Importação de milho garante competitividade de diversos setores no ES

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Avicultores, suinocultores, pecuaristas e produtores rurais que tiverem interesse em adquirir milho importado da Argentina devem procurar as Associações dos Avicultores e de Suinocultores do Espírito Santo. As entidades estão coordenando as negociações para a compra de milho do país vizinho. O lote mínimo para a aquisição do produto é de mil toneladas. O primeiro navio trazendo 25 mil toneladas da Argentina deverá chegar ao estado em julho. Aqueles produtores que quiserem adquirir menos de mil toneladas devem procurar alguma cooperativa agrícola para fazer a compra coletiva.

A importação de milho da Argentina só está sendo possível porque o Governo do Estado isentou a cobrança de ICMS (12%) do produto importado. O milho é o principal insumo dos setores de avicultura, suinocultura e proteína animal. A isenção do imposto atende a uma solicitação feita pelos produtores capixabas, que vêm sofrendo com a alta do preço do milho no mercado interno e com a ameaça do desabastecimento.

O Governo do Estado organizou uma missão oficial à Argentina esta semana com o objetivo de estreitar o diálogo comercial e diplomático com autoridades, produtores e exportadores de milho do país vizinho. Além do secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, participam da missão empresários do setor de proteína animal e dirigentes de cooperativas capixabas. A expectativa é consolidar novas operações, visando assegurar o abastecimento no segundo semestre deste ano.

“A coordenação do grupo é da Aves e da Ases. Nosso papel é institucional, de estreitarmos os laços comerciais e diplomáticos com os produtores e exportadores argentinos. Ao isentar a importação do produto, com o apoio da Assembleia Legislativa, demos um grande passo para garantir a competitividade do setor de proteína animal em nosso estado. Somente a avicultura e a suinocultura geram mais de 22 mil empregos diretos”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura.

O Espírito Santo consome aproximadamente um milhão de toneladas de milho por ano. O preço do produto no mercado interno aumentou mais de 60% no último ano, 31% somente nos últimos 120 dias. O milho é o componente predominante das rações das aves e suínos, correspondendo a 70% do insumo necessário para a produção de carnes e ovos. O estado produz apenas 10% do milho utilizado pelos setores de proteína animal. O restante vem da região Centro-Oeste.

 

Vantagem

O frete do milho do Mato Grosso para as granjas da região serrana do Espírito Santo gira em torno de R$ 15 o saco. O mesmo saco de milho importado da Argentina terá um custo de frete de R$ 6. A expectativa dos integrantes da missão comercial à Argentina é que até o final do ano o Espírito Santo importe algo em torno de 200 mil toneladas de milho argentino, o que nas condições atuais do mercado representaria uma economia de cerca de R$ 25 milhões aos produtores capixabas.

De acordo com o diretor executivo da Aves e da Ases, Nélio Hand, a importação do milho é uma alternativa frente a dificuldade encontrada pelos produtores capixabas para garantir o abastecimento, além de tentar minimizar a pressão sobre o preço do produto no mercado interno que vem apresentando escassez, mas também está muito especulado. “Hoje o custo do milho está próximo aos R$ 60,00 por saco e a produção de aves, ovos e suínos está ficando insustentável, pelo alto custo do insumo, assim como está ocorrendo em boa parte do país”, disse.

Nélio Hand destaca que os setores estão sofrendo com a alta dos insumos, sem conseguir repassar esses valores ao produto final. “Os avicultores e suinocultores capixabas sempre enfrentaram esse gargalo relacionado ao abastecimento, mas nos últimos meses a situação se agravou, sobretudo em função da alta do preço do produto no mercado interno e aos baixos estoques governamentais. Por isso, entendemos que a desoneração da importação do milho foi de extrema importância para garantir o abastecimento de nossos produtores e, assim, manter a competitividade dos setores”, ressaltou.

O secretário de Estado da Agricultura reiterou que, mesmo em um momento de crise financeira vivida pelo país, o Governo do Estado está conseguindo, de forma responsável, fomentar o desenvolvimento de vários setores da economia capixaba, como é o caso dos setores de avicultura e suinocultura. “Esta medida cumpre mais uma etapa, no sentido de ampliar a competitividade desses setores tão importantes para nossa economia. Vamos poder comprar nosso principal insumo com um preço melhor e tirar a pressão do preço no mercado interno”, destacou.

 

Avicultura

Os setores de avicultura e suinocultura geram aproximadamente 22 mil empregos diretos no Espírito Santo, mas, segundo dados das associações que representam os setores, cerca de 100 mil famílias possuem algum envolvimento com as atividades produtivas.

A avicultura desempenha um importante papel socioeconômico no estado. Atualmente, existem 154 produtores na postura comercial; 44 de frango de corte; 16 de codorna; nove abatedouros e três incubatórios. Ressalta-se que além dos avicultores e empresas quantificadas existem vários serviços terceirizados e parcerias com micro e pequenos produtores rurais. 

Na avicultura de postura, a produção média mensal é de 753.987 caixas com 30 dúzias de ovos de mesa. O Espírito Santo é responsável por quase 11% da produção de ovos no país e o município de Santa Maria de Jetibá detém 93,30% desta produção, sendo o segundo maior produtor de ovos do Brasil, com 12 milhões de ovos produzidos diariamente. A avicultura de corte registra o abate de 7.510 toneladas de aves. São 3.280.057 cabeças de pintos de corte; 72.824 caixas com 50 dúzias de ovos de codorna; 5.363.167 cabeças de frango vivo e 341.269 cabeças de pintinhos de postura e caipira.

 

Suinocultura

Atualmente, existem 38 suinocultores no estado, entre grandes, médios e pequenos produtores, e oito abatedouros. A produção de carne do setor é totalmente consumida no mercado interno, derivada do processamento em indústrias com inspeção estadual e municipal.

A produção no Estado é bastante pulverizada, mas nota-se uma concentração significativa na região Sul. O principal município produtor de suínos é Cachoeiro de Itapemirim, com 25,55% da produção estadual. Em seguida, está Viana, com 13,04%, e Venda Nova do Imigrante, com 13,02%.

 

 

Seag

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