
O café, consumido por 98% da população brasileira, passa por mudanças nos padrões de consumo. É o que revela a pesquisa “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor (2019–2025)”. O estudo foi encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), e realizado pela quarta vez pelo Instituto Axxus, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da UNICAMP.
“Os resultados mostram uma transformação nos hábitos de consumo. Porém, o brasileiro continua amando e comprando café, e o fato de 87% dos entrevistados reconhecerem o selo da ABIC como um guia de qualidade nos enche de orgulho, pois demonstra que, mesmo em tempos de crise, o cliente final valoriza a segurança do alimento e a confiança que a nossa certificação representa. Nosso papel é acompanhar de perto essas mudanças, e apoiar o mercado para que o café de qualidade continue acessível a todos”, analisa Mônica Pinto, Gerente de Marketing da ABIC.
Mudança nos padrões de consumo
Em 2019, 29% dos entrevistados declararam tomar mais de seis xícaras de café por dia. Em 2021, a percentagem era de 30%, já em 2023, a percentagem foi de 29% e, em 2025, o índice foi para 26%. Já o grupo que consome até duas xícaras segue crescendo: em 2019, o índice foi de 8%, em 2021 e 2023 foi de 10% e, agora, em 2025, o índice chegou a 14%.
Além disso, a pesquisa mostra que 2% dos consumidores aumentaram a ingestão de café em 2025, contra 16% em 2023. O destaque negativo fica para os 24% que reduziram o consumo, a maior taxa da série histórica. Esse recuo está diretamente associado ao encarecimento da bebida: nos últimos dois anos, o café figurou entre os alimentos que mais subiram no IPCA, com altas superiores a 70%, segundo IBGE e ABIC.
Preço redefine escolhas e comportamento
O impacto do valor também aparece na forma de comprar e consumir café. Quase quatro em cada dez consumidores (39%) afirmaram optar pela opção mais barata, mais que o dobro de 2023 (16%). A fidelidade às marcas cede lugar à busca pelo menor valor. Nas cafeterias, o movimento é semelhante: a frequência caiu de 51% em 2023, para 39% em 2025. O levantamento mostra que os principais motivos para a queda são preços elevados, mau atendimento e qualidade inconsistente da bebida. Para muitos, preparar o café em casa se torna a alternativa mais viável, não apenas pelo custo, mas, também, pelo conforto e conveniência.
Novos canais de compra e informação
A pressão econômica também influencia onde e como o café é adquirido. Os atacarejos aumentaram sua participação de 24,6% (2023) para 28,2% (2025), enquanto pequenos varejistas e cafeterias perderam espaço. No ambiente digital, o YouTube desponta como principal fonte de informação sobre café para 13,2% dos consumidores, contra 8,6% em 2023, superando redes sociais e até sites especializados.
“Mesmo em um cenário de alta expressiva nos preços, o café segue presente no cotidiano dos brasileiros, mas de forma mais moderada e seletiva. A pesquisa revela que o consumidor não abre mão da bebida, mas está adaptando seus hábitos ao novo contexto econômico”, comenta o pesquisador do IAC e coautor do estudo, Sérgio Parreiras Pereira.
Tradição em transformação
Apesar das mudanças, a pesquisa mostra que o café ainda é um dos símbolos culturais mais fortes do país, consumido por 98% da população. O selo de qualidade da ABIC permanece como referência positiva para 87% dos entrevistados, e o consumo matinal “ao acordar” segue praticamente universal. O que se observa é uma transformação nos hábitos de consumo. A bebida se mantém como sinônimo de sociabilidade, prazer e energia, mas, agora, com escolhas mais criteriosas e, muitas vezes, mais econômicas.
Estudo ouviu mais de 4 mil pessoas em todo o país
O levantamento, realizado em setembro de 2025, entrevistou 4.200 pessoas em todas as regiões do país, por meio de questionários presenciais aplicados com rigor metodológico. O objetivo foi compreender como e por que os brasileiros estão alterando seus hábitos de consumo de café, em um contexto marcado pela alta expressiva dos preços do produto nos últimos dois anos.
Nesta edição, o estudo acompanha a evolução do consumo ao longo de momentos marcantes da sociedade brasileira: 2019 – antes da pandemia de Covid-19; 2021 – durante a pandemia, quando houve mudanças profundas nos hábitos dentro de casa; 2023 – após a reabertura, com retomada de atividades presenciais, e 2025 – em um cenário de forte pressão de preços no varejo.
Rigor metodológico
A amostra foi estratificada por gênero, faixa etária, renda e região geográfica, assegurando representatividade nacional. O estudo adota nível de confiança de 99% e margem de erro de 2%, garantindo consistência estatística e comparabilidade entre as quatro edições. Segundo o coordenador do estudo, Professor Rodnei Domingues, a robustez metodológica é um dos pontos centrais do trabalho.
“O cuidado com a estratificação da amostra garante que o estudo reflita a realidade de diferentes perfis de consumidores em todo o Brasil. Trabalhamos com alto nível de confiança e margem de erro reduzida, o que nos permite comparar os resultados ao longo dos anos com segurança científica e identificar tendências consistentes nos hábitos de consumo”, compartilha.
Comunicação ABIC