Os países da América do Sul deverão exportar 11% mais carne bovina neste ano do que no anterior, apesar da crise econômica vivida por alguns deles.
A avaliação é do Rabobank, instituição financeira especializada em agronegócio.
O Brasil, o que tem a crise econômica mais acentuada, deverá ter uma evolução de 10% nas exportações do primeiro semestre em relação a igual período do ano passado.
Nos dois primeiros meses, o volume de carne bovina brasileira exportada atingiu 220 mil toneladas, com aumento de 13% em relação a igual período anterior.
Mas a oferta de gado continuará justa no primeiro semestre deste ano e poderá melhorar um pouco no segundo. Oferta maior, no entanto, só virá no próximo ano, segundo os analistas do banco.
Esse aumento das exportações se dará, em parte, à situação econômica interna, dominada por inflação elevada, alta de desemprego e queda de renda, o que favorece as vendas externas.
Sem renda, muitos consumidores procuram proteínas a custo menor, como o frango.
A desvalorização do real, por outro lado, torna o produto brasileiro mais competitivo no exterior, o que também favorece as exportações.
Além disso, os exportadores vão encontrar um cenário mais favorável em alguns países.
A China deverá absorver pelo menos 200 mil toneladas do produto brasileiro, o dobro das vendas do ano passado, segundo o Rabobank.
O aumento das compras da China não diminui as de Hong Kong, que também deverão crescer, segundo a instituição.
Espera-se que desta vez haja de fato a abertura do mercado dos Estados Unidos à carne brasileira.
Ao contrário do que ocorre no Brasil, as exportações da Austrália e da Nova Zelândia estão em queda neste início de ano.
Já os Estados Unidos e a União Europeia também têm alta nas vendas externas. Os dados de 2015 da UE indicam evolução de 7,3%, enquanto os dos Estados Unidos apontaram alta de 7% em janeiro em relação a igual período anterior.
NOTAS
Números de março
Se o ritmo das exportações de carnes dos primeiros 14 dias úteis deste mês for mantido até o final do mês, as exportações de carne bovina "in natura" do Brasil ultrapassarão 100 mil toneladas.
Frango
As exportações de carne de frango, tomando como base os dados atuais da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) deverão atingir 378 mil neste mês –em março de 2015, haviam sido 317 mil.
Suínos
As vendas externas de carne suína "in natura", que estão com média diária de 2.600 toneladas por dia útil, também sobem. Poderão atingir 57 mil neste mês, acima das 31 mil de igual mês de 2015.
Folha de São Paulo