Brejetuba recebe 2º Simpósio dos Café das Montanhas e 15º Encontro de Cafeicultores

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O município de Brejetuba recebeu mais de 1000 pessoas, entre agricultores e autoridades locais, no 2º Simpósio Estadual dos Cafés das Montanhas do Espírito Santo e no 15º Encontro de Cafeicultores. O evento foi realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e pela Prefeitura, na quinta (05) e na sexta-feira (06), no Ginásio de Esportes do município.

Brejetuba foi a cidade escolhida para ser sede do evento por ser a maior produtora de café arábica do Espírito Santo, com uma média anual de 400 mil sacas. Destas, 100 mil são de cafés cereja descascado superior. O café é a principal atividade econômica do município, sendo produzido em 16 mil hectares, distribuídos em 1.184 propriedades.

No primeiro dia do Simpósio, os temas abordados no painel de abertura foram mercado, comercialização e agregação de valor. O coordenador Estadual da Cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão, falou sobre o cenário atual da cafeicultura do arábica no Espírito Santo.

Outros temas importantes também foram expostos no primeiro dia do evento como as estratégias na gestão da comercialização do café, o cenário nacional da cafeicultura, mitos e verdades na nutrição do cafeeiro e na adubação foliar e as possibilidades de mecanização para cafeicultura de montanhas no Espírito Santo. Ao final das apresentações, foi aberto um momento de debate entre os palestrantes e os convidados.

Na sexta-feira, segundo dia do Simpósio, os conteúdos que fizeram parte da programação foram agregação de valor, inovações tecnológicas para a produção de cafés especiais, projeto de identificação geográfica na região do Caparaó, sustentabilidade na cafeicultura e o cenário climático no Brasil com as implicações para a cafeicultura.

Para o diretor técnico do Incaper, Lúcio Herzog De Muner, “os trabalhos realizados em Brejetuba são um exemplo de integração, de união e de parcerias”. De Muner ressaltou, ainda, que Brejetuba é reconhecido nacional e internacionalmente no cenário da cafeicultura, destacando exemplos de evolução na cadeia produtiva. “O município passou a produzir de 18 sacas para 28 sacas/ha de 2005 para 2016 e, além disso, de 50 mil sacas passou a produzir aproximadamente 200 mil sacas de café, em apenas dez anos”, lembrou.

Segundo o extensionista do Incaper, Fabiano Tristão, o objetivo dos encontros é levar informação sobre as diversas tecnologias que podem ser adotadas pelos cafeicultores. “O principal objetivo é promover a troca de experiência entre os agricultores. Ações como essa têm sido feitas ao longo dos anos para melhorar a qualidade dos cafés”, disse.

Já o Prefeito de Brejetuba, João do Carmo Dias, destacou a importância do Incaper para a cafeicultura local. “Seria muito difícil para o nosso município e para a nossa região se não fossem os trabalhos de assistência técnica e extensão rural. Os nossos cafeicultores são constantemente orientados e capacitados”, pontuou.

Sustentabilidade

O coordenador nacional do Programa Café Sustentável (PCS), Pedro Ronca, da P&A Marketing, destacou que atualmente o café corresponde a 73% da produção mundial e o consumidor de café prioriza, cada vez mais, a qualidade do produto, o alimento seguro, uma produção responsável e respeito ao meio ambiente e ao trabalhador.

O Programa Café Sustentável está estruturado em cinco pilares principais: ajudar pequenos produtores de café a melhorar suas práticas no campo, ampliar o acesso ao crédito, baratear o custo das certificações, colocar os produtores em contato com compradores (torrefadoras e grandes indústrias) interessados no café produzido de forma sustentável e disseminar técnicas e ferramentas que permitam que os cafeicultores fiquem mais preparados para lidar com as mudanças climáticas.

O produtor fala

Para o agricultor familiar Pedro João de Oliveira, que atualmente possui 40 mil pés de café arábica em sua propriedade em Brejetuba, a troca de informações tem ajudado a agregar valor nas produções cafeeiras. “Depois que começamos a praticar as podas nas lavouras, os pés ficam mais baixos e, por isso, existe mais facilidade ao realizar a colheita”, contou. Ele trabalha nas lavouras com um dos filhos, Pedro João, e um genro, Antônio Cabral.

Segundo o agricultor familiar e produtor de arábica em Venda Nova do Imigrante desde 1960, o senhor Alfredo Segundo Sossai, que é beneficiário do Contrato de Ater Sustentabilidade, o trabalho nas lavouras precisa ser aprimorado, com mudanças e melhorias no sistema cafeeiro. Ele destacou que a qualidade de sua produção ficou mais eficaz devido às novas práticas adotadas. “Sem dúvidas, o que nos ajudou muito foi o manejo da propriedade de café, com o foco na reserva das águas da chuva e na roçagem das lavouras”, explicou. Atualmente o senhor Alfredo possui 25 mil pés de arábica e é referência na região.

A diretora da Escola Família Agrícola de Brejetuba (EFFAB), Eliete Teófilo Martins dos Santos, demonstrou muita satisfação ao levar cerca de 60 alunos nos dois dias de evento. “A maioria deles é filho de produtores. Para nós, é fundamental que eles tenham os conhecimentos técnicos e aprendam com as experiências dos especialistas e também com os produtores da região onde moram”, explicou.

Nos dois dias de evento, os participantes participaram de sorteios de kits da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé) e alguns bonés do Sistema de Cooperativas do Brasil (Sicoob).

 

 

Tatiana Caus de Souza

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