O projeto Caminhos do Conilon surgiu com o objetivo de difundir informações sobre a cultura dessa variedade no Espírito Santo. Neste ano, o tema abordado será a produção de cafés especiais em nosso estado que tem crescido nos últimos anos. Ao longo das próximas semanas, você vai acompanhar exemplos de produtores que mudaram a forma de produzir café, com o auxílio de cooperativas ou por iniciativa própria, e os resultados alcançados.
Confira:
17/05 – Colheita eficiente do café reduz custos na lavoura e agrega valor ao produto
A colheita do café, que normalmente é realizada no período de maio a setembro, constitui despesa expressiva para o cafeicultor e pode representar cerca de 30 a 40% do custo de produção em decorrência da demanda elevada de mão de obra, especialmente em regiões montanhosas com restrições para mecanização. Nesse contexto, é imprescindível que as atividades relacionadas à colheita sejam planejadas para reduzir seu custo e permitir que o café colhido atinja o máximo do seu potencial de qualidade, tendo assim maior valor agregado e mais opções de comercialização.
Para realizar a colheita com mais eficiência, é recomendável a adoção das seguintes boas práticas agrícolas e de gestão: verificar instalações, equipamentos, materiais e pessoal necessários para a colheita; manter as plantas daninhas controladas sob as copas dos cafeeiros, facilitando a colocação dos panos de colheita, se for o caso; programar o início da colheita dos talhões com maturação dos frutos mais precoces, e depois colher os frutos médios e tardios; vistoriar a colheita para impedir excessos no arranquio de folhas, quebra de ramos e permanência de frutos na planta; transportar no mesmo dia o café colhido para o processamento e/ou secagem, evitando amontoar ou deixar o café secar na lavoura; e efetuar o repasse, recolhendo frutos que ficaram na planta ou no chão após a colheita, evitando o desenvolvimento da broca-do-café na lavoura e sua futura infestação.
Com relação especificamente a qualidade do café, deve-se considerar que a colheita de frutos maduros é um fator que determina o potencial de qualidade, pois os grãos com desenvolvimento pleno contêm mais sólidos solúveis e açúcares que agregam atributos sensoriais positivos à bebida. Estas características são favoráveis para que, durante o processo de torra dos grãos, ocorram reações físico-químicas necessárias para a obtenção de características desejáveis de aroma, sabor, acidez, corpo e doçura. Nesse sentido, é desejável realizar a colheita com o máximo de frutos maduros.
Dessa forma, deve-se minimizar a colheita de frutos verdes e de frutos que ultrapassaram o ponto de maturação ideal, apresentando aspecto passa com sinais de senescência, pois os frutos verdes pesam menos e produzem defeitos que depreciam a bebida; e os frutos passas são mais sujeitos à ação de microrganismos responsáveis pelas fermentações, com produção de álcoois e ácidos que podem interferir de forma negativa na qualidade caso estas fermentações ocorram de forma incontrolável e prolongada.
As operações de colheita são executadas de acordo com a mecanização adotada – ou a ausência de mecanização – na lavoura cafeeira. Quando não há mecanização da colheita, a derriça do café é feita manualmente. Nesse caso, os custos são mais elevados e, em algumas regiões, podem inviabilizar tal sistema de produção. A colheita é considerada mecanizada quando são utilizadas colhedoras automotrizes e tracionadas, as quais reduzem significativamente o custo com mão de obra. No entanto, essa opção exige investimento significativo do cafeicultor e não pode ser utilizada em lavouras com topografia muito inclinada, especialmente em regiões montanhosas.
Existem opções de colheitas semimecanizadas que envolvem principalmente a adoção de derriçadoras motorizadas portáteis costais que podem ser utilizadas inclusive em áreas montanhosas; e, também, máquinas recolhedoras e trilhadoras do café que são adotadas conforme a condução do sistema de poda e de renovação da lavoura, cujos ramos podados contendo frutos são introduzidos nessas máquinas, as quais promovem a separação desses frutos.
Embrapa Café
10/05 – Déficit global de café atinge 254 mil sacas em 2017, diz OIC
A Organização Internacional do Café (OIC) considera que o mundo deve ter em 2017 pelo menos o quarto ano consecutivo de produção do grão menor do que a demanda. O déficit global no ano passado está estimado em 254 mil sacas de 60 kg (produção de 159,663 milhões de sacas e consumo de 159,917 milhões de sacas).
Nos últimos quatro anos, o pior déficit ocorreu em 2015 (3,605 milhões de sacas), com produção de 152,107 milhões de sacas e consumo de 155,712 milhões de sacas. Em 2016, o déficit foi de 164 mil sacas (produção de 157,694 milhões de sacas e consumo de 157,858 milhões de sacas).
