Agricultores aliviam apagão da madeira

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O temido apagão no mercado de madeira já não é mais um risco iminente, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Cesar Augusto dos Reis. “O alerta foi dado porque a área plantada não acompanhava o avanço da indústria. Havia um grande descompasso. Hoje o risco de apagão praticamente não existe mais”, garante.


 


A solução veio com o aumento do plantio em áreas da indústria e, principalmente, em áreas de terceiros, estimulado por programas de fomento do setor privado, alimentados pela expansão do mercado consumidor e em parte financiados por programas como o Pronaf Florestal e o Propflora.


 


Segundo o último relatório anual da Abraf, de 2006, o Brasil tem um total de 5.373.417 hectares de floresta plantada, 130 mil hectares a mais do que havia em 2005. Dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) mostram que os plantios de floresta em 2006, somando áreas de reforma e expansão, chegou a 627 mil hectares, dos quais 25% – ou 157 mil hectares – em pequenas e médias propriedades.


 


“O objetivo dos programas de fomento é injetar recursos na comunidade, repartindo benefícios e promovendo a fixação do homem no campo”, ressalta Reis.


 


Para os que decidiram investir no setor, a floresta serve como uma poupança verde. A madeira de eucalipto e pinus atende a três segmentos: de celulose e papel, de painéis de madeira e o de carvão. O tempo necessário para o primeiro corte varia de um tipo de destinação para outro, indo de um mínimo de 6 (para painéis de madeira e carvão) até o máximo de 12 anos (para madeira serrada).


 


 


MENOS VERTICALIZAÇÃO


 


Reis afirma que a orientação da indústria é reduzir a verticalização – neste caso, as áreas de plantio da própria indústria -, porém sem abrir mão das reservas estratégicas de matéria-prima, o que abre um vasto campo de investimento para terceiros.


 


“Nos novos empreendimentos – são três neste momento, no Sul do País, que envolvem a Votorantim CP, a sueca Stora Enso e a Aracruz – , as empresas terão de instalar novas áreas. Mas quem já tem suas reservas está seguindo a orientação de buscar a matéria-prima de terceiros”, explica.


 


A experiência de fomento está sendo feita por praticamente todas as empresas e é avaliada como francamente positiva. “A meta é ultrapassar 20% da área total de plantio. Hoje pouco mais de 10% vem de terceiros. Esperamos conseguir isso em oito anos”, afirma. Isso significa que o setor continuará sendo bastante lucrativo nos próximos oito anos, pelo menos. “O preço da madeira está subindo e vai continuar assim por um bom tempo ainda. O ponto de equilíbrio ainda está longe”, avalia Reis.


 


 


CONSÓRCIO


 


Os programas de fomento invariavelmente indicam a floresta como alternativa de diversificação para quem se dedica a culturas anuais ou é agricultor familiar. Foram desenvolvidas tecnologias que tornam viável o consórcio com, por exemplo, milho e girassol, com pecuária de corte e leite, o mais eficiente deles, e ainda com lavouras de subsistência.


 


No noroeste de Minas Gerais, mais de 400 produtores aderiram ao cultivo de eucaliptos, apoiados por um grupo gestor liderado pelo Sebrae do Estado, que atua em nove municípios, e fomentado pela Votorantim Metais.


 


“São todos pequenos produtores, que se dedicam principalmente à criação de gado leiteiro. Eles plantam as árvores, por enquanto, para suprir necessidades da fazenda de madeira e carvão”, explica a gestora da iniciativa, Vânia Guimarães.


 


O Estado de São Paulo

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