A bem-sucedida campanha da Petrobras nas águas ultraprofundas da Bacia de Santos elevou as apostas sobre o potencial da região. Com índice de acerto de 100% na busca por jazidas abaixo de uma extensa camada de sal no subsolo, já há quem veja uma nova província exploratória com capacidade para, ao menos, duplicar as reservas brasileiras. A empresa de pesquisa geológica HRT, por exemplo, joga suas fichas na existência de até 20 bilhões de barris na área, o equivalente a 140% das reservas atuais.
“Aquela região ainda vai dar muitas boas notícias”, diz o presidente da HRT, Márcio Mello, que trabalha no mapeamento do subsolo da região. Em 2000, a US Geological Survey (USGS), órgão do governo americano, já apontava números semelhantes: em uma pesquisa feita com base em modelos probabilísticos, a USGS situou na casa dos 23 bilhões de barris o volume provável de reservas não descobertas em Santos.
“Prefiro não apostar em um número, mas o potencial da área é realmente grande”, afirma o professor da Universidade Federal do Rio (UFRJ), Giuseppe Bacoccoli, geólogo com larga experiência na área de exploração e produção da Petrobras. A cautela é compartilhada por executivos do setor. “Sempre esperamos encontrar supercampos de petróleo, mas só podemos confirmar isso após a perfuração de poços”, disse recentemente o diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella.
Até agora, porém, os resultados são animadores. A Petrobras perfurou quatro poços buscando objetivos abaixo da camada de sal e encontrou petróleo nos quatro – dois em Tupi (no bloco BM-S-11), um no BM-S-9, que está sendo chamado pelos sócios de Carioca; e o terceiro no BM-S-10, ainda não batizado. A excitação em torno dos projetos é motivada pela perspectiva de abertura de uma nova fronteira petrolífera no País, 5 mil metros abaixo do fundo do mar.
Quinta-feira, a companhia anunciou bons resultados no segundo poço de Tupi, que confirmou a extensão do reservatório encontrado em julho de 2006 por uma área de 10 quilômetros de extensão – considerada acima do comum por geólogos consultados pelo Estado. No que depender do entusiasmo dos sócios da estatal, o projeto tem futuro: a britânica BG lista Tupi entre suas apostas para os próximos anos e já chegou a falar em reservas entre 2 bilhões e 3 bilhões de barris.
Agência Estado