Produtores rurais do norte do Espírito Santo têm vivido dias de medo e insegurança com a crescente violência que envolve o campo e que ganhou características dos problemas dos centros urbanos. Os roubos nas propriedades atingem as culturas de eucalipto, café, pimenta do reino e mamão, além de fertilizantes e equipamentos.
No combate à criminalidade e ao elevado número de ações delituosas relacionadas aos furtos e roubos no interior, oficinas de trabalho estão sendo realizadas com as organizações convocadas pelo Fórum das Entidades e Federações (FEF), formado pelas Federações da Agricultura e Pecuária do ES (Faes), do Comércio de Bens e Serviços (Fecomércio), das Indústrias (Findes), dos Tansportes (Fetransportes), e o Espírito Santo em Ação, além das polícias Civil e Militar e Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp).
Já ocorreram dois encontros, e o último, realizado dia 28 de janeiro, em São Mateus, formou três grupos de trabalho: segurança, fiscalização e institucional.
Os grupos planejarão ações a partir das propostas apresentadas nas reuniões realizadas, que são: organização de ações integradas das polícias; reorganização da estrutura das polícias Civil e Militar; integração de grupamentos policiais identificados com a região (civil, militar, ambiental, inteligência) e sistematização de uma rede de comunicação institucional, entre outras.
Os delitos cometidos no meio rural resultado em ameaças e agressões físicas à pessoas, incêndios criminosos, estímulo ao êxodo rural e prejuízos de toda ordem.
Além destes delitos foram detectados cerca de 800 fornos de carvão clandestinos que movimentam cerca de 3.300 caminhões por ano, transitando madeira ilegalmente em rodovias.
O subsecretário de Estado de Integração Institucional, Guilherme Pacífico da Silva, comenta que a união ao FEF auxilia bastante na identificação das demandas para inibir a insegurança no campo. “Temos um amplo trabalho pela frente, que já iniciamos com o diagnóstico das áreas mais afetadas, e agora vamos juntar as expertises dos profissionais que formarão os grupos de trabalho para traçarmos as ações”, conta.
Patrulhas
Uma das demandas das comunidades do norte é o aumento das patrulhas rurais, pedido que já foi atendido. A Secretaria de Segurança já disponibilizou efetivo da Polícia Militar, com operações de diagnóstico em nove municípios. A partir de agora, os grupos de trabalho formados reunirão propostas para estruturação de novos projetos e estratégias de trabalho.
O presidente da Faes, Júlio Rocha, pondera as necessidades mais urgentes no campo, mesmo com o aporte das patrulhas rurais. “Creio ser necessário padronizar os procedimentos das polícias Civil e Militar, prevalecendo as atitudes necessárias e exemplares, como no caso das prisões, em que em alguns municípios ocorrem e em outros não. Aproveitar, também, a mudança na legislação aprovada no Supremo Tribuna Federal (STF), que enseja que a impunidade seja melhor controlada”, conta.
O pedido da Secretaria de Segurança é que os agricultores denunciem os furtos pelo telefone 181, preservando o anonimato e auxiliando o trabalho de monitoramento das áreas preocupantes. “O cenário é crítico e os poucos registros oficiais das ocorrências atrapalham a fiscalização efetiva”, afirma Pacífico.
Outro pedido da secretaria é a ação conjunta entre poder público e população com a regularização dos trabalhadores para colheitas que demandam grande mão de obra, evitando contratações desordenadas e cúmplices dos roubos.
O coronel José Nivaldo Campos Vieira, da SEI – Segurança e Inteligência, diz que além da união das polícias, é imprescindível a ação de outros segmentos públicos. “Os crimes no campo têm aspectos de sonegação fiscal, transporte ilícito de produtos, carvoarias clandestinas, exploração de trabalho infantil, crimes ambientais (queimadas), etc. A união de todos fará frente a esta situação e favorecerá resultados à ação dos criminosos”, comenta.
Os roubos no norte comprometem o desenvolvimento da região impactando a geração de renda, a arrecadação dos municípios e fomenta o mercado ilegal dos produtos furtados.
Dados dos roubos:
· Municípios mais afetados: São Mateus, Jaguaré, Linhares, Conceição da Barra, Pedro Canário, Sooretama, Pinheiros, Baixo Guandu, Fundão.
· 800 fornos ilegais no Espírito Santo;
· Transporte ilegal de madeira pelas estradas do ES;
· Perda de R$ 10 milhões por ano para os produtores;
· Oito mil hectares de áreas de floresta plantadas consumidas anualmente por incêndios florestais criminosos.
Campo Vivo com informações de assessoria