A cadeia do agronegócio deMinas Gerais é maior do que se pensava. A nova metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Fundação João Pinheiro (FJP) mostra que o agricultura mineira ocupa o primeiro lugar do país na geração de valor. No último levantamento com a nova metodologia, referente ao exercício de 2005, o PIB do agronegócio mineiro atingiu R$ 15,568 bilhões, representando 9,3% do PIB total do Estado. Na metodologia anterior, o segmento ocupava a quarta colocação no cenário nacional.
A nova metodologia fez com que Minas Gerais deixasse para trás Estados tradicionais no agronegócio, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. O PIB do agronegócio de Minas foi de R$ 10,242 bilhões, 6,1% do PIB estadual e 1% superior ao PIB agropecuário de 2004%. Café e leite sustentaram a primeira colocação de Minas no setor, disse ontem a coordenadora da pesquisa, Maria Helena Magnavaca. O Estado é líder na produção dos dois itens: 52% do café e 32% do leite consumidos no país saem de Minas.
A pesquisa estudou o agronegócio separadamente em agricultura e pecuária. O primeiro segmento se subdivide em cultivo de cereais, cana-de-açúcar, soja, produtos de lavoura temporária, cítricos, café e produtos de lavoura permanente. A pecuária, por sua vez, desmembra-se em criação de bovinos, suínos e aves. A pesquisa ainda aborda a cadeia da pesca e silvicultura e extrativismo vegetal.
Os estudos mostram ainda que o período de menor produtividade do café impactou diretamente no desempenho do setor. No ano de 2003, por exemplo, quando a produção do grão reduziu 31,8%, o PIB da agricultura recuou 7,8%. No exercício seguinte, quando a lavoura plantada expandiu 38,5%, o PIB da agricultura aumentou 13,8%.
Já a pecuária representou 3,2% (R$ 5,3 bilhões) do PIB do agronegócio mineiro de 2005. Destacou a produção de leite, que representou no período 32% do mercado nacional. Nessa época essa atividade aumentou 4,2%.
A bovinocultura apresentou em 2005 alta de 3,5% em Minas. O Estado possui o terceiro maior rebanho do país (atrás de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), com 21 milhões de cabeças de gado. A pesquisa detectou falta de tradição do Estado quanto ao abate de animais, o que explica a baixa participação no mercado externo.
“O país exporta pouca carne bovina pois não possui muito frigorífico exportador. Isso se deve à uma forte guerra fiscal, com Minas cobrando um dos maiores Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do país, o que estimula produtores mineiros venderem o boi vivo aos Estados vizinhos”, explicou a pesquisadora da FJP, Maria de Fátima Almeida Barbosa Gomes.
Na suinocultura, Minas ocupa o terceiro lugar no ranking nacional, mas fica em primeiro quando o assunto é material genético (matrizes e reprodutores). O PIB do setor avançou 8,5% em 2005, na comparação com 2004.
Estado concentra 8,97% da riqueza nacional
O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas continuou ocupando o terceiro lugar com a vigência da nova metodologia de cálculo. Em 2005 o PIB mineiro foi de R$ 192 bilhões, ou 8,97% do PIB brasileiro. Em relação ao exercício anterior, houve crescimento de 3,99%, segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ocupam as primeiras colocações São Paulo e Rio de Janeiro, representando 33,9% e 11,5%, respectivamente, do PIB nacional.
O setor de serviços também se destacou com a nova metodologia. Segundo a pesquisa, sua participação no PIB mineiro saltou de 48,7% para 59% com a nova metodologia. O avanço se deve, principalmente, à transferência de alguns segmentos que eram contados como industriais (como trabalhadores terceirizados) e agora são denominados serviços. (FD)
PIB per capita é o menor do Sudeste
O PIB per capita de Minas Gerais é o menor da região Sudeste. Segundo a pesquisa da FJP, o PIB per capita do Estado em 2005 foi de R$ 10.012, 79,55% abaixo do PIB de São Paulo (R$ 17.977), 38,3% menor que o PIB do Espírito Santo e 60,3% inferior ao PIB do Rio de Janeiro. O PIB per capita do Distrito Federal (R$ 34.510) é o maior do país, superando o índice mineiro em 245%. O PIB per capita do Piauí (R$ 3.700) é o menor do Brasil.
O PIB por habitante do Estado também é inferior ao índice de todos os Estados da região Sul do Brasil, além de ficar atrás do PIB per capita do Amazonas. O índice representa apenas a divisão do PIB do Estado pelo número de habitantes, não refletindo nenhum valor sobre a condição social da população, explicou Maria Helena Magnavaca. Ou seja, quanto maior o número de habitantes, maior a tendência de o Estado ter um PIB per capita reduzido. Amazonas, por exemplo, possui 3,2 milhões de habitantes, ao passo que Minas conta com 19,237 milhões, o segundo Estado mais populoso do país.
O Tempo – MG