Em contrapartida, o estoque certificado de café na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) registrou em abril passado o nível mais alto dos últimos 12 meses. O volume alcançou 2,26 milhões de sacas, em comparação com 1,58 milhão de sacas em abril de 2017. Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), entretanto, o estoque certificado de robusta em abril de 2018 bateu o nível o mais baixo em 12 meses, atingindo 1,32 milhão de sacas ante 2,87 milhões de sacas em abril do ano passado.
Conforme a OIC, as exportações mundiais de café totalizaram 10,81 milhões de sacas em março de 2018, em comparação com 10,91 milhões em março de 2017, pressionadas “pela redução dos embarques de arábica, particularmente dos Suaves Colombianos”. As exportações nos primeiros seis meses do ano cafeeiro de 2017/18 (outubro a março) caíram 0,6%, para 59,96 milhões de sacas, em comparação com o mesmo período do ano cafeeiro anterior.
Agência Estado
03/05 – Exportação do café tem expectativa de alta no Brasil
Entre abril de 2017 e março de 2018, a exportação do café brasileiro atingiu o número de 30,58 milhões de sacas e conseguiu arrecadar o total de US$ 5,050 bilhões de receita cambial ao preço médio de US$ 165,07 a saca de 60 kg. Só no mês de março deste ano, 2,52 milhões de sacas foram exportadas com receita cambial de US$ 396,2 milhões.
Se comparado com o primeiro trimestre do ano passado, o volume de exportação apresentou uma pequena queda de 4,1%, de acordo com o Relatório Mensal de março 2018, do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé.
Do total exportado, 27,14 milhões de sacas eram de café verde (26,79 milhões de café arábica e 345,32 mil de café robusta) e 3,44 milhões de café industrializado (3,42 milhões de café solúvel e 21,33 mil de café torrado e moído).
Aumento do café conilon
O café conilon foi um dos que tiveram um pequeno crescimento em suas exportações, segundo Nelson Carvalhares, presidente do Cecafé. Isso foi devido ao volume de chuva que ajudou a favorecer a lavoura de café, impactando nas exportações.
Segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, a próxima safra deve ter um resultado bastante semelhante à safra anterior. A chuva colaborou durante os últimos meses e agora na época da colheita e secagem dos grãos não deve ter tanta água, favorecendo o processo de colheita e beneficiamento.
Climatempo/Terra
26/04 – Em família, cafeicultores de Pinheiros investem na identidade para agregar valor à produção de café
Em Pinheiros, no norte capixaba, a família Orletti investiu na produção de qualidade e na criação de uma marca para identificar o café produzido na propriedade, que tem mais de mil hectares. A família também cultiva mamão, mas tem o café como principal cultura. Por ano, são colhidas mais de 100 mil sacas de café e parte dessa produção vem da cultivar criada pelo grupo.
“Este é o terceiro ano de colheita da nova planta. O aproveitamento e volume de massa são expressivos. Essa variedade foi identificada em nossas pesquisas como superior ao conilon, em alguns aspectos. Nós estamos avançando com o plantio dela e temos mudado um pouco a didática de produzir café”, contou o produtor, Thiago Orletti.
Na propriedade, parte dos grãos ainda é secado de forma convencional para atender a nichos diferentes de mercado. A colheita na propriedade é semimecanizada, processo em que o café retirado dos pés passa por máquinas onde é feita a lavagem e a separação dos diferentes tipos de grãos. Mesmo com a maior parte do processo mecanizado, o grupo estuda formas mais eficientes de distribuir os pés de café para que futuramente a lavoura suporte a entrada de máquinas mais pesadas, que fará a colheita de forma integral.
“Nós estamos tentando junto às fabricantes, estruturar plantios que proporcione a máquina de colheita fazer esse trabalho. O planejamento é pensando que um dia vai haver a mecanização e o produtor tem de estar pronto para receber essas tecnologias. Acredito que muita coisa vai mudar no mercado de café conilon”, diz Thiago.
Segundo Thiago, as mudanças na forma de produzir e os investimentos realizados na propriedade foi o que chamou atenção das indústrias para o grão produzido por eles. Foi de olho nessas oportunidades de mercado que a família investiu na identidade da marca e hoje se consolida como detentora do maior plantio de café do Espírito Santo.
“Como nós fomos mantemos contato com a indústria, que acompanhou de perto toda essa mudança e vendo nosso empenho em produzir com qualidade, foram surgindo as oportunidades comerciais. Quando percebemos essa aproximação, nós entramos no mercado como pessoa jurídica e a nossa marca. O mercado de café de qualidade tem uma trajetória a ser cumprida e estamos apenas iniciando uma longa etapa”, enfatiza o produtor.
