Analisado o quadro de oferta e demanda de milho divulgado pela Conab na última terça-feira juntamente com sua nova previsão de safra, é possível concluir que o milho existente no País pode se esgotar antes de fevereiro próximo. Isso, se os números do órgão corresponderem efetivamente ao mercado físico. Se não, os problemas começam bem antes.
Pelos cálculos mais recentes da Conab, o suprimento brasileiro de milho em 2007 não ficou muito distante dos 58 milhões de toneladas. Já o consumo – recorde, como foi a produção – deve situar-se em cerca de 40,5 milhões de toneladas, correspondendo a uma absorção média da ordem de 3,375 milhões de toneladas mensais.
Uma vez que são estimadas, para 2007, exportações da ordem de 10,8 milhões de toneladas, o estoque final disponível até a chegada de uma nova safra seria de pouco mais de 6,3 milhões de toneladas – o absolutamente justo até o início de uma nova colheita que, se supõe, deve começar nos últimos dias de fevereiro ou, mais provavelmente, em março.
Mas nem tudo pode correr exatamente assim. As exportações, por exemplo, não devem ficar limitadas a 10,8 milhões, visto que entre janeiro e novembro já alcançaram (dados da SECEX/MDIC) os 10 milhões de toneladas. Ou seja: será que em dezembro corrente vamos embarcar apenas 800 mil toneladas de milho, 60% do exportado em novembro?
Mas não é só isso. Nas atuais condições do mercado internacional, é absolutamente improvável que em janeiro e fevereiro de 2008 o Brasil não exporte nem um quilo do grão. Assim, ainda que as vendas externas do bimestre fiquem nas mesmas 800 mil toneladas mensais acima mencionadas (também pouco provável, já que de julho para cá os embarques mensais têm superado a casa do milhão de toneladas), o estoque projetado perderia 1,6 milhão de toneladas. Basta rápida continha para demonstrar como pode ficar o abastecimento dos dois primeiros meses de 2008:
– Janeiro: estoque inicial de 6,638 milhões de toneladas, menos exportação e consumo interno (800 mil toneladas + 3,300 milhões de toneladas), igual a estoque final de 2,538 milhões de toneladas para o mês seguinte;
– Fevereiro: estoque inicial de 2,538 milhões de toneladas, menos exportação de 800 mil toneladas, igual a saldo de 1,738 milhão de toneladas, o suficiente para 15 dias de consumo. Ou menos, se as exportações forem maiores.
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