Criticado por pecuaristas e parlamentares ruralistas, o Ministério da Agricultura prometeu ontem rever uma medida de aperfeiçoamento do sistema de rastreamento de bovinos (Sisbov) acertada com a missão de auditoria enviada pela União Européia em novembro.
Em audiência pública na Câmara, o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Nelmon Oliveira, afirmou que estava disposto a debater o sistema de de desclassificação de animais nos frigoríficos. Pela nova regra, a indústria está obrigada a desclassificar todo o lote de animais em caso de perda do brinco ou do “boton” de identificação individual. Também são zerados os prazos obrigatórios de permanência dos animais nas áreas habilitadas (90 dias) e nas fazendas (40 dias). Antes do acordo com a UE, era possível descartar apenas o gado que não tivesse a identificação do Sisbov.
“Além de ninguém ter sido consultado, a própria missão européia já disse que essa medida não resolve nada”, afirma o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura de Goiás, Marcio Sena Pinto. “O que resolve é fiscalizar, multar, suspender ou até desclassificar uma propriedade irregular. Mas de forma gradativa, e não jogando para a torcida”.
Em um ataque ainda mais direto ao Sisbov, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse haver uma “farsa” no sistema montado pelo governo. Caiado disse que o Sisbov pressiona os pecuaristas e beneficia apenas certificadoras e frigoríficos. “Essa farsa está nos custando R$ 3 por arroba. O ministério faz as regras para beneficiar apenas um lado da cadeia”, disse ele.
O deputado também afirmou que apenas 3,6% das 8,6 milhões de toneladas exportadas pelas indústrias brasileiras em 2006 eram produto “in natura” destinado à UE. “Por que essa subserviência toda? A quem interessa isso?”, questionou. “Não podemos nos submeter cegamente às exigências deles. Isso vai acabar induzindo o pecuarista à clandestinidade”.
Valor Econômico