Estiagem castiga lavouras e gado em MG

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Subiu para 77 o número de municípios mineiros que decretaram estado de emergência, por causa da estiagem prolongada, conforme dados divulgados pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) ontem.


 


A maioria deles está no Norte de Minas, a região mais castigada e onde não chove há seis meses. Além de lavouras e pastagens destruídas, rios, córregos e tanques completamente secos, nos últimos dias, outro problema passou a ser enfrentado: a morte de animais, devido à fome e sede.

O drama é vivido em Francisco Sá, cidade de 22,7 mil habitantes e a 471 quilômetros de Belo Horizonte. De acordo com a prefeitura, mais da metade dos 11,8 mil moradores na zona rural foi atingida pela seca, sofrendo com a falta de água. O problema se agravou porque quase todos os rios e córregos (em torno 30) do município estão secos.

Os flagelados estão sendo abastecidos com nove caminhões-pipas, dos quais, sete foram cedidos pelo Exército e começaram a rodar anteontem. “Estamos vivendo a pior seca dos últimos 15 anos”, afirma o prefeito de Francisco Sá, Ronaldo Ramon de Brito (DEM). A situação crítica é observada na região de Traçadal, a 15 quilômetros da área urbana. Ali, foram encontrados várias reses mortas pelo caminho. “A perda do gado é um prejuízo muito grande, pois muitos pequenos produtores dependem da produção de leite”, lamenta o secretário municipal de Ação Social, Denilson Silveira.

O coordenador regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) em Montes Claros, Ricardo Demischelli, lembra que o problema da mortandade do gado ocorre porque pequenos agricultores não se prepararam para o enfrentamento de uma estiagem tão prolongada. “Para que a situação não ocorresse, os produtores teriam que ter vendido o gado antes. Ou então, ter feito silagens com reservas suficientes para atravessar o período crítico”, afirma.

“Nossa salvação está sendo o caminhão-pipa, que traz água para o povo beber”, diz Dirceu Soares Dias, presidente da Associação Comunitária de Riachinho, uma das localidades rurais atingidas pela seca em Francisco Sá. Cerca de 45 famílias da comunidade estão consumindo a água que chega pelo caminhão. Soares Dias conta que vários vizinhos tiveram a angústia de ver o gado morrer de fome e de sede. “Eu não perdi nada porque vendi algumas cabeças quando vi que a coisa ia apertar”, diz.

Na localidade de Prudente, distante 40 quilômetros da sede de Francisco Sá, e onde vivem 35 famílias, a lavradora Sebastiana é obrigada a consumir uma água barrenta, a única que ainda resta num tanque – quase na lama –, a mesma que serve aos porcos. “Não tem outro jeito. Então, a gente tem que beber dessa água mesmo”, diz, resignada.

Em Januária, a 603 quilômetros da capital, onde o cenário desolador se repete. Vinte e três riachos e mais de 70 tanques e lagoas secaram na zona rural. Lá, aproximadamente 7 mil pessoas sofrem com o problema. Elas estão sendo atendidas por três caminhões-pipas. Mas, o coordenador da Defesa Civil da prefeitura, Marco Túlio de Campos Júnior, reclama que a quantidade ainda é insuficiente. “Teríamos que contar com pelo menos cinco caminhões, pois nosso município é muito grande. Existem comunidades sem água que ficam distantes 80 quilômetros da sede”, relata.

Além do socorro da Cedec, as cidades castigadas estão sendo atendidos pelo governo federal, pela Operação-Pipa, do Exército. A União enviou, até ontem, 39 caminhões-pipas para 13 municípios norte-mineiros. Porém, o 55º Batalhão de Infantaria (BI) do Exército de Montes Claros informou que outras 50 cidades estão na fila aguardando o envio dos caminhões com água. O atendimento é feito somente depois da homologação dos decretos de emergência pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, vinculada ao Ministério da Integração Nacional.


 


 


Estado de Minas

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