públicas de saúde como essas, beneficiamos também o aperfeiçoamento e a qualidade de toda a cadeia produtiva do mel
Em um curto espaço de tempo, é possível prever o aumento contínuo da produção de mel, com a organização e o planejamento das cooperativas e associações vinculadas ao setor, e a integração de instituições como o Sebrae, a Secretaria Estadual da Agricultura, Sebrae, apicultores e indústrias de beneficiamento.
Com essa ação estratégica, integrada, estimulamos ainda a geração de emprego e renda do produtor rural, a fixação do homem no campo, a preservação do meio ambiente, e um novo modelo de educação alimentar.
O nosso mel de cada dia pode ir além de nossas mesas, e se transformar em uma referência nutricional para os alunos e para a sociedade.
Atayde Armani
Deputado Estadual (Dem/ES) e presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do ES

