Oferta elevada derruba preços do mamão em 2024 no Espírito Santo

0

Falta de mão de obra, mudanças climáticas bruscas e doenças são grandes desafios enfrentados por produtores e empresários

A tendência do mercado de mamão para 2024 será de maiores volumes e menores preços nas lavouras no Espírito Santo. O fato é consequência da média de preço muito acima da praticada em 2022 e 2023 que capitalizou os produtores, e fez com que investissem forte em grandes áreas produtivas. Produtores e empresários fazem um panorama do mercado interno e externo para este ano e seus principais desafios.

Quer receber as principais notícias do agro capixaba e nacional no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no grupo do Portal Campo Vivo!

Rodrigo Martins | Foto: Arquivo pessoal

O diretor comercial das empresas UGBP – Union of Growers of Brazilian Papaya e Doce Fruit Exportações, Rodrigo Martins, lembra que no início de 2023 o volume de produção estava baixo e com preços altos, acima da média histórica. Esse cenário mudou completamente no segundo semestre. Após o inverno, os preços caíram significativamente pelo fato da produção ter aumentado, o que permanece até hoje.

“Sobre exportação, em 2023 tivemos um volume menor de venda, mas um faturamento maior, agregando mais valor ao preço da mercadoria. Neste ano, esperamos um volume um pouco maior para compensar essa perda que tivemos em 2022/2023, para recuperar o volume de exportação de 2022 que foi pouco mais de 50 mil toneladas”, disse Martins.

O diretor da AGC Frutas, Altenis Galavotti Carraretto, pontua que existe um apetite de crescimento em relação ao mercado externo, mas é necessário estreitar as negociações. Escassez de mão de obra, mudanças climáticas e doenças do mamão têm deixado a produção e mercado mais sensíveis, ressalta.

Altenis Galavotti Carraretto | Foto: Arquivo pessoal

“Precisamos nos movimentar e buscar acordos lá fora, na União Europeia, para vendermos mais, pois existe um mercado exterior muito grande. Outro desafio que precisamos vencer é a escassez de mão de obra tanto no campo, quanto na packing house (casa de embalagem), nosso principal gargalo. Outro fator urgente são investimentos em novas variedades resistentes às viroses que têm devastado plantios, e, em tecnologia, para se ter um shelf life melhor, uma fruta com mais sabor e melhor durabilidade, e, também, em inteligência artificial para otimizar informações e processos, como temos feito no Grupo AGC”, relatou, pontuando que no mercado interno a previsão é maior oferta do produto, com preços médios, mas nada comparado aos dois últimos anos.

CEO da empresa Nortefrut desde 2008, Sávio Cazelli Torezani, pontua que o mamão é uma cultura dinâmica e totalmente ligada ao clima onde as lavouras estão instaladas, por isso qualquer oscilação climática maior, seja por falta de chuvas por período prolongado ou excesso em períodos curtos, pode fazer com que o cenário mude e os preços subam de forma não planejada.

Sávio Cazelli Torezani | Foto: Arquivo pessoal

“Isso também afeta diretamente a qualidade, já que o mamão é uma fruta muito perecível e com a umidade do ar alta por um longo período de tempo (chuvas em excesso), aparece um número maior de doenças fúngicas que fazem as frutas estragarem mais rápido”, informou.

Outro alerta de mercado feito por Torezani é sobre a importância dos produtores tomarem consciência de que os plantios se espalharam por todo o Brasil, principalmente da variedade Formosa, o que tem aumentado cada vez mais a disputa entre as regiões para conseguirem escoar essa produção, pois as vendas se concentram essencialmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

“É importante que o produtor tenha um comercializador parceiro para planejar o tamanho da área a ser plantada, compatível com a quantidade de venda que ele possui para aquela fruta daquela região. A medida evita que no momento em que a colheita se iniciar, as frutas não tenham dificuldades em serem comercializadas ou, até mesmo, que fiquem maduras nas plantas e sejam jogadas fora ainda na lavoura por falta de venda, como vimos recentemente acontecendo no final de 2023 e início de 2024”, concluiu o Ceo da Nortefrut.

Desafios com exportação

As maiores exportações são feitas pelos aeroportos de Guarulhos e de Viracopos, parte pelo Rio de Janeiro e somente 5% do que é exportado no ES sai por Vitória, informa Rodrigo Martins. Em um futuro próximo, o sonho é que no Norte capixaba, especialmente no Aeroporto Regional de Linhares, inaugurado recentemente para voos comerciais, sejam feitas exportações do agronegócio capixaba.

“Iniciou-se voos por Vitória, por um cargueiro, mas existem entraves e necessidades de algumas adaptações, como o efetivo e escalas de trabalho dos fiscais do Ministério da Agricultura, para emplacar de vez, mas, já é um começo”, disse.

Quanto às exportações via aeroporto de Linhares, empresários e produtores esperam que as negociações se iniciem e tenham infraestrutura adequada para esse fim em breve. “Sempre foi um sonho nosso embarcar a fruta mais perto da fazenda possível. Esperamos que num futuro próximo Linhares seja agraciada também. Ainda é preciso estrutura específica para movimentação de cargas e negociações com companhias aéreas, a fim de ter uma base operacional no município. Quanto ao que se refere à exportação é tranquilo, pois temos volume de mamão suficiente, por exemplo, para encher vários aviões cargueiros toda semana”, concluiu Martins.

Redação Campo Vivo

Compartilhar:

Deixar um Comentário