A realização dos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), prometidos para setembro pelo governo, pode trazer mais restrição da oferta de café. A afirmação é do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. Segundo ele, isso pode ocorrer porque o cafeicultor tende a reduzir as vendas, à espera de melhores preços que o possibilitem receber o prêmio dos leilões.
Hoje a saca de 60 kg de café está cotada em cerca de R$ 240. Para os leilões de Pepro, o governo sinaliza valor de referência de R$ 300 a saca e prêmio de R$ 25 ou R$ 30. O valor da saca, então, tem de alcançar pelo menos R$ 270 para que o produtor tenha direito de receber a subvenção.
Apesar da perspectiva de elevação do preço da saca de café, Nathan disse que a Abic apóia os leilões de Pepro, “como política de garantia de renda ao produtor”. Ele ressaltou, porém, que espera mudanças no edital, para que “não ocorram várias falhas verificadas nos dois leilões do ano passado”.
De acordo com ele, “o principal problema é que o prêmio foi dirigido a um pequeno número de cafeicultores”. A Abic sugere que os agricultores familiares sejam contemplados nos leilões deste ano. Outro ponto defendido pela associação de industriais é que sejam realizados vários leilões, para melhor distribuir o benefício e para que o produtor tenha tempo de preparar documentação.
A Abic endossa a reivindicação dos exportadores, que sugerem que a subvenção deva ser creditada diretamente na conta do produtor. Pedem também que as condições de acesso ao leilão sejam idênticas para todos os participantes. Sindicatos rurais e associações de produtores deveriam desfrutar do mesmo benefício de cooperativas, que podem representar seus cooperados sem necessidade de apresentação individual.
A Abic também argumenta que os leilões precisam ser regionalizados. “A distribuição dos recursos deve ser proporcional ao potencial de produção de cada região.”Ele cita a Zona da Mata de Minas, que produz cerca de 7 milhões de sacas por safra, para onde deve ser direcionado proporcional volume de subsídio. Segundo ele, a idéia é “democratizar os recursos”, pois nos leilões do ano passado houve reclamação de muitos produtores que “ficaram à margem do processo”.
Folha de Londrina