19-04 – Projeto Conilon Descascado da Coopeavi busca posicionamento de mercado para cafés especiais
Além de incentivar a produção de grãos de qualidade, a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi) busca as oportunidades de mercado para o setor. O programa ‘Conilon Descascado’ foi criado em 2010 e tem gerado bons resultados para a entidade e para os produtores que investem na qualidade do grão.
“O programa é voltado para a área do conilon descascado e tem como objetivo buscar mercado para esses cafés, que é um produto novo e precisa ganhar espaço no mercado. Nosso trabalho é mostrar para as indústrias a qualidade que existe nesse café. A gente bate de porta em porta e temos conseguido êxito, inclusive chegamos a exportar”, relata o gerente do negócio de café da Coopeavi, Giliarde Cardoso.
Além de vender o café para a indústria, a Coopeavi possui marcas próprias para comercializar cafés com qualidade superior. De acordo com Giliarde, nas próximas semanas, a cooperativa irá lançar uma edição especial de café 100% conilon com a marca Pronova, que também comercializa blends de conilon e arábica.
“Nós usamos o conilon para fazer blends, mas quando o lote se diferencia a gente produz o café 100% conilon, como o que vamos lançar em breve. É uma forma de posicionar o conilon lado a lado com o arábica e mostra que estamos falando apenas de café de qualidade, independente da variedade”, enfatiza.
12/04 – Cooperativa incentiva produção de grãos especiais com concurso há mais de 15 anos
Em 2003, a Cooabriel criou um concurso para incentivar a produção de cafés de qualidade entre os seus cooperados. O ‘Concurso Conilon de Excelência Cooabriel’, premia os produtores que se destacam na produção de café conilon de qualidade e que apresentem características especiais.
Um dos fundadores do concurso é o presidente da cooperativa, Antonio Joaquim Souza Neto. Segundo ele, logo no início poucos acreditavam que era possível produzir café de qualidade.
“Quando começamos a promover esse concurso, nós fomos motivo de chacota por muita gente que dizia que não existia conilon de qualidade. Hoje sentimos a valorização e o respeito de todos quando se fala em café conilon”, disse.
Antonio ainda relata que a qualidade dos grãos melhorou muito desde a criação do concurso. A produção de cafés de qualidade cresceu consideravelmente, deixando a competição ainda mais acirrada.
“Logo no início, ninguém se importava em produzir café de qualidade. O café que recebíamos tinha de 500 até mais de mil defeitos. Hoje a gente já recebe café com no máximo 40 defeitos. O concurso proporcionou uma mudança radical. Veio para melhorar e se tornou uma disputa. Muita gente está produzindo café de qualidade e quem ganha com isso é Brasil, que consome um produto de qualidade”, disse.
Na edição de 2017, o concurso premiou 20 lotes, sendo 10 da categoria cereja descascado e 10 da categoria natural. O vencedor da categoria cereja descascado foi o produtor Giovanni Venturim. O sítio em que sua lavoura está inserida tem cerca de 70 hectares, no município de São Domingos do Norte. O projeto é familiar. Ele toca a produção com o pai e seus irmãos, mas foi do espaço cultivado por Giovanni, com 18 hectares, que saiu o café vencedor.
O cafeicultor conta que o cultivo de conilon na propriedade é feito desde a década de 70, quando seu pai começou a plantar a variedade. A vontade de produzir grãos de qualidade sempre foi um dos objetivos da família, mas a mudança na lavoura para agregar valor ao que era produzido começou há pouco tempo.
“Meu pai sempre acreditou que o conilon podia ser mais. Que era uma questão de manejo, principalmente. Em 2007 fizemos um planejamento para produção de cafés finos, e começamos a refazer as lavouras. Em 2012 começamos a produzir cereja descascado, e de lá para cá a busca pela qualidade nunca mais parou”, conta.
A mudança nos métodos de produção refletiu no rendimento da colheita. Produzindo grãos de qualidade, a valorização do produto foi crescendo e o lucro possibilitou novos investimentos na lavoura. Além do retorno financeiro, o produtor conta que com a mudança no processo produtivo, ele e sua família passaram a consumir o próprio café.
“A primeira diferença que sentimos com a mudança, foi o rendimento da colheita. Os frutos maduros são mais pesados, e acabam rendendo mais depois de beneficiados. Outro ponto importante foi a valorização do produto. Apesar de ainda tímida, melhorou a remuneração e permitiu algum reinvestimento na lavoura e a satisfação pessoal de servir e tomar seu próprio café”, relata Giovanni.
