Entramos agora na fase da colheita de um dos produtos mais importantes da agricultura brasileira: o café. O Brasil é o maior produtor de café do mundo exportando mais de 35,15 milhões de sacas por ano. Em segundo lugar vem o Vietnã, exportando 29,48 milhões.
Os estados que mais produzem café são Minas Gerais e Espírito Santo, respectivamente.
Para Minas Gerais, café é o símbolo da agricultura. Em 2018, os cafeicultores mineiros colheram cerca de 33 milhões de sacas. Os cafés de Minas Gerais se distinguem pela diversidade de sabor e aroma, devido, principalmente, às variações de clima, à altitude e aos sistemas de produção. As diferentes características permitem conquistar os mais diversos clientes do mercado nacional e mundial. Além disso, a atividade é fonte de emprego e renda para milhares de agricultores familiares e trabalhadores rurais. Estima-se que a cadeia produtiva do café gere 3 milhões de empregos diretos e indiretos no Estado.
No Espírito Santo, a cafeicultura é a principal atividade agrícola sendo o 2º maior produtor brasileiro de café e responsável por 22% da produção do país. O setor gera em torno de 400 mil empregos diretos e indiretos e está presente em 60 mil das 90 mil propriedades agrícolas do Estado.
A colheita do café se inicia no final de abril e vai até maio e junho, com pico no último mês.
E como fica esse processo de trabalho com seu início no pico da pandemia do novo coronavirus no Brasil? Para os pesquisadores, medidas devem ser tomadas para a prevenção da saúde do trabalhador, assim como o cuidado com a colheita.
Recomendações para colheita
Por ser um setor tão importante para o Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) fornece algumas recomendações aos produtores assistidos pela instituição para uma colheita de qualidade.
A primeira delas é iniciá-la, preferencialmente, em maio. Isso vai permitir que o café chegue ao ponto de maturação que resulte em melhor rendimento e produtividade sendo mais adequado para obtenção de qualidade superior. Isso porque após a florada das lavouras, em 2019, os fatores climáticos foram favoráveis à cultura do café, com chuvas regulares e temperaturas mais amenas. Isso está proporcionando um melhor desenvolvimento das plantas com relação ao enchimento e granação dos frutos.
Obedecendo ao período propício para melhor colheita, deve-se observar os grãos. O café deverá ser colhido quando o talhão apresentar menos de 20% dos grãos verdes, contribuindo, assim, para a obtenção de melhor rendimento e um café de melhor qualidade. O incaper recomenda que, sempre que possível, realizar a colheita por clone, iniciando pelos mais precoces, seguido dos intermediários e, por último, os tardios.
Para o pesquisador Gladyston Carvalho, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a tendência de 2020 é que a colheita seja preferencialmente mecanizada devido à pandemia. “Tem uma intenção maior de colocar máquina, tanto a que colhe o café da planta como a que recolhe o café do chão, em função do coronavirus. Mas em algumas áreas isso não é possível como as montanhosas. Nessas áreas a preocupação é grande porque tem que seguir as recomendações de distanciamento, uso de máscaras, luvas, higienizar o transporte dos trabalhadores”, informou o pesquisador.
Segurança na colheita
O Coordenador Estadual de Pesquisa do Programa Café do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR – IAPAR-EMATER), Gustavo Hiroshi Sera, afirma que o processo de colheita pode ser manual ou mecânica. No entanto, as medidas de segurança para prevenção do Covid-19 deve ocorrer em maior escala na colheita manual, por contar com maior número de pessoas. Para esse processo, os produtores devem observar a distância mínima recomendada pela OMS, de 1 metro, além de uso de luvas e máscaras.
Contudo, após a colheita existem outros processos como lavar, descascar e desmucilar o café. Esses processos podem envolver diversas pessoas e nessa fase também é preciso observar as recomendações. Para Gustavo, é importante observar os cuidados para a prevenção do Covid-19 em todas as fases. “ Além de lavar, descascar e desmucilar o café, é necessário a secagem em terreiro ou secadores. Tanto no processamento do café quanto na secagem é possível que as pessoas mantenham uma certa distância. Outras medidas podem ser adotadas como o uso de máscaras e a disponibilização de álcool”, informa o pesquisador.
Além disso, o Incaper recomenda que os trabalhadores não compartilhem equipamentos e ferramentas de colheita e higienizem máquinas e equipamentos de colheita sempre que forem realizadas trocas de operadores.
Para Antônio Machado, presidente do Conselho Nacional das Entidades Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa), apesar da crise causada pelo novo coronavirus, o clima foi propício para uma colheita com qualidade e adaptações precisam ser feitas para não prejudicar nem o produtor e nem os trabalhadores. “A nossa expectativa com essa colheita é grande, teremos grãos de muita qualidade e o Incaper está orientando os produtores como proceder de forma a proteger os trabalhadores rurais, manter a qualidade do café e prevenir a o Covid-19”, informou o presidente.
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