ESPECIAL TECNOLOGIA: Pesquisas avançam sobre uso de drones na aplicação de defensivos e fertilizantes

A Ufes está com nove estudos em andamento sobre aplicações com drones

por Portal Campo Vivo
Imagem: gerada por IA

As Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), conhecidas por drones, estão ocupando cada vez mais espaço nas atividades agrícolas. Ao mesmo passo, seguem avançando de forma significativa as pesquisas relativas à tecnologia de aplicação de defensivos e fertilizantes nas propriedades rurais.

O Laboratório de Mecanização e Defensivos Agrícolas (LMDA/UFES) do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), com apoio da Secretaria do Estado da Agricultura e financiamentos provenientes de Editais de apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), está desenvolvendo um estudo, que está em fase final, sobre o uso de drones no controle de ácaro em coqueiro.

Quer receber as principais notícias do agro capixaba e nacional no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no grupo do Portal Campo Vivo!

Apesar de parciais, os resultados são satisfatórios e, em breve, serão divulgados, frisou o professor e pesquisador da Ufes, Campus São Mateus, Edney Leandro da Vitória. “Atualmente temos um trabalho de doutorado, seis trabalhos de mestrado e dois de iniciação científica em andamento. Todos incluem aplicações por meio de aeronaves remotamente pilotadas”, disse.

Dentre os temas e culturas contemplados nos estudos estão: qualidade de deposição das gotas de deriva e manejo operacional na aplicação de picloram na dessecação de pastagens; controle do ácaro branco na cultura do mamão; qualidade de aplicação de fungicidas em diferentes estágios de desenvolvimento de uma lavoura de banana; controle de ácaro na cultura do coco; e estudo da deriva em pulverizações e aplicações utilizando cromatografia líquida e gasosa.

“Em nossos estudos partimos da premissa que é possível o controle de pragas e doenças em qualquer cultura por meio da pulverização e aplicação com o drone. A depender da cultura (arquitetura foliar, estágio de desenvolvimento) e do alvo biológico (tipo de praga ou doença, localização na planta, incidência), há necessidade de estudar o posicionamento das gotas pulverizadas, por meio de configurações adequadas, considerando a taxa de aplicação, tamanho da gota, faixa de aplicação, altura e velocidade de voo, além da observação das condições meteorológicas no momento da aplicação”, explicou o professor.

Tecnologia sustentável

Edney Leandro da Vitória, professor e pesquisador da Ufes, Campus São Mateus. Foto: arquivo pessoal

A pulverização e aplicação com o drone é uma operação que pode ser considerada sustentável, informa o pesquisador Edney Leandro da Vitória. Destaca que socialmente é possível minimizar a exposição do operador aos agentes tóxicos, reduzir o risco ambiental da deriva e economicamente o custo por área aplicada tende a ser menor que os outros tipos de aplicação.

“Infelizmente a aviação agrícola tripulada para aplicação de fitossanitários é alvo de ataques e críticas por aqueles que não conhecem a atividade séria e responsável da maioria das empresas do setor. Qualquer forma de aplicação, seja terrestre ou aérea, pode trazer prejuízos ao meio ambiente e ao ser humano se questões técnicas de aplicação e segurança operacional não forem observadas”, relatou da Vitória.

Apesar das inúmeras vantagens, há gargalos relacionados à regulamentação do setor que precisam ser sanados como a baixa qualificação técnica de alguns prestadores de serviço e a falta de fiscalização da atividade.

Embora exista a regulamentação do setor (Portaria 298/2021 do Ministério da Agricultura e Pecuária – Mapa), a mesma precisa ser atualizada com urgência para adequações às novas realidades e perspectivas do setor. O Mapa tem trabalhado neste sentido.

“Uma consulta pública para adequação da Portaria 298 está disponível para sugestões e recomendações e, posteriormente, serão enviadas ao Mapa. Temos observado um aumento das denúncias, além de reclamações de baixa eficácia devido à falta de qualificação”, declarou o pesquisador.

Uso de drones otimiza recursos e contribui para uma agricultura mais sustentável

No mercado há drones que capturam informações invisíveis a olho humano que permitem o mapeamento das lavouras para tomada de decisões

O mercado de drones agrícolas está em crescimento no Espírito Santo e o produtor rural já percebeu os inúmeros benefícios que a ferramenta pode proporcionar, quando utilizada da maneira correta. É uma tecnologia que veio para ficar, otimizando tempo e recursos, possibilitando o monitoramento e o controle de pragas e doenças de forma precisa, além de outras soluções.

