Os institutos de meteorologia fecharam questão: a estiagem termina hoje no Rio. Dados do Alerta Rio, órgão da prefeitura, revelam que a seca é, até agora, recorde no bimestre setembro-outubro desde 1997, quando o índice pluviométrico passou a ser monitorado pelo município. No Jardim Botânico, onde normalmente chove muito, a estação mediu apenas 6,6 milímetros no período, quase um décimo da menor marca anterior, de 54,1 milímetros, registrada em 2004. Os meteorologistas dizem que pode chover forte hoje, a partir do fim do dia. Para o meteorologista André Madeira, do Climatempo, a frente fria que chega ao Rio hoje deve enfraquecer a massa de ar seco que permaneceu sobre o estado nos últimos dois meses. “A estiagem é comum nesta época do ano, mas não com tanta intensidade. Ainda não se sabe o que provocou a permanência da massa de ar seco por tanto tempo sobre o Sudeste”.
Mas, a partir de amanhã (hoje), isso tende a mudar. Até pelo menos sexta-feira, a previsão é de dias nublados com chuva. E, na próxima terça, esperamos outra frente fria. Pode chover até 50 milímetros neste período.
Estado prepara plano de combate a queimadas
Os efeitos da seca na capital foram mais brandos que os observados no resto do estado.
Alguns municípios fluminenses sofrem com queimadas de matas, problemas de abastecimento de água e perdas na agricultura.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o último bimestre registrou 120 dos 177 focos de queimadas deste ano. Não está computado o incêndio que começou anteontem no Parque da Serra da Concórdia, em Valença, que devastou cerca de 110 hectares de mata nativa e pasto, segundo informações do Instituto Estadual de Florestas.
“O número de focos de queimadas deste ano pode aumentar significativamente, já que o valor disponível até o momento necessita de correção.
Deve superar o de 2006 (317 focos)”, disse o pesquisador do Inpe Alberto Setzer.
Já foram atingidas as seguintes unidades de conservação: Parque Nacional de Itatiaia, APA do Frade, Reserva Biológica de Poço das Antas, Parque Estadual do Desengano, Reserva Biológica do Tinguá, APA da Serra da Mantiqueira e APA de Maricá.
O secretário do Ambiente, Carlos Minc, informou que, até o fim do ano, o governo terá um plano de ação de combate às queimadas. Segundo ele, o estado nunca teve um plano consistente, e as ações até o momento foram emergenciais. “O governo prepara decretoslei com normas rígidas para coibir queimadas para pasto e visando à agricultura em unidades de conservação, além da retirada de vegetação à beira de estrada com fogo”.
Os problemas com abastecimento decorrentes da seca levaram a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) e a Secretaria estadual do Ambiente a interditar a captação de cervejaria Schincariol e da Itograss, que utilizam a água de rios da Bacia do Macacu. A cervejaria capta 127 litros por segundo nos afluentes Gato, Mariquita e Manoel Alexandre. Durante a estiagem, vai utilizar o seu reservatório.
Já a Itograss, que irriga a sua produção de grama durante oito horas por dia, se comprometeu a reduzir o uso da água para três horas diárias. Segundo a Serla, a medida não prejudicará as empresas. Caso a estiagem termine, a captação voltará ao normal.
A estiagem, associada a captações irregulares, comprometeu o abastecimento do sistema Imunana-Laranjal, responsável pelo fornecimento de água para os municípios de Niterói e São Gonçalo. Seguindo resolução de Minc, as demais empresas legalizadas na Serla devem reduzir em cerca de 40% suas captações de água na Bacia do Rio Macacu.
O Globo