Setor lácteo lidera rentabilidade do campo na Bovespa em 2007

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Os preços mais altos do leite – com valorização de cerca de 40% em 2007 -, a maior produção e o aquecimento deste mercado por grandes aquisições fizeram o segmento liderar os ganhos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) entre as empresas do agronegócio no ano passado. Em contrapartida, as empresas sucroalcooleiras e de carnes – que representaram 70% das ofertas inicias de ações (IPOs, na sigla em inglês) do setor – registraram as maiores queda.


Segundo dados da Economática, a Parmalat – controlada pela Laep – foi a primeira no ranking, com rentabilidade de 1.224,01%, seguida pela Vigor (241,25%) e pela Eleva (198,85%) – esta também com atuação em carnes e que foi comprada pela Perdigão em outubro passado.


Para Marcelo Pereira de Carvalho, diretor-geral da Agripoint, alguns fatores que ajudaram a puxar os preços do setor lácteo foram o aumento da renda média da população e, conseqüentemente do consumo interno, e a alta no exterior. “No último boom que o setor teve, no início do Plano Real, o consumo médio por pessoa saltou de 110 quilos para 130 quilos. Atualmente gira em torno de 140 quilo”, explica. A produção no setor lácteo cresceu a uma taxa média de 4,3% de 2000 a 2005, e 3,4% em 2006. No ano passado, o incremento projetado foi de 6%, atingindo 27 bilhões de litros, o que gradua o Brasil como um dos seis maiores produtores mundiais.


De acordo com Denílson Duarte, analista de investimentos do Banco Máxima, a compra da Eleva pela Perdigão foi o principal fator para o aumento da rentabilidade dessa empresa, aliado ao crescimento da economia que levou investidores a comprar ações de indústrias do setor. “Se levarmos em consideração o mercado que a Eleva ocupa, essa permanência tende a ser temporária”, ressalva Duarte.


Em relação à alta expressiva da Parmalat, alguns especialistas explicam que pode ser referente a ofertas de ações a preços mais altos que o normal, pois a Laep fechou o ano com uma queda de 0,67%, de acordo com a Bovespa.


Na outra ponta estão as empresas sucroalcooleiras e os frigoríficos, que amargaram grandes quedas durante o ano de 2007 na bolsa. Destaque para Cosan e Guarani, com índices negativos de 52,82% e 20,96 % respectivamente. Para Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, um dos fatores que favoreceram essa perda foi a menor exportação do segmento. “O mercado de 2006 foi excelente para as usinas devido à grande demanda pelo açúcar gerada pela Índia, que teve uma quebra na sua produção, e à expectativa positiva dos produtores em relação ao álcool; já em 2007 houve uma acomodação”. Em 2006 foram exportadas 6,2 bilhões de toneladas de açúcar, enquanto no ano passado foram 5,1 bilhões de toneladas, uma redução de 17%. O câmbio também teria influenciado o desempenho, uma vez que o dólar médio em 2006 foi de R$ 2,18 contra R$ 1,95 no ano passado. No caso do álcool, a queda nas exportações ocorreu devido ao aumento da produção de milho para etanol nos Estados Unidos. Mas o mercado interno absorveu boa parte dessa produção excedente devido ao crescimento da frota dos carros flex, que respondem por algo em torno de 80% dos automóveis novos vendidos atualmente. O consumo no mercado interno cresceu 23%, passando para 17,8 bilhões de litros na temporada 2007/08, e os preços caíram nas usinas – de R$ 0,95 o litro em 2006 para R$ 0,74 o litro no ano passado (usando como base Ribeirão Preto).


De acordo com especialistas, as operações da Cosan fora do País – captando R$ 3,2 bilhões no exterior – não foram bem recebidas pelos investidores, favorecendo o desempenho negativo das empresas sucroalcooleiras.


No caso dos frigoríficos, em especial o JBS/Friboi – que arrecadou com o IPO cerca de R$ 1,6 bilhão – um dos aspectos que explicariam a queda foi a compra da Swift, arrematada por um preço relativamente elevado, e a ausência de uma previsão de custos, causando um certo desconforto nos investidores”, segundo Duarte. Para Miguel da Rocha Cavalcanti, sócio-diretor da Agripoint, outro aspectos foi o aumento do custo da matéria-prima. Em média, a cotação da arroba do boi gordo valorizou-se cerca de 35% no ano passado, impulsionada pela queda produção e pela demanda aquecida. “De janeiro a maio de 2007 a produção registrava alta em relação a 2006, mas de junho para cá houve uma queda que influenciou no balanço do ano todo”, explica.


Gazeta Mercantil

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