Os jovens despertam mais a cada ano para as oportunidades de empreender e fazer uma carreira no campo. E não só os filhos de produtores. “Nossa agropecuária cresceu com a ajuda da ciência e da tecnologia. Passamos de importadores de alimentos para o topo do ranking de exportação, contribuindo para o sucesso da nossa economia”, afirma Daniel Carrara, secretário Executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Em sua opinião, hoje, a agropecuária brasileira tem um nível elevado de sofisticação de suas operações, novas carreiras e novos perfis profissionais. “Os requisitos de cada cadeia produtiva – do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado, na feira ou nos portos – demandam diversas habilidades e competências. E os jovens estão enxergando este horizonte de oportunidades.”
Segundo Carrara, uma prova deste interesse é o número de inscrições, no último processo seletivo do Curso Técnico em Agronegócio, agora em fevereiro, oferecido pelo Senar em várias partes do País. “Mais de 14 mil disputaram as 2.603 vagas ofertadas”, informa.
ENSINO SUPERIOR
Em busca da profissionalização de jovens e de outras pessoas que se interessam pelo setor agropecuário no País, por meio de cursos ministrados em faculdades e universidades, no entendimento de Carrara, a universidade tem um papel fundamental, “não só por ser uma geradora de conhecimento, a partir de estudos e pesquisas, mas por formar profissionais para o mercado de trabalho, carente de mão de obra especializada”.
Ele destaca que o Sistema CNA/Senar criou a Faculdade de Tecnologia CNA (Fatecna), em Brasília (DF), voltada exclusivamente para a formação de profissionais para o setor agropecuário. “A primeira turma de graduação em Agronegócio já completou um ano. Temos uma segunda em andamento e uma nova se preparando para iniciar as aulas. O curso, aprovado com nota máxima pelo Ministério da Educação (MEC), forma tecnólogos especializados em área de gestão.”
Em 2015, a Fatecna iniciou dois novos cursos de pós-graduação: “Gestão de Projetos em Agronegócio” e “Gestão Empresarial em Agronegócio”, em Brasília. “Ainda inaugurou o primeiro polo de ensino no município goiano de Alexânia, na sede do Sindicato de Produtores Rurais daquela região, onde mais de 30 profissionais estão cursando a pós-graduação em Gestão Empresarial em Agronegócio”, conta Carrara.
O SENAR
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, salienta o secretário executivo da instituição, leva conhecimento aos brasileiros do campo há 24 anos, gratuitamente. “Nós avançamos muito nos últimos anos, no sentido de ampliar nossas linhas de ação e, assim, atender melhor ao produtor, ao trabalhador rural e às suas famílias.”
O Senar oferece cursos que aperfeiçoam as habilidades de trabalhadores inseridos em mais de 300 profissões do meio rural. “Temos salas de aula, sem paredes, espalhadas pelos campos de 26 Estados e do Distrito Federal. Temos dois portais de educação à distância e polos de ensino presenciais. Introduzimos novas tecnologias, incentivamos práticas de produção sustentáveis, empreendedorismo e prestamos assistência técnica para elevar a produtividade e a renda nas pequenas propriedades”, pontua Carrara.
Além de oferecer ações de promoção social e cursos de formação continuada, voltados às pessoas já inseridas nos segmentos produtivos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural passou a atuar também em outras frentes. “O Senar já capacitou mais de 100 mil brasileiros em cursos do Pronatec, desde 2012, quando assinou um termo de adesão com o Ministério da Educação”, destaca o secretário executivo.
Ele garante que todas as capacitações profissionais oferecidas são realizadas por instrutores treinados na metodologia educacional do Senar, contando com material didático complementar, distribuído gratuitamente.
“Em 2015, ampliamos o número de vagas e de polos do cCTécnico em Agronegócio da Rede e-Tec no Senar, outra parceria com o MEC. O curso é oferecido à distância no portal, especialmente criado para ampliar a oferta e o acesso à educação profissional dos brasileiros que querem investir em uma carreira no agronegócio e em 62 polos de apoio presencial. É nestes polos que são desenvolvidas 20% das aulas do curso”, informa.
Para Carrara, esse diferencial do Senar no cenário do setor agrícola e pecuário nacional é muito importante, “porque com aulas práticas nos polos e visitas técnicas em propriedades e agroindústrias, o aluno amplia ainda mais seu aprendizado”. “Recentemente, fizemos três processos seletivos e atualmente contamos com polos de apoio em 20 Estados e no Distrito Federal.”
ASSISTÊNCIA TÉCNICA NO CAMPO
De acordo com Carrara, além da falta de profissionalização no campo, a inacessibilidade à assistência técnica e extensão rural é um dos principais fatores de baixa disseminação de tecnologia na zona rural. “A extinção da Embrater – a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural –, na década de 1990, concentrou o conhecimento entre os grandes produtores rurais e deixou órfãos os médios e pequenos. Sem apoio, homens e mulheres do campo não conseguiram acompanhar todos os avanços proporcionados pela pesquisa”, criar.
Com o intuito de melhor este cenário, ele relata que o Senar criou um modelo inovador de assistência técnica, com foco em gestão, “para realmente auxiliar pequenos e médios produtores com ferramentas, que vão além do atendimento que era feito antigamente nas propriedades”. “Nossa Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) trabalha com softwares de última geração e com o Caderno do Produtor, que auxilia na gestão, cartilhas específicas para as diversas cadeias produtivas.”
Ao longo de 2015, ele cita o lançamento de outras iniciativas que envolvem a ATeG. “A mais recente é o programa Senar em Campo, uma coleção de vídeos de curta duração, com abordagem de temas técnicos e de gestão em diferentes cadeias produtivas, para facilitar o dia a dia nas propriedades.”
PESQUISAS
Carrara também avalia a importância das pesquisas para melhorar as condições do campo. “Podemos dizer que a Embrapa é a maior produtora de conhecimento de agricultura tropical do mundo. É quem garantiu a abertura de novas fronteiras e crescimento da produção de alimentos no País.”
O secretário executivo do Senar também destaca que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, “com toda a sua capilaridade, está presente em todos os Estados e no Distrito Federal, e também é parceiro da Embrapa em diversos projetos”. “É quem tira a pesquisa das prateleiras e leva até o produtor. Com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), somos parceiros da Embrapa no Projeto Biomas, que começou em 2010, com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições. O projeto Biomas desenvolve estudos nos 6 biomas brasileiros para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais.
Outro projeto importante que o Senar desenvolve com a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é o ABC Cerrado, “que dissemina práticas de agricultura de baixa emissão de carbono e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico, preservando o meio ambiente”.
Carrara ainda cita que o Senar é o responsável pela formação profissional dos produtores rurais, pela capacitação de instrutores e pelo treinamento dos técnicos que atuarão na assistência técnica aos agricultores, com foco em quatro tecnologias ABC: recuperação de pastagens degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema de plantio direto e florestas plantadas.
CHAMADAS PÚBLICAS
Em 2016, anuncia o secretário executivo do Senar, a entidade participará das chamadas públicas de Assistência Técnica do Ministério da Agricultura. “Nas primeiras concorrências vencidas, com a ATeG, serão atendidas 3.680 propriedades de bovinocultura de leite, em seis Estados.”
Segundo Carrara, “o Senar também é um dos parceiros do governo do Reino Unido e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na execução do projeto Rural Sustentável. A iniciativa, que também tem a coordenação do Mapa, prevê a difusão de tecnologias de baixa emissão de carbono em dois biomas brasileiros: Mata Atlântica e Amazônia”.