Após estudos realizados pelo pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) José Aires Ventura, uma importante descoberta resultou em conquistas inéditas para as áreas de fitopatologia e defesa sanitária. Recentemente, o pesquisador esteve no Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, em Portugal, onde confirmou a eficiência de uma nova técnica, que identifica a presença de fungos em plantas. O método também tem potencial para ser utilizado com animais e humanos.
Pelo tradicional diagnóstico, são necessários de 30 a 45 dias para a apresentação dos resultados. A partir da nova técnica, o tempo foi reduzido para menos de cinco minutos, identificando o agente causador da doença com 100% de eficiência. “Em todo o mundo o diagnóstico era feito em cerca de um mês. Saímos na frente e apresentamos essa grande novidade”, acrescenta Aires. A rapidez no resultado só é possível com a utilização de um espectômetro denominado de Maldi/Tof-MS, que foi disponibilizado pela Micoteca da Universidade do Minho (MUM).
José Aires contou com o auxílio dos pesquisadores portugueses Nelson Lima e Cledir Santos. Os testes foram desenvolvidos a partir de amostras de diferentes cultivares de abacaxi infectadas pelo fungo Fusarium e que já haviam sido avaliadas nos laboratórios do Incaper.
“É um método extremamente poderoso, que também pode ser utilizado na área médica. Na maioria dos casos, pacientes com suspeita de infecção por fungos aguardam mais de um dia para receber os resultados dos exames e, consequentemente, o diagnóstico da doença. A partir da técnica que utiliza o Maldi/Tof-MS, teremos essa resposta em cerca de dois a cinco minutos. Assim, o médico poderá agir com os cuidados necessários mais rapidamente e aumentar as chances de cura”, explica José Aires.
Na agricultura, a nova técnica pode auxiliar na certificação fitossanitária de mudas e frutas, evitando a introdução e disseminação de doenças. O convite para que José Aires desenvolvesse as análises no laboratório surgiu no último Congresso Brasileiro de Micologia, em dezembro de 2010, no qual o Incaper apresentou as últimas pesquisas feitas com o fungo Fusarium no Espírito Santo.
“A parceria com a Universidade do Minho e o Núcleo de Biotecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) permitiu que obtivéssemos novas informações sobre a interação planta-patógeno e investigação sobre a eficiência da técnica”, frisa o pesquisador.
O laboratório utilizado em Portugal é referência em todo o mundo e recebe alunos de diversos países para cursos de mestrado e doutorado, bem como pesquisadores de várias instituições internacionais. A partir de um sistema integrado, técnicos de países europeus contribuíram, simultaneamente, no desenvolvimento das análises feitas.
A previsão é de que seja publicado um artigo científico, ainda neste ano, na revista inglesa Plant Pathology, de alto impacto e destaque no meio, informando os resultados obtidos. Segundo José Aires, um equipamento semelhante ao utilizado na Micoteca da Universidade do Minho, deverá ser adquirido e utilizado em parceria com a Ufes.
A técnica foi testada pela primeira vez com o Maldi/Tof-MS, na última semana de julho em Portugal. “Isso mostra um avanço tecnológico que o mundo está recebendo para a evolução das pesquisas em doenças”, frisa o pesquisador.
Ana Carolina Marchesi
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