O mal da vaca louca não chegou ao Brasil, mas todo o cuidado é pouco. E o perigo pode estar no uso da cama de frango na alimentação dos bovinos. Saiba o que está acontecendo na Bahia.
Nos últimos dias, quatro propriedades na região de Feira de Santana foram notificadas por colocarem na ração do gado a cama aviária, que pelo lugar é também chamada de pé-de-cocho.
O criador Gilson Peixoto recebeu a visita dos fiscais da Adab, Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, e foi orientado a não usar mais a cama na alimentação do rebanho. “Todo mundo que tem aviário usa o pé-de-cocho”, falou.
A cama de frango é a cobertura que sobra no chão das granjas depois que as aves são retiradas. Como ficam ali restos de ração, os criadores utilizam a cama para reduzir a despesa com a comida do gado.
Para alimentar o rebanho com este tipo de ração, feita à base de farelo de milho, soja e trigo, o produtor investe cerca de R$ 3,00 por dia por cabeça. Quando ele usa a cama de frango, o custo cai para menos de um terço. Sai cerca de R$ 1,00 por animal.
A questão é que o uso da cama de frango na alimentação de bovinos está proibido no Brasil há oito anos. O principal motivo é evitar que chegue ao país o mal da vaca louca.
A doença atinge o sistema nervoso principalmente de bovinos e deixa os animais com o comportamento alterado. Daí vem o nome vaca louca. Na Europa, ela virou uma epidemia na década de 90 porque a doença pode ser transmitida ao ser humano.
A ração das granjas brasileiras ainda leva um pouco de farinha de carne. Quando o frango se alimenta nos cochos, ele geralmente desperdiça um pouco da ração que cai na cama.
Além disso, como o intestino do frango não aproveita integralmente o alimento, cerca de 30% da ração é descartada nas fezes. As aves não se contaminam, mas se a “cama” com restos da ração for dada aos bovinos, o ciclo pode se fechar. Por isso, a corrente tem que ser interrompida.
A preocupação existe porque ainda estão vivos no Brasil animais reprodutores que foram importados há dez anos dos países onde ocorreram focos da doença.
Na fiscalização feita na Bahia, o primeiro teste para verificar se há proteína animal na ração é feito na propriedade mesmo. O resultado fica pronto em dez minutos. O exame deve ser repetido em laboratório. Só com o resultado final a lei pode ser aplicada na propriedade.
O Ministério da Agricultura considera que os animais de reprodução que vieram de países onde ocorreram focos e que estão vivos no Brasil ainda oferecem perigo. Se eles forem abatidos e se parte de suas vísceras for aproveitada como farinha de carne, isso pode acabar indo pra ração das aves. Esse é o risco que precisamos evitar.
Globo Rural

