O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), iniciou tratativas com os executivos da Bolsa B3, em São Paulo, com o objetivo de solicitar estudos sobre a possibilidade da reabertura dos contratos de café Conilon no Mercado Futuro.
O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, encaminhou, na última quarta-feira (28), um ofício ao Conselho Nacional do Café (CNC) pedindo apoio para a consolidação deste projeto. “A solicitação está baseada na convicção de que o Estado possui expertise nas áreas produtivas e de qualidade na produção de café Conilon, mas ainda falta expertise de mercado”, justifica o secretário no ofício.
O gerente de agroecologia e produção vegetal da Seag, Marcus Magalhães, explicou a importância do pedido. “A reabertura dos contratos futuros do Café Conilon na Bolsa em São Paulo dará condição ao produtor de vislumbrar as tendências dos preços e, principalmente, ter a isonomia de tratamento e possibilidades mercadológicas já existentes na soja, no milho, no boi gordo e no café arábica. Não podemos deixar o nosso café Conilon fora dos mercados futuros. O que queremos dar aos produtores de café Conilon é a chance de acessar um mecanismo de proteção de preço utilizado globalmente”.
Magalhães acrescentou que após feita a solicitação à B3, a Seag buscou o apoio dos setores do mercado do café, tanto produtores quanto compradores, e, agora, será elaborado um plano de negócio junto à Bolsa B3 para mapear o potencial do negócio e estudar a viabilidade da reabertura dos contratos futuros.
As atividades agrícolas de uma forma geral apresentam características econômicas diferenciadas dos setores industrial e comercial — o alto risco econômico envolvido por conta da imprevisibilidade climática em regiões produtoras pode impactar as produções futuras e, por conseguinte, gerar volatilidade nos preços levando a comprometer a saúde financeira do produtor.
“O contrato futuro tem como objetivo ser uma ferramenta de gestão do risco de oscilação de preço. Abrir esse mercado dará ao produtor a possibilidade de enxergar o futuro do mercado, permitindo que ele se programe estrategicamente, realizando investimentos com mais segurança e tranquilidade”, acrescentou Marcus Magalhães.
O presidente da OCB-ES, Esthério Colnago, avaliou que a reabertura aos contratos futuros dará transparência ao mercado do Conilon. “Hoje o mercado se baseia na Bolsa de Londres e, com essa reabertura, passará ser na Bolsa de São Paulo. A principal vantagem é a transparência, pois todos saberão o preço e a disponibilidade do café no mercado. O Conilon tem produtividade e qualidade, mas falta ainda informação. Com o conhecimento ficará mais fácil a tomada de decisões”, avaliou.
O presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge Nicchio, afirmou que a Bolsa é um parâmetro para o cafeicultor negociar seu produto e uma oportunidade para que ele garanta um bom preço. “Sem dúvida o que define a necessidade dessa reabertura é o crescimento da importância do café Conilon em nível mundial, nos últimos anos. Somos o segundo país maior produtor de Conilon do mundo e também o segundo maior consumidor de café do mundo. O Conilon ocupava cerca de 25% do mercado de café em meados de 1980, e a previsão é que até 2020 esse número chegue a 45%, ou seja, ele possui um destaque muito maior do que há 30 anos”.
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