O paper pot é uma tecnologia de plantio que tem apresentado resultados significativos, especialmente em culturas sensíveis às variações climáticas e ambientais como o mamão. Uma das principais vantagens é o plantio de mudas sem retirada da embalagem, o que minimiza riscos de lesões nas raízes e o aparecimento de doenças causadas por fungos, como a Phytophthora.
No caso da Amanda Pessotti Bianchini, engenheira agrônoma responsável técnico pela propriedade da família no distrito de Jacupemba, município de Aracruz/ES, o uso do paper pot foi uma descoberta importante. O método ajudou a evitar erros comuns, como cortar ou puxar a muda de forma incorreta, o que acontece, muitas vezes, em outros métodos, e pode prejudicar o desenvolvimento da planta.
Amanda conta que a família buscou o paper na intenção de não lesionar, ou, lesionar o mínimo possível a muda na hora do plantio. Outro ganho foi o prazo: em apenas dois dias foram plantados 23 hectares das espécies formosa e aliança.
“Quando você planta de sacolinha é preciso cortá-la para retirar a muda. Nesse corte são grandes as chances de lesionar as raízes. Quando você planta no tubete, por mais cuidado que se tenha, ao bater para retirada da muda e puxá-la para colocar no solo é grande o risco de sair somente a muda, sem o substrato. O paper pot elimina esses riscos. Até o formato em que o paper vem organizado na bandeja facilita a retirada para quem planta”, explicou.
Ronan Venturini, engenheiro agrônomo e responsável técnico do Viveiro Nova Floresta, que fornece as mudas para a propriedade da família da Amanda, explica que no paper pot não há injúrias ao sistema radicular das mudas.
“Ao ser feito o transplantio as raízes prontamente estarão se desenvolvendo, sem porta de entrada para doenças. Os benefícios logísticos também são evidentes, por não haver necessidade de retorno de nenhum tipo de material ao viveiro. Outro ponto importante é que eliminamos por completo o risco de ter nematoide nas mudas”, frisou o responsável técnico do viveiro.
Combate à Phytophthora
A experiência também mostrou na propriedade da engenheira agrônoma, que, ao usar o paper pot, a incidência de plantas mortas em decorrência da podridão radicular, a Phytophthora, foi muito baixa.
“Na primeira área de 15 hectares, em abril do ano passado, perdemos uma muda por Phytophthora. Na área nova, de 23 hectares, plantada no fim de março, passamos por semanas chuvosas, com dias seguidos de 15, 30 milímetros de chuva, e noites extremamente úmidas, mesmo assim, encontramos somente seis mudas mortas”, informou Amanda Bianchini.
Outro ponto importante é que o paper pot facilita o plantio de mudas mais jovens e resistentes, permitindo também um melhor controle de irrigação, fertilização e tratamentos fitossanitários desde o início. Isso resulta em plantas mais saudáveis e resistentes, o que é fundamental para combater pragas e doenças, especialmente em condições de chuva intensa, como as que eles enfrentaram.
No quesito controle de outras pragas a engenheira também viu diferença. “Com o paper você consegue plantar uma muda muito mais jovem. Aqui a gente já começa, obviamente, em doses adequadas e com cautela, a fazer o tratamento do enraizamento, nutricional, além de químico e biológico desde o plantio. Então, isso vai melhorar a formação da planta no geral, e uma planta saudável vai ser resistente a outros problemas. É onde eu vejo a interferência”, comentou.
Outro ponto observado foi a redução do tempo de sexagem. “No novo plantio, na área de formosa, a primeira flor apareceu com 55 dias e começamos a sexagem com 60, uma diferença de quase 40 dias para o fruto se formar”, disse a engenheiro agrônoma.
Agora, a intenção é estudar o uso do paper pot para o café. “Hoje há uma preocupação muito maior com doenças do solo e proteger a raiz se torna um ponto de atenção para evitar mortes futuras. Então, entre outras técnicas que precisam ser agregadas ao plantio, eu imagino que o paper pot vai ganhar muito espaço nesse sentido”, concluiu.
Tecnologia do paper pot
O paper pot comercializado pelo Viveiro Nova Floresta é feito com papel com certificação internacional Forest Stewardship Council (FSC®), 100% biodegradável e compostável. As mudas cultivadas apresentam melhor desenvolvimento radicular, maior taxa de sobrevivência e menor tempo de adaptação ao solo. Além disso, o sistema é mecanizado, o que otimiza a produção e reduz a necessidade de mão de obra.
“O mercado de mudas no paper pot está em franca expansão, um sinal do quão benéfico o sistema é. A pauta sustentabilidade tem se tornado cada vez mais uma exigência do consumidor, isso faz com que a cadeia produtiva como um todo – indústria, viveiristas e produtores -, invistam mais em tecnologia, colaborando, desta forma, com os constantes aprimoramentos que resultam em aumentos de produtividade”, concluiu o engenheiro agrônomo, Ronan Venturini.
Até o momento, já foram comercializados mais de 5 milhões de mudas de mamão, informou o responsável pela produção, João Batista Favalessa. “A procura pelo paper é grande. Para atender essa demanda ampliamos o viveiro com uma nova estufa e novo sistema de irrigação, e adquirimos mais uma máquina com capacidade de fabricar o dobro. Atendemos no viveiro produtores e viveirista de todo o Espírito Santo e, também, da Bahia”, comentou.
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