Bons preços provocam safrinha de milho recorde

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O mercado brasileiro de milho está mudando. Os bons preços no mercado interno, a abertura externa ao produto e os baixos estoques mundiais provocados pela utilização do grão na produção de bioenergia nos Estados Unidos fizeram o agricultor acreditar ainda mais no produto no próximo ano.


 


Para aproveitar melhor essa abertura do mercado e a recuperação dos preços, o produtor está ampliando a área de plantio e buscando sementes de qualidade. Maior área e produtividade maior poderiam ser um alívio para o mercado interno, tão conturbado nesta entressafra.


 


Alguns analistas afirmam, no entanto, que as dificuldades internas de abastecimento, provocadas pelas exportações superiores a 11 milhões de toneladas neste ano, podem continuar no próximo ano. Os norte-americanos, maiores exportadores mundiais de milho, vão plantar menos -e parte da demanda externa pode ser novamente suprida pelo Brasil.


 


Essa demanda externa está provocando uma mudança no mercado brasileiro de milho, que caminha para ser uma commodity como a soja. Ou seja, um mercado com maior liquidez de produto, tanto para o mercado interno como para o externo.


 


As primeiras estimativas de plantio na safrinha -período de inverno- indicam crescimento médio de 10% nas principais regiões produtoras. Só no Paraná, principal Estado produtor, a área semeada na safrinha subirá para 1,65 milhão de hectares, 13% acima da deste ano e 69% acima da de 2006.


 


Os dados fazem parte da primeira estimativa de safrinha da Agência Rural, de Curitiba, que prevê, pela primeira vez, área superior a 4,6 milhões de hectares na região centro-sul.


 


“O próximo ano, assim como está sendo 2007, volta a ser mais um ano do milho.” A afirmação é de Fernando Muraro, diretor da AgRural. Mudanças no cenário norte-americano -que se voltará mais para o plantio de soja do que para o do milho- colocarão o Brasil de novo na rota das importações.


 


Os importadores gostaram do produto brasileiro e já fazem contratos de compra para 2008. Mas, segundo Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, os produtores estão fazendo antecipações de vendas em número menor neste ano devido à valorização dos preços.


 


Estoque menor


 


Há alguns fatores básicos para a redução da área de milho nos Estados Unidos, segundo Muraro: os preços da soja correspondem a 2,5 vezes os do milho; os custos dos fertilizantes nitrogenados tornam mais elevados os custos de produção do milho; e após aumentar em 6,3 milhões de hectares a área plantada com milho no ano passado, os norte-americanos voltam a fazer a “rotação” de cultura em 2008 -e plantam mais soja. Com isso, os estoques de milho voltam a ficar críticos, sustentando os preços.


 


Sologuren diz que o cenário está favorável para o crescimento de área e que a Céleres deve divulgar dados sobre a safrinha na primeira quinzena de janeiro. Aproveitando os preços favoráveis, o produtor está interessado no plantio de milho, mesmo após o atraso no cultivo da soja, devido à seca. Prova disso são as diversas práticas para acelerar a semeadura do cereal.


 


Entre elas, Sologuren cita maior uso de máquinas; adubação a lanço (anterior ao plantio; em geral é feita ao mesmo tempo), compra de sementes tratadas e dessecagem de soja para antecipação de colheita objetivando deixar o terreno limpo o mais rápido possível.


 


Essa opção do produtor brasileiro pelo milho pode encontrar dois obstáculos, segundo Muraro: clima e falta de sementes de qualidade. Há dois anos, poucos pensavam em sementes de alta tecnologia no plantio de milho. Devido à grande procura, o produtor já encontra dificuldades em adquirir sementes, diz o diretor da AgRural. Sologuren cita outro empecilho para ao produtor: a dificuldade na liberação de crédito.


 


Folha de São Paulo

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