Nova política chinesa pode favorecer países exportadores de carnes

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Lançado recentemente, o novo Plano Quinquenal da China somente ganhou atenção mundial por trazer a notícia do abandono oficial da “política do filho único”, mantida pelo governo chinês há algumas décadas (desde o final dos anos 1970).

Porém, de acordo com Chloe Ryan, jornalista do site especializado em carnes Global Meat, este que é o 13º plano quinquenal dos chineses traz em seu bojo o anúncio de políticas que podem beneficiar os países exportadores de carnes e matérias-primas. 

O documento, que estabelece os planos de governo da China para o quinquênio 2016-2020, sinaliza futura adoção de novas estratégias no tocante ao abastecimento de alimentos para a população. E revela, por exemplo, a próxima introdução de uma política mais voltada para as importações do que para o aumento da capacidade de produção.

Quem já antecipa ação nesse sentido é o próprio Ministro da Agricultura da China, Han Changfu, que – em entrevista ao China Daily – anunciou que os focos, doravante, serão a estabilidade da produção e a melhora qualitativa dos alimentos produzidos.

Exemplificando, Changfu cita que, em decorrência do crescimento da população (agora não mais sujeita ao filho único) e da veloz urbanização do país, a demanda chinesa por grãos deve passar de 600 milhões de toneladas em 2014 para cerca de 700 milhões de toneladas em 2020. Isso vai representar, provavelmente, déficit de 100 milhões de toneladas que – antecipa – será preenchido por importações. A meta é manter autossuficiência apenas com o arroz e o trigo.

Professor da Universidade Renmin (Pequim), o economista agrícola Zheng Fengtian afirma que há uma grande chance de, nestes próximos cinco anos, o país aumentar as importações não apenas de grãos como soja e milho, mas também de carnes e leite. E acrescenta que essa é a típica estratégia do tipo “ganha-ganha”, pois, internamente, haverá maior disponibilidade de áreas para o plantio de trigo e arroz e, do ponto de vista do abastecimento, o suprimento externo será não só abundante, mas também mais barato [que a produção interna].

O 13º Plano Quinquenal chinês também anuncia a intenção de alterar radicalmente a forma de produção dos alimentos consumidos internamente. E o que se busca, naturalmente, é a profissionalização da agropecuária.

A propósito é observado que o agronegócio chinês envolve 7% da força de trabalho local, enquanto entre os norte-americanos o setor é mantido por apenas 1,5% da força de trabalho dos EUA. A meta, assim, é chegar o mais próximo possível desse índice. Não parece, mas o índice almejado faz imensa diferença em um país que, como a China, tem mais do que o quádruplo da população dos EUA (1,367 bilhões/hab contra 321,3 milhões/hab).

 

 

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