O que motivou a XRF Tecnologia Agrícola a ingressar nesse mercado foi a possibilidade de levar tecnologia de ponta ao produtor, solucionando problemas no tempo certo, sem a necessidade de investir na aquisição de novos equipamentos, que em sua maioria são muito caros.

A XRF Tecnologia Agrícola ingressou no mercado de drones para levar tecnologia de ponta ao produtor, solucionando problemas no tempo certo, sem a necessidade de investir na aquisição de novos equipamentos

O sócio-diretor da empresa e engenheiro agrônomo, Fabio Madeira Barreto, destacou que participar do desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável, reduzindo o uso de água e produtos fitossanitários, assim como o contato humano com produtos químicos, já que com o uso dos drones o trabalho é feito de forma remota sem necessidade do operador ter contato direto com os produtos, motiva trabalhar com a ferramenta que tornado cada vez mais forte à medida que a tecnologia vai evoluindo.

“Na época do uso exclusivo de bombas costais o operador ficava o tempo todo exposto aos produtos e, mesmo com o uso correto dos EPI’s, isso representava um risco à sua saúde. É inegável que os drones de pulverização se tornaram uma excelente solução para esse tipo de problema”, comentou Barreto.

São muitas as possibilidades de atuação do uso de drones no setor, sendo utilizados na pulverização de produtos líquidos e na dispersão de produtos sólidos, como é o caso de adubos granulados e sementes.

Por meio do uso dos drones é possível chegar em lugares onde os tratores convencionais não chegam, como as regiões de relevos mais declivosos e lavouras onde o espaçamento das plantas é mais adensado. O drone também soluciona o problema do amassamento de plantas gerado pelos pneus dos tratores quando entraram na área. Dessa forma, o agricultor pode aproveitar 100% da sua área sem perdas, destaca Alexandre Basílio Oliveira, engenheiro agrônomo e sócio-diretor na XRF.

“Nesses exemplos citamos apenas os drones de pulverização. Quando vamos para os de imageamento temos outra gama de possibilidades, como o uso para geração de Índices de Vegetação, como o NDVI, NDRE, GNDVI, IAF, Topografia, Regularização de Imóveis Rurais, Monitoramento de Redes de Energia, Inspeção de Obras, dentre outros”, relata Oliveira.

Além disso, há no mercado drones capazes de capturar informações que são invisíveis a olho humano, como é o caso dos acoplados com sensores multiespectrais. Esses equipamentos realizam o mapeamento das lavouras e geram informações importantes do ponto de vista agronômico, os chamados Índices de Vegetação, sendo capazes de identificar pontos na lavoura onde as plantas estão menos saudáveis em comparação com o todo.

“Com essa tecnologia, o agricultor pode identificar de forma precisa quais as áreas precisam de mais atenção, ajudando na tomada de decisão e na solução do problema no tempo certo”, frisou Oliveira.

Quem já faz o uso de drones na pulverização é o produtor rural Estevão Giacomin Alves, na Fazenda Ebenezer, no distrito de Jacupemba, município de Aracruz. O produtor utiliza a tecnologia desde 2021 na lavoura de café Conilon.

Dentre as vantagens observadas pelo produtor está a aplicação de produtos em áreas mais adensadas onde não há possibilidade de entrada de trator; uniformidade e precisão na aplicação e a escolha do melhor horário para realiza-la; menor dano ambiental; além da redução de riscos à saúde do trabalhador e de intoxicação, quando comparado ao manual ou mecanizado por meio do trator.

Produtor Estevão Giacomin. Foto: arquivo pessoal

A rapidez da aplicação comparada ao equipamento terrestre, onde muitas vezes a janela climática para um melhor aproveitamento para determinado produto é pequena, como é caso dos defensivos biológicos que são mais sensíveis, e de ações potencializadas quando aplicados em condições climáticas específicas, é outra vantagem apontada pelo produtor.

“Por conseguir aplicar mais rapidamente, consequentemente, o produto também faz efeito e controla a pragas e doenças mais rápido. Com o drone conseguimos controlar melhor a dosagem e com maior exatidão, às vezes economizando produto”, declarou Estevão.

Especial Tecnologia – Revista Campo Vivo. Edição nº 52, jan/25.

Você também pode gostar

O Portal Campo Vivo é um veículo de mídia especializada no agro, da Campo Vivo – Inteligência em Agronegócios, empresa ligada diretamente ao setor dos agronegócios, interessada na valorização das cadeias produtivas da agropecuária capixaba e nacional.

Siga nossas redes sociais

Desenvolvido por ideale.dev

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Vamos supor que você está de acordo, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar