Técnicos da União Européia (UE) estão insatisfeitos com o sistema brasileiro de rastreabilidade do rebanho bovino, segundo uma fonte do governo em Brasília. “Eles encontraram alguns probleminhas”, disse a fonte, tentando minimizar os pontos negativos citados pelos técnicos, que vieram ao Brasil avaliar as condições sanitárias do rebanho e dos frigoríficos que exportam para a Europa.
Segundo a fonte, os técnicos da UE avaliam que o governo não tem controle suficiente do trânsito de animais criados em fazendas certificadas para propriedades sem certificação. Ele acham ainda que esse controle não estará garantido pelas novas regras que serão adotadas em todo o País a partir de janeiro do ano que vem.
O novo modelo de rastreabilidade prevê a certificação por propriedade, e não por animal, como permite o sistema atual. A partir de janeiro, o governo só aceitará a certificação por propriedade. Os pecuaristas que não aderirem ao sistema não poderão vender animais cuja carne serás enviada para a União Européia, alerta o governo.
No sistema atual, animais rastreados, ou seja, identificados desde o nascimento, podem conviver com animais sem rastreabilidade numa mesma propriedade. Esse modelo dificulta o controle sanitário porque animais doentes podem ter contato com rebanhos sadios, uma dificuldade para que o governo descubra a origem de problemas e aja na prevenção.
As falhas no Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) teriam sido discutidas esta semana em uma reunião em Brasília com os europeus. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Marcio Portocarrero, responsável pelo Sisbov, não foi encontrado para confirmar o encontro.
Os europeus chegaram no último dia 4 e ficarão no Brasil até o dia 19, quando participarão de uma reunião final com técnicos da Secretaria de Defesa Agropecuária, em Brasília. O cronograma da missão prevê visitas aos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rondônia, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Depois da reunião final, os europeus elaborarão um relatório sobre a visita. A torcida do governo brasileiro é para que os europeus mantenham as importações de carne bovina, apesar da forte pressão exercida por pecuaristas irlandeses, que pedem a suspensão das importações do produto nacional.
Desde 2005, a carne produzida em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná é barrada na UE por causa dos focos de febre aftosa diagnosticados naquele ano. A União Européia é o principal mercado para a carne brasileira. Em 2006, o País exportou US$ 1 bilhão para o bloco.
O Estado de São Paulo