No início do projeto, o produtor conta que não havia muitas perspectivas em relação ao mercado de cafés especiais. Com o tempo, o segmento se tornou uma realidade e a aceitação do consumidor vem crescendo cada vez mais.
“Hoje podemos afirmar que esse mercado existe, já que a aceitação desse café tem sido muito boa. Esse mercado está disposto a remunerar de maneira mais justa os produtores. Diversos projetos “100% conilon” tem surgido no Brasil, e tantos outros de blends finos feitos com arábicas e conilons especiais. O mercado de cafés especiais cresce algo entre 15% e 30% ao ano, e o que faz de um café especial, está muito claro, não é a espécie, mas o produtor”, afirma.
Confiar e fazer um trabalho bem feito, são alguns dos pontos mais importantes para que a produção de grãos especiais seja bem-sucedida. “O maior desafio é fazer as coisas no tempo certo, muitas vezes o contrário do que foi ensinado e praticado a vida toda, e acreditar que o resultado vai ser melhor”, ressalta o produtor.
05/04 – Em ano de reação da safra, produção de cafés especiais projeta crescimento no ES
Produzir lotes de cafés especiais requer cuidados e manejos específicos. Desde a escolha das mudas até o processo de secagem, todo cuidado é pouco para se obter grãos de qualidade superior. O mercado de especiais já é uma realidade para o café arábica e aos poucos o conilon vem conquistando o seu espaço no cenário nacional e internacional.
Os grãos especiais concentram uma quantidade maior de cafeína do que os produzidos de forma tradicional. A bebida adquire características únicas, como sabor e aroma marcantes. Os protocolos de qualidade estabelecidos por empresas e cooperativas do setor, tem auxiliado produtores no trabalho para atingir resultados melhores, o que resulta na valorização do produto.
Na Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel), o programa Conilon Eficiente dá apoio e assistência aos produtores interessados em mudar a forma de produzir café. Técnicos especialistas acompanham cada detalhe do processo para que o objetivo seja alcançado.
“É preciso fazer uma análise de solo, manter a planta bem nutrida e dar a ela apenas os nutrientes necessários e no tempo certo. Isso vai contribuir para a formação de grãos mais graúdos. No momento da colheita, é importante que o produtor se atente a maturação. O ideal é que tenha em torno de 90% de grãos maduros e quanto mais maduros eles estiverem, menos peso ele vai perder na secagem”, explica o gerente de armazéns da Cooabriel, José Carlos de Azevedo, que participa ativamente do programa de assistência aos produtores.
De acordo com Azevedo, cada etapa do processo é considerada importante, mas o que determina as características do café especial e difere da produção tradicional, é a forma de secagem dos grãos. “O que influencia muito na produção desse tipo de café, é o processamento final [secagem]. O café especial é secado num tempo maior e numa temperatura mais abaixo que a do modelo tradicional, no caso do fogo indireto. Isso contribui para que os grãos não percam peso, mantenham a uniformidade, preservando suas características”, explica.
O tempo de secagem na produção tradicional dura, em média, 12 horas, numa temperatura de 300 graus. A secagem dos grãos especiais é feita num ritmo mais lento e pode chegar a 24 horas, sob uma temperatura em torno dos 150 graus. O tempo prolongado da secagem contribui para que os grãos não sequem e percam água logo no início do processo.
Na indústria, o conilon é utilizado para a produção de café solúvel, blends com arábica e o café em capsulas. A demanda pelo café conilon especial ainda é pequena, mas as perspectivas para o futuro é de que haja aumento significativo no consumo. “Existe uma pesquisa que mostra o crescimento dos cafés especiais. O consumidor vai se acostumar a consumir café em grande escala e a indústria já está se planejando para a monodose – embalagens menores – que vai atender a juventude. O preparo da bebida terá mais praticidade, sem contar que o consumidor está mais exigente. Temos blends no mercado de 50% arábica e 50% conilon. Se abaixar a porcentagem do conilon, o público sente e com isso o produto acaba se desvalorizando”, diz Azevedo.
O gerente da Cooabriel disse ainda que para ampliar a participação de cafés especiais no mercado, é preciso ter consciência e melhorar ainda mais o processo produtivo. “Tem que melhorar cada dia mais. Essa é uma preocupação da cooperativa. A gente espera chegar num dia em que a maioria do café que sai de nossos armazéns seja o conilon com mais qualidade”.
O valor da saca de café conilon de qualidade superior é de 15 a 20% maior que do que o café tradicional podendo variar de acordo com cada mercado e comprador.