
A cacauicultura é uma atividade presente em 50 dos 78 municípios capixabas e, segundo o IBGE, em 2023, o Espírito Santo se consolidou como o terceiro maior produtor do Brasil. No Dia Nacional do Cacau, celebrado nesta quarta-feira (26), o setor tem mostrado crescimento notável, impulsionado pelas inovações tecnológicas e práticas sustentáveis para aumento da produtividade e a qualidade do produto.
O estado atingiu em 2023 um aumento de 20% na produtividade em relação a 2019, tornando-se a segunda maior do país, mas, há muito para evoluir, relata o subsecretário de Desenvolvimento Rural, da Secretaria de Estado da Agricultura, Michel Tesch.
“O momento é muito oportuno para os investimentos em novas áreas. As cotações internacionais da amêndoa atingem valores históricos e o Brasil é a grande aposta da indústria mundial para suprir a demanda, impactada pelos efeitos das mudanças climáticas nas principais regiões produtoras da África”, disse Tesch.
O ES vem diversificando seu perfil de exportação e, em 2024, foi o quarto maior exportador nacional de derivados de cacau. “Diferentemente da Bahia e Pará, que se concentram em produtos intermediários, como manteiga e pasta de cacau, 72% do valor exportado pelo ES corresponde a chocolates”, informou o subsecretário.
O empresário rural, Emir de Macedo Gomes Filho, ressalta que as mudanças como cultivo de plantas melhoradas geneticamente, mais precoces e produtivas, e a implementação de técnicas como adubação modular e polinização manual ou artificial, além da mecanização, têm sido primordiais para a evolução do setor.
“Acredito que em breve teremos máquina para colher cacau por meio da robótica e já estão sendo plantadas variedades voltadas à qualidade por terem notas sensoriais interessantes na fabricação de chocolates, o uso de drones nas plantações, mais máquinas para quebrar cacau no campo, reduzindo a dependência de mão de obra, que é o nosso maior gargalo. Plantios de cacau em consórcio com outras culturas, pois a diversificação ainda é a melhor solução, e áreas sendo plantadas com espaçamento menor e maior população de plantas por área também são realidade no setor”, comentou o cacauicultor.

Plantios de Cacau em consórcio com outras Culturas, pois a diversificação ainda é a melhor solução, Áreas sendo plantadas com espaçamento menor e maior população de plantas por Área.
Emir também aponta a verticalização como um aspecto crucial para quem produz cacau. “O fruto tem muitos desdobramentos, pode ser explorado de diversas formas para obter mais lucros, como extrair a polpa, fazer o mel, doces cristalizados, chá de cacau e os chocolates artesanais. Os produtores precisam de se atentar e valorizar mais seu trabalho com melhor aproveitamento do fruto, além de trabalhar com o agroturismo na região”, disse.
Sustentabilidade e investimentos
No sistema cabruca, o mais tradicional, Michel Tesch destaca que o desafio é a renovação dos materiais genéticos e o manejo, de forma que seja possível atingir produtividades que melhorem o índice de viabilidade econômica. Já nos sistemas agroflorestais ou pleno sol, as práticas regenerativas são fundamentais para aumentar a resiliência das áreas de produção, visando melhor convivência com os desafios do clima.
“No ES temos exemplos de áreas extensas em sistema de cultivo agroflorestal (cacau com seringueira) em que todo o controle de pragas e doenças é feito por meio de bioinsumos, evidenciando a evolução tecnológica da sustentabilidade”, ressalta.
O subsecretário de Estado informa, ainda, que o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag 4) tem como meta alcançar 20.045 toneladas de cacau até 2032 — um aumento de 71,3% em relação a 2022, e está alinhado ao Plano Inova Cacau 2030, que é a estratégia nacional de desenvolvimento da cadeia.
“Com esse direcionamento, está sendo construída uma parceria estratégica entre Governo do ES e Ceplac para que tenhamos na Fazenda Experimental de Linhares um centro de qualidade e produtividade sustentável do cacau. Serão desenvolvidas ações de capacitação de técnicos e produtores de ponta a ponta da cadeia, desde a produção de mudas até o processamento de derivados do cacau. Também serão implantadas áreas demonstrativas das principais tecnologias de produção e pós-colheita”, disse Michel.

Tesch destaca que já estão em andamento as ações de um projeto, com financiamento da comissão europeia por meio do programa AL INVEST Verde, em que será realizado o mapeamento das áreas de produção de cacau no Estado (em cabruca ou não). Com isso, o ES será pioneiro no uso de sensoriamento remoto com inteligência artificial e aprendizagem de máquina, para obter mapeamentos precisos e com regularidade, o que permitirá o cumprimento do regulamento europeu de produtos livres de desmatamento.
No âmbito da defesa agropecuária têm sido desenvolvidas ações conjuntas entre os órgãos estaduais e federais para compartilhar informações e orientações sobre a monilíase, principal ameaça à cacauicultura brasileira. A Ceplac tem conduzido testes com materiais genéticos melhorados para identificar aqueles que possuem tolerância ao patógeno.
O Projeto Mulheres do Cacau também foi apontado pelo subsecretário como uma oportunidade de desenvolver uma nova atividade, obter renda e melhorar a qualidade de vida das famílias, ao mesmo tempo em que assumem o protagonismo do setor.
Redação Campo Vivo