
Produtores e exportadores de pimenta-do-reino vivem um momento de alerta. Recentemente, o Vietnã, destino de 30% das exportações brasileiras em 2025, identificou a contaminação por Anthracnona em lotes secos em secadores de calor direto. O fato tem apresentado grandes dificuldades na comercialização e exportação do produto.
Além da Europa e dos Estados Unidos, que já apresentavam restrições conforme Legislação, os importadores do Vietnã agora também passam a exigir a pimenta-do-reino seca exclusivamente ao sol, informou o Associação Brasileira de Especiarias (BSA), Frank Moro.
“Além das barreiras comerciais, o impacto econômico já é sentido no bolso do produtor, o maior prejudicado nesta história. A pimenta seca em secadores de calor direto sofreu forte desvalorização no mercado internacional. A diferença de preço, que antes girava em torno de R$ – 0,50 por quilo, já alcança R$ – 1,50 por quilo, quando comparada à seca ao sol”, informou.
Moro destaca que, é necessária a substituição urgente do método de secagem. A recomendação é que os secadores mecanizados sejam utilizados apenas como segunda opção, restritos a dias chuvosos ou nublados, para reduzir riscos de contaminação. Nestes casos, a orientação é priorizar sistemas a gás, elétricos ou de calor indireto controlado.
A secagem ao sol, incluindo estufas solares, volta a ser apontada como a melhor alternativa. O método utiliza o sol, recurso mais abundante e disponível ao produtor brasileiro. Além de atender às exigências internacionais, a pimenta-do-reino seca neste método apresenta vantagens produtivas e comerciais.
“Estudos do setor indicam que a pimenta seca ao sol pode render até 20% a mais em peso, quando comparada à pimenta processada em secadores rotativos. Outro diferencial está na qualidade: a pimenta seca naturalmente não sofre contaminação por resíduos da fumaça, preservando maior teor de piperina e óleos voláteis, compostos essenciais para o sabor e a ardência do produto”, explicou o presidente da BSA.
Valda Ravani, Jornalista, Portal Campo Vivo

