O Brasil exportou um volume recorde de 5,55 milhões de toneladas de milho em outubro, superando em 40 por cento a marca histórica anterior, registrada dois anos antes, em um momento em que o câmbio desvalorizado favorece a competitividade dos produtos agrícolas brasileiros.
Os embarques de café também foram recordes no mês passado, mostraram nesta terça-feira dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Na comparação com o mês de setembro, os embarques de milho subiram 61 por cento, com as exportações brasileiras do cereal caminhando para níveis históricos na temporada. O Brasil é o segundo exportador global do produto, atrás dos Estados Unidos.
A escala recente de navios previstos para carregar o cereal nos portos brasileiros em novembro mostrava que o ritmo forte deverá continuar, com carregamentos previstos de 5,3 milhões de toneladas do cereal este mês, 148 por cento acima do previsto um ano atrás para novembro de 2014.
"O preço recebido pelo milho exportado segue superior aos registrados atualmente no mercado spot (físico no interior do país), que se encontra em alta", destacou a Esalq em relatório semanal, ressaltando os efeitos do câmbio para a atratividade das vendas nos portos.
O dólar foi negociado perto de 4 reais ao longo de todo o mês de outubro, após romper 4,20 reais no fim de setembro, marcando o maior patamar já registrado.
A competitividade do milho brasileiro é apontada como um dos fatores que têm prejudicado as exportações de grãos dos Estados Unidos atualmente, apesar de uma colheita quase recorde em andamento.
Nesta terça-feira, a gigante norte-americana ADM disse que seu resultado financeiro no último trimestre foi prejudicado pela forte competição imposta pelos grãos brasileiros aos produtores dos EUA.
Os embarques de soja recuaram 30 por cento em outubro ante setembro, como é habitual nessa época do ano em que o pico da oferta da safra já está distante. Ainda assim, os embarques do mês passado foram os maiores para um mês de outubro na série histórica do Secex.
O volume de 2,6 milhões de toneladas representou um crescimento de 250 por cento na exportação da oleaginosa em outubro na comparação com um ano antes.
CAFÉ
Os embarques de café verde também registraram recorde em outubro, favorecidos pelo câmbio.
As exportações do Brasil, maior produtor e exportador da commodity, somaram 3,31 milhões de sacas, alta de 13 por cento ante setembro. Também excederam em 7 por cento os embarques de outubro de 2014, quando o recorde anterior havia sido registrado.
"A desvalorização da nossa moeda torna bastante rentável o café brasileiro para o importador", destacou o sócio-diretor da corretora Escritório Carvalhaes, Sérgio Carvalhaes, em Santos (SP).
Segundo ele, as desvalorizações do real ante o dólar tendem a pressionar as cotações do café na bolsa de Nova York, mas não reduzem os preços para o consumidor final ao redor do mundo, o que indica boas margens para os importadores e forte interesse de compra do produto brasileiro.
"O Brasil vem sempre trabalhando com embarques grandes nesse último ano… Para nós (esse recorde no registro da Secex) não surpreende", disse o analista.
Campo Vivo com informações de assessoria