A criação de abelhas sem ferrão – meliponicultura – é uma atividade pouco divulgada no Espírito Santo, contudo há uma demanda crescente de pessoas interessadas pelo setor. E é por este motivo que estagiários do Incaper em Biologia e o biólogo da Fazenda Experimental de Linhares, Alex Fabian Rabelo Teixeira, têm desenvolvido ações de pesquisa e educação ambiental para conhecer e caracterizar as espécies de abelhas sem ferrão no Estado.
Segundo Alex Fabian, a atividade vem ganhando espaço aos poucos e um exemplo disso foi a participação de aproximadamente 200 pessoas no primeiro encontro de criadores de abelhas sem ferrão, realizado este ano no município de Aracruz. O tema também ganhou importância em oficina do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura, o Pedeag 3, que discutiu e traçou ações para o futuro da cadeia produtiva da criação de abelhas.
As ações desenvolvidas são de pesquisa, assistência técnica, extensão rural e educação ambiental para conhecer e caracterizar as espécies de abelhas sem ferrão no Estado, quanto ao status ecológico e o potencial para criação; cadastrando os meliponicultores (criadores de abelhas sem ferrão); realizando demonstração de métodos, palestras e minicursos; estudando e descrevendo as experiências dos meliponicultores capixaba; ofertando estágios para estudantes, visitas técnicas e excursões e buscando articulações para criar uma legislação estadual para regulamentar a atividade no Espírito Santo.
Todas essas ações estão previstas no projeto “Um novo olhar sobre os sistemas tradicionais: inovação e socialização de tecnologias para a transição agroecológica da produção animal”, aprovado no Edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes Nº 11/2013).
Resultados apresentados
Atualmente das 243 espécies de abelhas sem ferrão registradas no Brasil, 42 espécies ocorrem no Estado, sendo que apenas três espécies são comumente criadas: jataí, uruçu amarela e uruçu capixaba; e pelo menos oito espécies possuem potencial para criação: mumbuca, mandaçaia, guaraipo, monduri, tubiba, mandaguari amarela, borá ou jataí gigante, iraí.
De acordo com Alex Fabian, todas as espécies podem ser empregadas em programas de polinização. As espécies mais mansas, comuns e de fácil observação podem ser usadas em trabalhos com educação ambiental, como mosquitinho, moça branca, zé de abreu, iraí, jataí, mirim preguiça e marmelada amarela; no mínimo quatro espécies necessitam de ações visitando conservação, proteção e conscientização, devido a importância ecológica endemismo e perigo de extinção, como o uruçu capixaba, uruçu boi, uruçu do chão e cupira sooretame.
“O meliponicultor capixaba tem na atividade uma forma de lazer e contato com a natureza, sendo que alguns poucos, obtém renda. No Espírito Santo há uma carência de pesquisa e o setor deve ser melhor estudado”, ressalvou Alex.
Por fim, Alex ressaltou que o meliponiculor legalizado é um agente importante na preservação das abelhas nativas sem ferrão da sua região de origem, mantendo as populações que são responsáveis pela polinização de diversas espécies vegetais nativas e de interesse agrícola.
Meliponicultura
Essa atividade agropecuária é praticada de forma tradicional, principalmente por agricultores de economia familiar, comunidades indígenas e quilombolas.
O termo Meliponicultura – criação de abelhas nativas sem ferrão – foi cunhado em 1953 pelo professor doutor Paulo Nogueira-Neto, renomeado pesquisador brasileiro, para distinguir da Apicultura (criação racional de abelhas do gênero Apis).
No Brasil, antes da introdução das abelhas melíferas (Apis mellifera), grandes produtoras de mel, as abelhas criadas eram exclusivamente as nativas sem ferrão, que eram mantidas e manejadas de forma artesanal.
Curiosidades sobre o setor
Estudantes, agricultores, meliponicultores e público em geral que tiverem interesse em conhecer melhor a Meliponicultura, devem entrar ligar para (27) 3371-5341.
Tatiana Caus