Quando se inicia um período determinante para as vendas de fertilizantes no Brasil em 2010, quatro meses antes do plantio da soja, integrantes da indústria avaliam que as entregas de adubos no país deverão ficar acima dos resultados ruins registrados nos anos de 2008 e 2009, mas ainda distantes da melhor temporada de 2007.
A cana-de-açúcar também terá participação no embalo das vendas de adubos, não pelo açúcar, cujas cotações caíram acentuadamente na bolsa de Nova York nos últimos meses, mas pelo etanol, que ainda apresenta bons retornos para os usineiros que vendem no mercado interno.
“Estamos esperando crescimento acima de 1 milhão de toneladas nas vendas (ante 2009), mas não chega a 24 milhões”, afirmou o diretor da Agroconsult, André Pessoa.
O recorde histórico de vendas de fertilizantes no Brasil, o quarto maior consumidor de adubos do mundo, foi registrado em 2007, quando as entregas somaram 24,6 milhões de toneladas. Em 2008 e 2009, patinaram somando 22,4 milhões de toneladas.
“Isso porque a soja não deve crescer tanto, 300 a 400 mil hectares a mais (em relação a 2009/10)… O crescimento do fertilizante este ano vai ser mais em cima de cana, um pouquinho de soja e um pouco de algodão, que está recuperando área plantada”, acrescentou Pessoa.
De acordo com dados oficiais, as vendas no acumulado dos quatro primeiros meses do ano cresceram 9 por cento ante o mesmo período do atabalhoado 2009, para 5,5 milhões de toneladas, mas estão mais lentas em relação a 2008, quando houve uma antecipação de negociações de adubos, especialmente com os produtores de soja do Centro-Oeste.
CAUTELA
Embora os prêmios de exportação e os preços atuais da soja estejam bons, agricultores do Brasil estão cautelosos em relação à grande safra que está sendo cultivada nos Estados Unidos, maior produtor mundial da oleaginosa, que pode pressionar as cotações nos próximos meses.
“E no ano passado quem antecipou muito acabou se dando mal, porque o preço (do fertilizante) caiu fortemente, então é possível que tenha esse mesmo efeito agora”, acrescentou a fonte, lembrando que os preços dos fertilizantes estão em patamares razoáveis e não seria um limitante dos negócios.
O especialista chamou a atenção também para o fato de as entregas de fertilizantes se concentrarem no segundo semestre, com a aproximação da safra de verão, o que poderia gerar problemas logísticos e consequentes aumentos de custos do insumo por conta do encarecimento do transporte.
Tirando essa fator, por ora, não há motivos para alta nos preços dos fertilizantes, disse.
“Devemos entregar 23, 24 milhões de toneladas até o final do ano, estamos voltando para a tradicional entrega de 35 por cento (do volume) no primeiro semestre, 65 por cento no segundo, isso poderá vir a dar um gargalo logístico”, acrescentou um trader de uma importadora de fertilizantes, que também preferiu ficar anônima.
Reuters/Brasil Online

