Simpósio debate pragas na fruticultura em Salvador

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O III Simpósio Internacional de Fruticultura (Sinfrut 2015), realizado na semana passada em Salvador, trouxe à discussão as pragas quarentenárias e o melhoramento preventivo. Apesar de ser considerado um estado com uma boa defesa fitossanitária, o tema interessa à Bahia, um dos estados de maior relevância na produção e exportação de frutas.

São consideradas pragas quarentenárias aquelas que ainda não chegaram a uma região e podem ser de dois tipos: ausentes (que ainda não estão em território nacional) e presentes (que estão em outras regiões do país). O desenvolvimento de variedades de plantas resistentes tem sido uma das estratégias mais eficazes para lidar com essas ameaças.

O fitopatologista e coordenador do portfólio de Sanidade Vegetal da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Francisco Laranjeira, ressalta a importância da integração de toda cadeia nesse trabalho de prevenção. Um exemplo citado por ele é o trabalho conjunto da Embrapa com a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), na geração de estratégias de amostragem para detectar as pragas. Outra parceria frequente se dá com os fruticultores, que ajudam a nortear os temas das pesquisas da unidade.

Uma das que estão em curso, na Embrapa, visa evitar que o HLB dos citros chegue até a citricultura da Bahia, segunda maior produtora. Transmitida por um inseto, a praga surgiu no Brasil em 2004, sendo responsável pela erradicação de diversas plantas em São Paulo. A estimativa é de que, se chegasse à Bahia, causaria um prejuízo de R$ 2 bilhões em 20 anos.

Laranjeira conta que a unidade vem realizando pesquisas para aprimorar a detecção, o controle biológico e para desenvolver variedades resistentes ao HLB. O mesmo trabalho é realizado para prevenir ameaças em outras culturas.

“A Bahia produz abacaxi, maracujá, banana, manga, coco. Cada uma dessas culturas tem o seu próprio problema. Se você pensar que podem chegar aqui pragas que tirem da Bahia a condição de grande produtor de frutas, então esse problema é seríssimo”, diz Laranjeira.

Vigilância

Apesar dos esforços em prevenir a propagação de pragas na fruticultura baiana, alguns fatores ainda limitam o sucesso desse trabalho. Um deles é a deficiência na oferta de assistência técnica aos produtores, o que seria importante para difundir tecnologias e técnicas adequadas de manejo das plantas. Mas o principal inimigo do combate a essas ameaças tem sido a produção de mudas a céu aberto. “Muitas dessas pragas circulam através das mudas. Uma das estratégias importantes é a produção delas em ambientes fechados”, diz a coordenadora do Projeto Fitossanitário dos Citros da Adab, Suely Brito.

A produção de mudas protegidas ainda é cara para os pequenos agricultores. Uma possível saída, segundo Brito, seria o associativismo. “Precisamos de uma ampla campanha com o setor produtivo. No entanto, já é possível perceber uma mudança de pensamento do produtor, que começa a valorizar as mudas protegidas”, diz Suely Brito.

 

 

Jornal A Tarde

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