Caos aéreo afeta as exportações de frutas

por admin_ideale

 


Depois de acusarem os reflexos da crise internacional e caírem em 2009, as exportações brasileiras de frutas frescas encontraram na fumaça do vulcão da Islândia um obstáculo para preservar, no curto prazo, o ritmo da reação observada no primeiro trimestre do ano.


Ainda que não seja o fim do mundo para o segmento, já que a grande maioria das vendas do país ao exterior segue por navios aos seus destinos, os problemas no tráfego aéreo europeu paralisaram as entregas por avião para mercados importantes no Velho Continente e prejudicou tradings e produtores. Cerca de 15% das exportações totais de frutas frescas do Brasil são embarcadas em aeronaves, e neste caso os seis principais destinos das cargas estão na Europa.


“Os problemas começaram na quinta-feira e, mesmo após a liberação dos voos, serão necessárias pelo menos mais duas semanas para a normalização”, disse Valeska de Oliveira, gerente-executiva do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Ela confirma que a Europa é a fonte de preocupação. Para outros destinos, as vendas aéreas não foram prejudicadas. Até agora os problemas não comprometeram as perspectivas de ampliação das exportações no ano, o que só acontecerá se as limitações ao tráfego europeu se prolongarem.


No primeiro trimestre de 2010, as vendas de frutas frescas brasileiras ao exterior renderam, no total, US$ 113,4 milhões, quase 8% mais que em igual intervalo de 2009. As exportações aéreas representaram US$ 16,2 milhões, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ibraf.


No Nordeste, os produtores de frutas do Vale do Rio São Francisco minimizaram os efeitos da pane na Europa. Segundo a Valexport, associação que reúne os principais exportadores da região, as vendas externas por avião ainda representam menos de 10% do total exportado. “No caso da Europa, o percentual é ainda menor. O Japão costuma demandar mais por via aérea”, informou o coordenador da entidade, Tássio Lustoza.


Ainda assim, alguns produtores não escapam dos transtornos. Segundo Rodrigo Melo, da Queiroz Galvão Alimentos, algumas cargas enviadas pela empresa à Europa, por via marítima, ficaram paradas no porto de Vigo, na Espanha, à espera da documentação que deveria chegar de avião. Melo afirmou, ainda, que a maioria das exportações realizadas pela empresa por avião costuma ocorrer no segundo semestre, em razão das condições de mercado. Segundo ele, as entregas aéreas representam menos de 5% do total movimentado pela companhia.


Na mesma linha, o proprietário da fazenda Alpha Vale, Eldo Ribeiro, também minimizou os efeitos da pane aérea sobre seus negócios. A empresa, que vende 70% de sua produção para Inglaterra, França e Holanda, embarca mais de 95% de suas exportações em navios. “O retorno [das vendas por avião, cujo frete é maior] não é lá essas coisas”, resume ele.


Claudio Piovesan, sócio da paulista Rio Doce, não demonstrava a mesma calma na terça-feira. Até então a companhia havia perdido duas cargas destinadas a países europeus como Holanda, Bélgica e França. Eram entre 6 e 7 toneladas de figos, goiabas, caquis e mangas, entre outras frutas, que estragaram e não puderam ser colocadas no mercado doméstico, deixando um prejuízo da ordem de € 20 mil.


E aqui aparece o que o empresário afirma ser um problema que independe de fumaça: a falta de estrutura de armazenagem do aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. A Euroconte Exportação e Importação também utiliza o aeroporto e corrobora o diagnóstico. “O caos aéreo significou um transtorno astronômico para nós”, afirmou Denise Braga, sócia da empresa paulistana.


Segundo ela, a Euroconte perdeu quase 2 toneladas de goiaba, figo e manga. A empresa faz só exportações aéreas, e apenas para a Europa. São entre dois e três embarques por dia. “Quando o tráfego aéreo parou, tínhamos frutas sendo colhidas. É um problema para o produtor”, afirmou.


 


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