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Cerca de dois mil trabalhadores rurais ocuparam a sede do Ministério da Fazenda, no Centro de Vitória, como parte de um manifesto organizado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores do Espírito Santo, da Via Campesina e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Às 10h20, os trabalhadores invadiram a sede do Ministério da Fazenda e impediram a saída dos funcionários e das pessoas que estavam dentro do prédio. Uma equipe de reportagem também ficou presa dentro da sede do Ministério da Fazenda.
Cerca de dois mil trabalhadores rurais ocuparam a sede do Ministério da Fazenda, no Centro de Vitória, como parte de um manifesto organizado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores do Espírito Santo, da Via Campesina e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Os manifestantes bloquearam a entrada do órgão com um carro de som. No portão, formaram uma corrente humana que impedia a entrada ou a saída. Apenas por volta de 11h30, o grupo liberou algumas pessoas que estavam dentro do prédio do Ministério.
Segundo a produtora rural Edinalva Moreira Gomes, os manifestantes tiveram uma reunião com o Ministério da Fazenda, e foi esclarecido que um relatório com todas as reivindicações será encaminhado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Um oficial de Justiça chegou ao local com um mandado de reintegração de posse para o Ministério da Fazenda, mas os manifestantes só deixaram o local por volta das 16h40.
O grupo se concentrou, logo no início da manhã, no Sambão do Povo, e somente lá decidiram os rumos do protesto. Com a decisão de caminharem pelo Centro até a sede do Ministério da Fazenda, o grupo prejudicou o trânsito, principalmente na Avenida Elias Miguel e Princesa Isabel, e nas proximidades do órgão.
No Sambão do Povo, os trabalhadores estavam agressivos com a imprensa e não queriam passar informações sobre o protesto. Um grupo de manifestantes tentou agredir dois cinegrafistas que faziam imagens dos agricultores, antes mesmo do início da caminhada.
Policiais militares também foram coagidos no Sambão ao tentarem organizar a passeata de forma com que os trabalhadores liberassem uma das faixas da via para os veículos. A placa de uma das viaturas foi arrancada pelo agricultores. Em alguns trechos, os manifestantes ocuparam toda a rua, não dando passagem para os motoristas, nem mesmo com a intervenção da Guarda Municipal de Trânsito.
Ocupação
Às 10h20, os trabalhadores invadiram a sede do Ministério da Fazenda e impediram a saída dos funcionários e das pessoas que estavam dentro do prédio. Uma equipe de reportagem também ficou presa dentro da sede do Ministério da Fazenda.
Os manifestantes ainda ocupam a sede do órgão e querem a realização de uma audiência para, só então, deixarem o local. Eles ocupam a área do estacionamento, mas policiais federais, que acompanham a manifestação à paisana, afirmaram que o interior do prédio foi depredado e o portão foi arrombado no momento da entrada dos manifestantes.
Policiais militares estiveram no local, armados, e contaram com o auxílio da Companhia de Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam) da PM. Alguns policiais tentaram liberar o portão principal para a passagem das pessoas, mas os agricultores não estavam abertos a negociações. “Somos nós que mandamos no Ministério da Fazenda. Ninguém entra e ninguém sai”, gritavam os manifestantes.
Cárcere
Algumas pessoas foram liberadas de dentro da sede do Ministério da Fazenda, por volta de 11h30. Quem esteve dentro do prédio afirma que foram momentos de tensão e de medo, como num cárcere privado, como conta a funcionária pública Moema Coutinho, 57 anos. “Eu rezei muito para que nada acontecesse. Dentro do prédio tem pessoas idosas, muita gente com medo. Estávamos trancados, pensávamos que não iríamos sair mais daqui”, conta.
Para se ter ideia da tensão, uma mulher pedia aos prantos a ajuda das equipes de reportagem pela grade do estacionamento do órgão. Em contrapartida, os manifestantes ouviam forró e secavam as roupas ao sol, molhadas pela chuva que atingiu a Capital na manhã desta quinta-feira. Alguns comiam picolés, tranquilamente, durante a manifestação.
Quem queria entrar na sede do Ministério da Fazenda também não conseguiu. Muita gente ficou revoltada, do lado de fora, muitos com compromissos agendados e importantes, como foi o caso do corretor de imóveis Pedro Coelho, 46 anos. “Fui pego de surpresa, ninguém foi avisado. Como eles invadem um órgão público assim? Como eles deixaram isso acontecer também? Acho que se eles querem reivindicar, que façam isso direto com as autoridades e não prejudicando o povo”, diz.
Jornada Nacional
O ato dos agricultores acontece em cerca de 17 Estados do país e é chamado de “Jornada Nacional de Luta Camponesa”. Os camponeses combatem o agronegócio e as monoculturas. Entre as reivindicações, está a solicitação de políticas públicas para os trabalhadores rurais e a renegociação de dívidas. Em Vitória, eles ainda pedem pela reforma agrária, crédito rural e melhorias na saúde e educação.
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