O aumento dos preços dos alimentos que desencadeou turbulências globais e políticas desde o ano passado começou a demonstrar os primeiros sinais de estar de estabilizando.
O índice de preços de alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), considerado a melhor taxa de medição para a inflação mundial em relação a esses produtos, teve, no mês de abril, o primeiro declínio em 15 meses. A redução foi decorrente da queda dos preços de trigo, laticínios, soja e arroz.
O diretor-geral-assistente da FAO, Jose Maria Sumpsi, disse no começo da semana que, exceto pelos preços do milho e do arroz, a inflação dos alimentos parecia estar “próxima do pico”, embora não esperasse que começassem a cair.
Os comentários dele -que são corroborados por outros dirigentes da ONU- e a queda no índice de preços da ONU são o maior sinal do início da redução da inflação dos alimentos desde o início da crise, em meados do ano passado, mas não significam que o problema esteja controlado.
O índice de preços da FAO referente a abril, que será publicado no próximo mês, caiu para 216,7 pontos. Em março, a taxa revisada ficou em 217 pontos e ainda houve alta de 52% nos últimos 12 meses, segundo um executivo que disse ter visto o indicador.
A última vez em que houve queda mensal no índice de alimentos da FAO foi em janeiro do ano passado, que depois se mostrou temporário. Dessa vez, os dirigentes estão mais confiantes de que os preços realmente irão parar de subir ou até mesmo cair.
Neste ano, o clima está mais favorável à agricultura e deve haver aumento de vários cultivos com o objetivo de aproveitar as vantagens dos preços recordes das commodities.
Analistas do setor de alimentos alertam, no entanto, de que ainda pode haver aumento de preços em razão da maior demanda por produtos agrícolas para a produção de biocombustível e do clima desfavorável, como o ciclone ocorrido em Mianmar (antiga Birmânia).
A própria ONU anunciou, no fim do mês passado, a criação de força-tarefa para enfrentar a crise alimentar e pediu à comunidade internacional a doação urgente de US$ 2,5 bilhões para que a organização possa continuar seus programas de ajuda aos necessitados.
Folha de São Paulo
