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Produtores do norte do Espírito Santo, com propriedades mais distantes da rede elétrica ou com dificuldades de acesso rápido à instalação convencional, estão apostando no sistema fotovoltaico “off grid” para irrigar suas lavouras. O produtor Joelson Miossi, de Rio Quartel/Linhares tem utilizado o sistema que funciona de forma autônoma, ou seja, sem ligação com a rede elétrica.
No caso do Joelson, a propriedade dele nem é tão distante, mas se deparou com a demora na liberação por parte da operadora de energia. Ele não queria perder tempo para plantar mamão no novo terreno, consorciado com o café.
“Estou há mais de 90 dias irrigando com as placas de energia solar nesse modelo que já tinha vontade de fazer a experiência. Como sempre molhei de dia, tenho energia à vontade, o sistema está rodando direitinho e o plantio se desenvolvendo bem como nas áreas em que uso energia elétrica”, explicou o produtor.
Fonte de energia limpa e inesgotável, o sistema off grid é uma alternativa para que se tenha uma produção não só mais econômica, mas, também, ambientalmente responsável, sem perder a eficiência e a lucratividade, explica o engenheiro agrônomo, gestor da Modenesi Irrigação, Arlindo Modenesi, que instalou o sistema do Joelson.
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“Esse é um sistema ideal para quem não tem energia no local ou vai demorar a instalação da rede de energia elétrica que pode levar em torno de seis meses para chegar à propriedade. Além da rapidez da instalação, o sistema utiliza energia limpa e já existem estudos indicando que a planta tem maior absorção durante o dia, por isso irrigar durante esse período se torna mais eficiente para a planta. Sem contar que o custo é menor e, no futuro, quando chegar energia ao local o produtor pode optar por interligar à rede elétrica ou somente aumentar a quantidade de placas”, explicou o engenheiro agrônomo.
Outra vantagem apontada por Joelson foi o custo. “A instalação foi bem prática e se fosse colocar energia trifásica sairia mais caro. Após a instalação o meu custo é zero, não tenho que pagar conta de energia, além de ser uma atividade sustentável. O que preciso ficar atento são aos dias nublados, que a gente nem molha tanto nessa situação, mas se for usar a fertirrigação o ideal é esperar dias de sol para o processo funcionar 100%”, explicou o produtor”, relatando que o café será plantado já no próximo mês de março.
Para Joelson, não era interessante adquirir a bateria, porque sua prática sempre foi irrigar durante o dia, mas, o produtor também pode optar por instalar no sistema uma bateria que armazena energia solar para uso em dias nublados, chuvosos, à noite ou quando não há sol suficiente.
“Apesar de ser uma opção viável, o custo para investir na instalação de uma bateria ainda é muito alto”, informou o engenheiro agrônomo da Modenesi Irrigações.
Sobre o projeto
O projeto do Joelson, o segundo a ser instalado pela empresa, o primeiro foi em uma área de 19 hectares, em Jacupemba/Aracruz, conta com 49 placas bomba de 18CV submersa, com capacidade de 50 metros cúbicos de água por hora, em uma área inicial de 4,3 hectares, com dois setores.
“A bomba instalada na propriedade de Rio Quartel tem capacidade para irrigar até 20 hectares. Também estamos com projetos em Canavieiras (BA) e Rio Bananal, por exemplo, de produtores que estão com demora para chegar à instalação da energia convencional ou contam com propriedades bem distantes da rede de energia elétrica”, frisou Arlindo Modenesi.
Redação Campo Vivo