Os produtores agrícolas devem ter “a maior colheita da história”, na safra de grãos 2007/2008, com aumento de 3,1% em relação à anterior, totalizando 135,8 milhões de toneladas. A colheita passada já havia sido recorde, superando a temporada 2002/03, quando o País produziu 123,6 milhões de toneladas. Os números, divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 0,8% superiores aos de dezembro passado. No entanto, quando comparados com os dados de novembro do IBGE, são menores: ocasião em que se previa 137 milhões de toneladas.
Segundo o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, Neuton Rocha, a revisão para baixo é conseqüência de uma nova avaliação para o Rio Grande do Sul. “O estado pode ter uma queda na produção de soja e milho, devido ao fenômeno climático La Niña, que deve provocar estiagem entre janeiro e fevereiro”, disse Rocha
O ministro da agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, disse que a manutenção do quadro depende das condições climáticas das próximas semanas, uma vez que algumas lavouras estão em fase de floração e frutificação, quando não pode faltar chuva. Segundo ele, de modo geral, todos os produtos mantêm boas performances, em especial o milho, a soja e o algodão, mas a oferta de feijão será 2,1% menor.
Stephanes ressaltou que apesar do aumento da produção, os agricultores terão mercado, porque “há excesso de demanda por alimentos no mundo, principalmente nos países asiáticos”.
De acordo com as estimativas do governo, a soja mantém a liderança entre os grãos, com produção estimada de 58,2 milhões de toneladas, seguida pela perspectiva de 53,4 milhões de toneladas de milho e de 11,9 milhões de toneladas de arroz. Em termos percentuais, o maior aumento em relação à safra passada será na colheita de trigo, que deve evoluir de 2,2 milhões para 3,8 milhões de toneladas, com crescimento de 71,5%.
Os números da soja são levemente inferiores ao recorde da temporada passada (- 0,4%), quando foram colhidas 58,4 milhões de toneladas. Na comparação com a estimativa de dezembro, praticamente não houve alteração nos números da soja. De acordo com a estatal, apesar do aumento de 1,2% na área, a colheita será menor por problemas climáticos no Rio Grande do Sul. “Esse fato ocorre, principalmente, pela redução na produtividade do Rio Grande do Sul, tendo em vista as adversidades climáticas e fitossanitárias que podem ocorrer, além de ocorrência do fenômeno La Niña no desenvolvimento e na fase crítica de produção das lavouras”, disse a Conab.
Para o milho, a previsão é de incremento de 3,8% em relação à safra passada e, quando comparada com a estimativa de dezembro, há um acréscimo de 1 milhão de toneladas – a estatal havia previsto 52,3 milhões de toneladas. “O aumento (do milho) é justificado pelos bons preços do produto, face ao forte crescimento da (demanda) da avicultura/suinocultura e das exportações”, afirmou a CONAB.
A safra de algodão em pluma foi estimada em 1,59 milhão de toneladas, contra 1,52 milhão de toneladas em 06/07. A área cultivada está estimada em 1,15 milhão de hectares, 3,4% superior à safra passada. “Esse aumento deve-se, basicamente, aos contratos firmados para entrega futura”, relatou a CONAB, ressaltando que a irregularidade climática atrasou o plantio, principalmente, no Estado de Goiás e no oeste da Bahia.
Gazeta Mercantil