Entidades e lideranças que defendem o fortalecimento da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) vão desencadear um conjunto de ações para realçar a importância do órgão para o desenvolvimento da região. Um primeiro passo foi dado ontem, em uma manifestação das 15h às 17h que ocupou a Avenida Cinqüentenário, em Itabuna. A mobilização começou no Jardim do Ó, indo em direção à Praça Adami, onde um estande montado divulgava algumas realizações do órgão.
“Nós tivemos o dendiesel (biocombustível produzido através do diesel) criado pela Ceplac há 30 anos e praticamente ninguém sabe disso”, afirmou o prefeito de Buerarema e presidente da Associação dos Municípios da Região Cacaueira (Amurc), Orlando Filho, um dos organizadores do ato, batizado de “A Ceplac é de todos nós”. De caráter pluripartidário, a mobilização é também uma resposta ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que propôs em setembro dividir a Ceplac em três, transferindo suas funções para a Embrapa (pesquisa), Ministério da Agricultura (política do cacau) e Ministério da Educação (escolas técnicas).
O ato reuniu mais cinco prefeitos, três presidentes de legislativo, cerca de 80% dos servidores do órgão e o presidente regional da CUT, Martiniano Costa. “A gente está fazendo uma passeata para exigir o concurso público urgente. Há dez anos, a Ceplac tinha seis mil funcionários, hoje tem 2,3 mil. Isso, por si só, já mostra um sucateamento”, afirmou o presidente da Câmara de Itabuna, vereador Édson Dantas. O vereador frisou que a Ceplac é responsável por importantes descobertas, citando a biodiversidade da mata atlântica.
Para Martiniano Costa, o ato de ontem foi um dos mais vigorosos nos últimos tempos na região. “A institucionalização da Ceplac é o maior desejo desse ato”, disse o sindicalista. “Instiuições, partidos e trabalhadores querem o fortalecimento da Ceplac”.
O presidente da Associação dos Pesquisadores do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), Raul Valle, reforçou a cobrança pelo concurso. “O último foi exatamente há 20 anos, em 1987. Hoje, se a pessoa sai, não tem com quem deixar o conhecimento, não treina o seu substituto”. Para Raul Valle, a participação da sociedade na campanha em favor do órgão “mostra que ela acha que a Ceplac tem um projeto técnico que é viável”.
Na defesa da comissão, o representante do Sintsef-BA na Ceplac, Antonio Nunes Menezes Filho, invocou o chamado PAC do Cacau – programa anunciado pelo governo federal, com estimativa de liberação de R$2,4 bilhões, diversificação da produção agrícola na região e renegociação de dívidas antigas, mas ainda não implementado. “Quem vai viabilizar o PAC com conhecimento técnico, de pesquisa e extenção?”, indagou.
Correio da Bahia