O Estado do Espírito Santo possui elevado potencial natural para o cultivo florestal com quase três milhões de hectares de área apta para silvicultura, o que corresponde a 64% de sua área total, mas as restrições na logística de transporte dificultam a expansão da atividade na maioria das regiões capixabas. Essa foi uma das conclusões do estudo ‘Aptidão para a silvicultura de eucalipto nas diferentes regiões do Estado’, realizado pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), em 2014/2015, com apoio da Secretaria Estadual da Agricultura.
A entidade elaborou o estudo com objetivo de identificar regiões potenciais e preferenciais para a cultura do eucalipto considerando aspectos socioeconômicos, legais e ambientais, visando contribuir com o processo de expansão da silvicultura de forma sustentável e subsidiar planos públicos e privados de desenvolvimento florestal. Segundo o Diretor Executivo do Cedagro, Murilo Pedroni, inicialmente, foi realizada a divisão regional, que teve como base as microrregiões de planejamento do Espírito Santo. Depois, houve o levantamento e mapeamento por microrregião das áreas com impedimento físico, natural e legal para o cultivo do eucalipto. “As áreas restantes foram classificadas, sob o aspecto natural, quanto ao potencial para o desenvolvimento da silvicultura de eucalipto”, explica Murilo.
Após os estudos realizados pela equipe técnica, verificou-se que são 2.949.168 hectares de área que podem ser utilizadas para silvicultura, 64% da área total do Espírito Santo. Dessa área, 49,57% tem potencial natural alto, 31,96% tem potencial médio a alto e 18,47% tem potencial médio, levando em consideração a produtividade do eucalipto e as condições climáticas e pedológicas.
As áreas preferenciais para silvicultura de eucalipto, sob o ponto de vista natural, perfazem 367.254 hectares levando em consideração as áreas degradadas e 361.980 hectares considerando as áreas entre 25º a 45º de inclinação. “Essa preferencialidade permite uma análise comparativa da silvicultura com as outras culturas, pois possui melhor adaptação às condições naturais adversas e oferece maior proteção ao solo. As outras atividades agrícolas são mais sensíveis e vulneráveis aos fatores naturais limitantes, principalmente deficiência de água, nutrientes e declividade, o que evita a concorrência na ocupação de áreas rurais”, diz Murilo Pedroni.
Logística de transporte é limitante
Apesar do elevado potencial natural, tanto em termos de área apta como também em relação às áreas preferenciais para a silvicultura, a maioria das microrregiões capixabas foram classificadas como médio potencial no aspecto socioeconômico, em função do principal entrave que é a restrição na logística de transporte, especialmente, quanto ao uso atual das estradas que está no limite ou acima da capacidade de trafego. “Esse fator tem dificultado atualmente a manutenção e expansão dessa atividade em algumas regiões”, afirma o Diretor Executivo do Cedagro. Caso haja em um cenário futuro melhoria da condição logística, essas microrregiões se tornam altamente favorável a silvicultura de eucalipto.
Extremo Norte, Noroeste e Centro Oeste do ES são as regiões mais favoráveis
As microrregiões com alto potencial socioeconômico são Centro Oeste, Noroeste e Extremo Norte em função da baixa restrição na questão logística, renda da silvicultura compatível ou superior às outras atividades como também à presença de conflitos atuais ou iminentes quanto ao uso da água, condição que favorece a silvicultura de eucalipto porque normalmente não usa a tecnologia da irrigação.
A microrregião Extremo Norte apresenta índice altamente favorável nos aspectos socioeconômicos, especialmente na rentabilidade comparativa com outras atividades tradicionais como pecuária, sendo uma boa opção de diversificação para a microrregião. Já a microrregião Centro Oeste se mostrou como uma das mais favoráveis para silvicultura de eucalipto quando se analisa conjuntamente a questão natural e socioeconômica. A elevada quantidade de áreas com potencial natural e preferencial para essa atividade, aliada a razoável condição logística dentre outros aspectos socioeconômicos favoráveis, a classificam com alto potencial para o cultivo do eucalipto.
Redação Campo Vivo