A argentina Biogénesis-Bagó anunciou ontem que se prepara para entrar no mercado brasileiro de vacina contra aftosa a partir do ano que vem. Há 30 dias, a companhia obteve a licença do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa) para importar e comercializar o produto no Brasil. Segundo o presidente mundial da companhia, Guillermo Mattioli, o produto destinado ao mercado brasileiro começou a ser fabricado há quinze dias na unidade argentina da companhia, logo depois de obtida a autorização do Mapa. A Biogénesis pretende comercializar 2 milhões de doses por mês no País já no próximo ano.
Com o início de comercialização da vacina contra aftosa no país, a Biogénesis dará início ao projeto de ampliar sua participação no mercado brasileiro, onde já atua há dez anos na comercialização de outros tipos de medicamentos voltados para o rebanho bovino.
Os produtos vendidos hoje são todos importados. Segundo Raul Moura, diretor-geral da Biogénesis-Bagó no Brasil, a participação no mercado de aftosa dá visibilidade à companhia para que ganhe espaço no País, já que se trata de um produto de largo alcance. No entanto, a Biogénesis não pretende fabricar a vacina contra aftosa no Brasil.
A companhia fabrica anualmente cerca de 200 milhões de doses da vacina polivalente e detém 30% do mercado latino-americano. O consumo na região gira em torno das 650 milhões de doses ao ano. “Abaixo do canal do Panamá, os países vacinam. As exceções são Chile, que não tem problemas com aftosa, e as Guianas”, diz Moura.
A Biogénesis estima faturar entre US$ 90 e US$ 100 milhões em 2008, sendo que o Brasil corresponderá a 10% desse resultado. A companhia tem portfólio de 60 produtos entre biológicos (febre aftosa e outras vacinas virais e bacterianas), endectocidas, produtos para a reprodução, antibióticos, farmacêuticos e ectoparasiticidas. A vacina contra aftosa responde a 50% do faturamento global da empresa. A Biogénesis está entre as 25 maiores e quer estar entre as dez mais em alguns anos no Brasil.
Merial
A Merial é a maior fabricante de vacinas para aftosa no Brasil. Ela detém 30% de participação no mercado, com capacidade de produção de 160 milhões de doses ao ano.
Segundo o presidente da empresa, Alfredo Ihde, o mercado brasileiro está crescendo em função do empenho dos pecuaristas, do governo e da indústria, que disponibiliza as doses. “Nós já estamos consolidados em termos de produção. Agora temos uma vacina que possui o diferencial de ser livre de proteínas estruturais, ou seja, é fácil identificar se o vírus vem do campo, pois a vacina não deixa a presença do vírus no animal”, diz.
A empresa já comercializou 40 milhões de doses dessa vacina e a expectativa é encerrar o ano com a venda de 100 milhões de doses. A companhia exporta 15 milhões de doses da vacina contra aftosa para Bolívia, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Argentina. A Merial, como um todo, espera ter um incremento, em 2008, de 5% no faturamento, que no ano passado foi de R$ 270 milhões.
Mercado
No Brasil, a estimativa do Mapa para 2008 é de consumo de 398 milhões de doses, sendo que o Brasil possui capacidade de produzir 500 milhões de doses. A companhia argentina vai ser mais um fornecedor em um mercado hoje atendido pela Merial; Intervet,recém-adquirida pela Schering-Plough; Vallée e Bayer.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), o consumo da vacina vem aumentando ano a ano no País. No ano passado, foram comercializadas 374,4 milhões de doses -configurando o 12º recorde consecutivo de vendas. Em 2006, esse número foi de 369,9 milhões de doses. O faturamento do setor em 2007 foi de R$ 2,4 bilhões. Para 2008, a estimativa de crescimento está entre 4% e 7%.
DCI – Diário do Comércio & Indústria
