
A entrada no mercado da nova safra de robusta do Vietnã e o início do verão no Brasil – que aumenta a expectativa dos operadores de um volume maior de chuvas sobre os cafezais brasileiros – derrubaram com força as cotações dos contratos de café em Nova York e Londres na semana passada, praticamente paralisando os negócios no mercado físico brasileiro, informa o Boletim Carvalhaes, em análise semanal publicada na sexta (19).
Segundo o informativo, ainda que o Brasil tenha exportado 9,8 milhões de sacas a menos (21%) que no mesmo período de 2024 devido à falta de estoques e à quebra na produção, os armazéns ainda não estão cheios. “Os cafeicultores acompanham de perto o estado de seus cafezais e o volume das chuvas que caíram ao longo de 2025. Sabem que não terão safra recorde em 2026”, diz o boletim. “Com o recuo das cotações em Nova York e Londres na semana passada, [eles] já deram por encerradas suas vendas em 2025. Vão aguardar o novo ano fiscal e uma melhor definição do quadro climático.”
Ainda de acordo com o informativo, os fundamentos do mercado de café permanecem os mesmos: as incertezas climáticas seguem afetando a produção de café no Brasil e nos demais principais países produtores e os baixos estoques globais – com é o caso do Brasil, sem estoques remanescentes e tendo colhido em 2025 uma safra menor do que a inicialmente projetada.
Além desse quadro, analisa o informe, as regiões produtoras de café brasileiras já sofreram, em 2025, com diversos problemas climáticos, diminuindo as expectativas com o volume da produção de café em 2026.
Em matéria publicada na sexta (19), informa ainda o Boletim Carvalhaes, a agência Reuters informou que as tarifas de importação generalizadas impostas por Trump, que incluíam os principais produtores de café, como o Brasil, aumentaram o preço do café em grão. Mas os custos adicionais ainda estão, em sua maioria, sendo ‘filtrados’ pelas cadeias de suprimentos, e ainda não chegaram aos consumidores, de acordo com corretores, comerciantes e especialistas do setor. Em outras palavras, os altos preços do café no varejo dos EUA foram impulsionados principalmente pela escassez de oferta de café em grão do ano passado, que estimulou a duplicação dos preços do grão cru nos 12 meses até março.
Contratos de arábica
Os contratos de arábica na ICE Future US em Nova York trabalharam parte da sexta-feira (19) em alta, mas acabaram fechando o dia em queda moderada. Em Londres, os de robusta, na ICE Europe, trabalharam em alta grande parte do pregão. Encerraram o dia em com pequena alta no mês presente e pequenas quedas nos demais vencimentos.
Na ICE Futures US, os contratos para março próximo oscilaram 855 pontos entre a máxima e a mínima, batendo, na máxima do dia, US$ 3,4855 por libra-peso, em alta de 345 pontos. Os contratos fecharam o dia valendo US$ 3,4065 por libra-peso, em queda de 445 pontos (1,29%). Na quinta (18), caíram 230 pontos (0,66%) e na quarta (17), 470 pontos (1,33%). Na terça-feira (16) recuaram 820 pontos (2,28%), e na segunda-feira (15) perderam 900 pontos (2,44%).
Esses contratos somaram queda de 2.865 pontos (7,76%) na semana passada, e de 555 pontos (1,48%) na semana retrasada. Recuaram 635 pontos (1,67%) na semana anterior a ela. No último mês de novembro, somaram alta de 895 pontos (2,40%) e subiram, no mês de outubro, 1.330 pontos (3,71%).
Em 2025, até o fechamento de sexta-feira (19), estes contratos para dezembro próximo somam alta de 6.140 pontos, ou 22%.
Contratos de robusta
Na ICE Europe, os contratos de robusta para janeiro próximo bateram, nesta sexta (19), na máxima do dia – em US$ 3.830 por tonelada, alta de US$ 56. Fecharam o pregão a US$ 3.778, alta de US$ 4 (0,11%) por tonelada. Ontem, caíram US$ 25 (0,66%) e anteontem, US$ 136 (3,46%).
Na terça-feira (16), os contratos perderam US$ 107 (2,65%), e na segunda-feira (15), recuaram US$ 80 (1,94%). Esses contratos somaram queda na semana passada de US$ 344 (8,34%), e de US$ 173 (4,03%) na semana retrasada. Na semana anterior a ela recuaram US$ 270 dólares (5,91%).
Somaram alta em novembro de US$ 25 (0,55%), e subiram em outubro US$ 354 (8,46%) por tonelada. Na sexta (19), os estoques de café arábica certificados na ICE Futures US subiram 6.585 sacas. Estão em 439.257 sacas. Há um ano, eram de 981.565 sacas, caindo nesse período 542.308 sacas. Somaram alta, na semana passada, de 18.660 sacas. Tiveram queda na semana retrasada de 5.926 sacas, e alta na semana anterior a ela de 19.564 sacas.
Somaram queda em novembro de 24.769 sacas. Acumularam perdas em outubro de 138.209 sacas, e de 140.279 sacas em setembro. Em agosto, recuaram 60.425 sacas e, em julho 70.552 sacas. Em 2025, até sexta-feira (19), os estoques certificados pela ICE Futures US recuaram 55,18%, acumulando perdas de 540.710 sacas.
Contratos futuros em R$
Em reais por saca, os contratos para março próximo na ICE Futures US fecharam sexta (19) valendo R$ 2.491,88. Terminaram quinta (18) a R$ 2.521,70. Encerraram a sexta anterior (12) a R$ 2.643,33 e a sexta anterior a ela (5) a R$ 2.693,96.
Mercado físico brasileiro
No mercado físico brasileiro, a sexta (19) foi mais um dia calmo, diz o informativo, com as bases de preços dos compradores praticamente estáveis em relação à quinta (18).
O mercado físico apresentou-se praticamente paralisado por toda a semana passada. Os produtores não mostram disposição de venda nas bases oferecidas pelos compradores. Há grande interesse comprador para todos os padrões de café.
Embarques
Até dia 18, os embarques de dezembro estavam em 1.473.871 sacas de café arábica, 108.091 sacas de café conilon e 103.134 sacas de café solúvel, totalizando 1.685.096 sacas embarcadas contra 1.798.331 sacas no mesmo dia de novembro.
Emissão de certificados de origem
Até dia 18, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 2.360.087 sacas, contra 2.246.063 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Contratos futuros
A bolsa de Nova York – ICE, do fechamento da sexta retrasada (12) até o fechamento da sexta passada (19), caiu, nos contratos para entrega em março próximo, 2.865 pontos ou US$ 37,90 (R$ 209,58) por saca.
Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 12 a R$ 2.643,33 por saca, e na sexta (19), a R$ 2.491,88. Na sexta (19), nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova York fechou em baixa de 445 pontos.
Escritório Carvalhaes

