A produção brasileira de algodão em pluma atingiu 1,52 milhão de toneladas na safra 2006/2007, o que representou crescimento de 46,5% em relação ao período anterior. Esse é o melhor desempenho do setor nos últimos 20 anos e sinaliza com a consolidação do processo de recuperação da cultura algodoeira no Brasil, tendência iniciada entre 2003/2004. As exportações de 400 mil toneladas do produto, 95 mil toneladas a mais do que no biênio 2005/2006, também foram as maiores já registradas.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Apraba) prepara um programa de expansão da cotonicultura nacional do qual constam metas ousadas, entre as quais a de duplicar, nos próximos cinco anos, a área plantada, atualmente de 1,096 milhão de hectares. Para isso serão necessários investimentos de cerca de R$ 8 bilhões, segundo o diretor-executivo da entidade, Aires Rocha Pereira. Para 2008, já existe uma previsão de aumentar em 4% a área plantada no Brasil, percentual modesto diante da meta, mas que já será um passo importante, de acordo com a Apraba.
Entre os fatores que já estão contribuindo para a expansão da produção de algodão no Brasil, Pereira citou a mobilização que a entidade vem fazendo junto aos seus 2,2 mil associados, estimulando investimentos em tecnologia, entre outros insumos. Essa iniciativa, segundo destacou, tem ligação direta com a melhoria da produtividade. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2006/2007 a produtividade foi de 1,389 quilo por hectare, ante 1,212 quilo por hectare no período anterior. Para 2007/2008, a estimativa do órgão é que se alcance 1,397 quilo por hectare.
Outro resultado da mobilização da entidade se refere ao início do programa de sustentação dos preços do algodão no mercado interno, em abril, com os leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), para o qual os produtores estão pleiteando recursos de R$ 535 milhões este ano.
“O nosso produto tem qualidade reconhecida internacionalmente e a tendência é de que a demanda continue em franco crescimento. Para acompanhar esse ritmo precisamos investir mais em máquinas, equipamentos, entre outros insumos. Um dos nossos grandes gargalos é a falta de tecnologia de sementes e de melhores condições logísticas para aumentar as exportações.
Pereira enfatizou que a rentabilidade dos produtores de algodão também tem sido prejudicada. Segundo o diretor da Abrapa, a arroba do produto custa, em média, R$ 39, atualmente, enquanto o custo de produção, por arroba, está calculado em R$ 44,60.
A Abrapa defende avanços em pesquisas de Organismos Geneticamente Modificados (OGM, ou transgênicos), para variedades de algodão. Segundo o diretor da entidade, o Brasil está atrasado em relação a países como a China e a Índia. O diretor da Abrapa reforçou que o algodão brasileiro cada vez mais se consolida internacionalmente pela fibra de excelente qualidade.
Jornal do Commercio