ARTIGO – “Agricultor do Amanhã”, por Marcelo Barreto

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O agricultor do amanhã já está em nosso meio! Podemos ver sua alegria e simplicidade, inerentes à vida no campo. Na última confraternização que participei, após a assembléia de uma cooperativa de café e pimenta-do-reino, não pude deixar de ver esta geração que começa a surgir em um ambiente repleto de desafios.

Sem dúvidas a sustentabilidade será cada vez mais o driver na tomada de decisão do agricultor. Água, fauna e flora terão espaço e proteção para se recompor, após tantos anos de degradação. Hoje, já é possível observar o reaparecimento de aves e outros animais que não víamos comumente nos centros urbanos. A educação ambiental tem produzido efeito positivo nesta geração e certamente colheremos mais frutos na próxima.

O trabalho pesado e rotineiro aos poucos deixará de ser executado pelo homem e passará a ser tarefa das máquinas. Processos mecanizados serão responsáveis por plantar, adubar, irrigar, colher, processar, armazenar e transportar os frutos da lavoura. A agricultura se aproximará da indústria em seu funcionamento. A mão de obra reduzirá e se qualificará. Os equipamentos serão mais caros e sensíveis. O planejamento físico e financeiro nesta nova forma de produzir será fundamental.

Para dominar as novas tecnologias, uma boa formação acadêmica e continuada é decisiva. Um mundo global demanda um campo conectado. A tecnologia será o instrumento que ajudará a vencer as barreiras decorrentes das grandes distâncias. Mesmo hoje, a atividade rural demanda atualização constante. São novos produtos, serviços, métodos e problemas a serem solucionados. As tecnologias de informação se aproximarão do campo e estreitarão as relações entre o rural e o urbano, o produtor e o consumidor e entre o nacional e o internacional.

A fazenda estará melhor equipada e preparada para receber os visitantes que virão das cidades. Em 2050, de acordo com projeções do Banco Mundial, apenas 30% da população mundial viverá no campo. O transtorno de déficit de natureza terá na fazenda seu local terapêutico preferido. Algumas grandes indústrias serão instaladas no interior e o agroturismo estará na agenda das férias de muitos. Paz e tranqüilidade, alimentação saudável e um lazer diferenciado será a demanda dos moradores das metrópoles.  

Finalmente, a saúde chegará ao campo também por meio dos recursos de comunicação e transmissão de informação a longa distância. A consolidação da telemedicina tanto no diagnóstico quanto nos tratamentos virão ao encontro do agricultor. Políticas públicas e planos de saúde atenderão esta fatia importante da população, levando mais tranquilidade e segurança ao ambiente rural.

Finalmente percebo que os veículos aéreos não tripulados poderão levar vários serviços e produtos à porta de quem vive e trabalha no campo. Para tanto é preciso que a legislação de hoje sinalize para as demandas do campo e não estejam focadas apenas nas realidades urbanos. Pensar em um Brasil melhor em 2050, necessariamente passará por planejar uma vida rural melhor, mais produtiva, saudável e sustentável. 

 

 

Marcelo Barreto da Silva, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), doutor em fitopatologia, pós-doutor em Sistema de Informações Geográficas, coordenador do Programa Agro+: por uma agricultura mais sustentável.

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