Frigoríficos brasileiros começam a mudar perfil

0

 


O recolhimento de impostos federais pelos frigoríficos brasileiros no primeiro semestre deste ano cresceu 56% em relação a 2005, segundo dados da Secretaria da Receita Federal. De um pagamento de R$ 6,8 milhões por mês, em média, em 2005, os frigoríficos passaram a contribuir com R$ 8,5 milhões em 2006 e com R$ 10,6 milhões mensais este ano.


Mantida esse ritmo no segundo semestre, a arrecadação deve bater R$ 128,4 milhões, aumento de 25% sobre o ano passado.
O crescimento da arrecadação dos impostos federais recolhidos pelos frigoríficos é um indicador da transformação dessas empresas nos últimos anos, atingindo graus de profissionalização inimagináveis há uma década.
De pequenas empresas regionais e de administração familiar, alguns frigoríficos se tornaram grandes grupos, capazes de elevar o Brasil ao posto de maior exportador de carne bovina do mundo, abrir capital na Bolsa de Valores e contribuir para a redução dos abates clandestinos realizados no País.
Esse processo se tornou viável graças aos investimentos em tecnologia, à adoção de sistemas profissionais de governança e à busca de proteção para suas operações no mercado financeiro. ´Esse processo só foi possível, entretanto, por causa da conquista de espaço da carne bovina brasileira no mercado internacional´, diz a economista Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
Para a analista, exportação e informalidade são dois processos incompatíveis e uma está eliminando a outra. ´Para exportar, os pecuaristas precisam declarar dados à Receita, o que facilita o cruzamento de informações pelo governo. O crescimento das exportações criou uma infra-estrutura para o setor frigorífico, capacitando as empresas a se modernizarem e a buscarem até novas formas de captação de recursos, o que explica o sucesso da abertura de capital de vários frigoríficos.´
Segundo José Vicente Ferraz, analista do Instituto FNP, especializado em pecuária, o setor se profissionalizou para exportar e esse caminho não tem volta. ´O setor sempre foi conhecido tradicionalmente pela sua informalidade, o que até acabou afastando investidores internacionais do segmento de carnes, em um momento em que todo o agronegócio brasileiro estava sendo cortejado pelo dinheiro externo. Mas esse cenário mudou´, disse.

ABATES CLANDESTINOS

Ferraz explica que essa profissionalização dos frigoríficos contribui para a redução dos abates clandestinos. Segundo ele, nos últimos cinco anos, a informalidade do abate caiu de 50% para perto de 20% e, mesmo assim, a maioria limitada a regiões ainda não exportadoras. O analista lembra que as operações contra sonegação fiscal feitas pelo governo nos últimos dois anos também contribuíram para que a arrecadação dos frigoríficos aumentasse. Ele ressalta, porém, que essas operações só foram possíveis porque a Receita Federal passou a ter informações mais precisas do setor, principalmente por causa das exportações.


 


 


O Estado de São Paulo

Compartilhar:

Deixar um Comentário