ESPECIAL – O conilon no campo: nutrição das plantas

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL CONILON 2022 (Edição 48 – Julho 2022)


Bioestimulantes vem ganhando força na cafeicultura

O café é um dos principais produtos da pauta de exportações do agronegócio do Espírito Santo. É claro, um importante gerador de emprego, renda e, principalmente, um meio de vida para milhares de agricultores capixabas. É sabido que o uso de tecnologias adequadas torna a atividade competitiva e sustentável, além de garantir a oferta de produtos de qualidade aos consumidores e, como consequência, a geração de melhores condições de vida para agricultores.

Com o passar dos anos, a tecnologia vem contribuindo para que os produtores estejam sempre atualizados no que se refere à melhoria da lavoura em relação a pesquisas, resultados, nutrientes, tecnologia. O doutor em solos e nutrição de plantas e sócio administrador da Soil Agro, Henrique de Sá Paye, diz que uma tecnologia que vem ganhando notoriedade quando se pensa em nutrição da lavoura, são os “bioestimulantes”. “Estes são um grupo de produtos, que além da função de nutrir plantas, também tem a de estimular ou ativar alguns processos naturais do metabolismo”. Dentro desse grupo de produtos, a gente poderia colocar os principais que são os aminoácidos e os peptídeos, os extratos de algas, as substâncias húmicas, as vitaminas e enzimas, os macros e micronutrientes, sejam eles quelatizados ou não, a base de quelatos naturais ou não”, pontuou.

Ainda para o especialista, há um outro grupo de produtos que vem ganhando espaço no mercado agrícola, principalmente em função do apelo de sustentabilidade ambiental são os microrganismos benéficos, que tem função como fixadores de nitrogênio, solubilizadores de fosfato e potássio e os promotores de crescimento. Então hoje eu acho que como novidade nesse mercado de nutrição das plantas, embora não seja de fato uma novidade, é algo que já vem ao longo dos anos se fortalecendo no mercado, acredito que essa seja a grande aposta de negócio, esses dois grupos de produtos, que podemos chamá-los de tecnologias”, afirma o especialista em nutrição

Henrique Paye

Paye ressalta que no momento o foco vem sendo as ferramentas digitais, que utilizam modelagem matemática e inteligência artificial, afim de avaliar a fertilidade dos solos e o estado nutricional das plantas com o objetivo de fazer um diagnóstico disso para propor balanços nutricionais visando a recomendação de adubos e corretivo de acidez. “Tenho visto muito a procura para trabalhar com base de dados extensos, como se faz em soja, milho, algodão, e no café agora não está sendo diferente, devido principalmente a alta dos produtos. Então se busca cada vez mais eficiência, pois trabalhando com modelagem matemática, você consegue, a partir de um banco de dados, criar algoritmos capazes de ajustar um balanço nutricional, de acordo com a realidade de cada propriedade rural e, a partir disso, propor um plano de adubação para se aplicar nas áreas e ter a máxima eficiência e o melhor rendimento”, destaca.

Atualmente, segundo Henrique, existem muitas pesquisas sendo realizadas envolvendo nutrição das plantas, essas focadas especialmente na parte fisiológica, não só nos nutrientes, mas também em fontes alternativas mais eficientes, mais limpas, que possam dar uma resposta melhor nas culturas, principalmente que possam ter um caráter estimulante ou ativador de processos naturais do metabolismo das plantas, tanto pensando em rendimento quanto também em defesa. “Hoje nós temos uma série de produtos que além de nutrir, estimulam o metabolismo, tanto para a produtividade, como também pra defesa, que é a formação de elicitores, que são substâncias que provocam processos naturais na planta de defesa, levando-a a ficar mais protegida contra pragas e doenças e também intempéries que não são bióticos, não são de vida, ou seja: temperatura, umidade, radiação, enfim, uma série de condições ambientais que possam levar ao estresse da planta. Então o que sabemos é que hoje, há uma série de compostos químicos, sejam eles naturais ou sintéticos, que promovem não só a melhoria do metabolismo, mas como também estimulam a auto defesa das plantas, a produção de fitoalexinas, que seriam como se fossem auto defesa da planta, como substâncias que produzem outras substâncias, e vão defender a planta do ataque de insetos e pragas, e também podem auxiliar as plantas a se defenderem melhor do estresse climático, causados por condições abióticas”, pontua.

Outra tecnologia que também vem sendo aplicada no campo, segundo Henrique, é a questão do diagnóstico. “Nessa parte eu destacaria anais de seiva. A gente vê muitos produtores que trabalham com culturas rápidas, de ciclo curto, como tomate, cenoura, pimentão, cebola, que vem utilizado muito anais de seiva como uma alternativa há mais de tecido vegetal. E por que? Porque ela é rápida! Em 24 horas ela entrega um resultado, consegue antecipar problemas de deficiência nutricional, verificar a deficiência nutricional e o balanço nutricional das lavouras, fazer correções muito rápidas, diminuindo o tempo de diagnóstico e fazendo a correção em tempo muito hábil, diminuindo às perdas. Essa é uma tecnologia que vem sendo muito utilizada, principalmente aqui na região de Linhares nos produtores de tomate, mas também produtores de cenoura, pimentão, melancia aqui e do Sul da Bahia, que também tem utilizado muito”.

Jean Rodrigo Romagna

O produtor e gerente de produção da A4 Agrícola e Pecuária, Jean Rodrigo Romagna, trabalha praticamente 100% da nutrição da sua fazenda de aproximadamente 400 hectares de café conilon, situada no extremo sul da Bahia, no município de Guaratinga, via fertirrigação e para ele, a grande variedade de produtos com alta performance e qualidade, aliadas às novas tecnologias, permitem um programa nutricional completamente balanceado, de acordo com cada fase fenológica das plantas. “A prática cada vez mais comum de uso de produtos biológicos que ampliam a eficiência das plantas na absorção de alguns nutrientes, aumenta a biota do solo e promove ótimos resultados. No quesito tecnologia, nós também podemos contar com os injetores de fertilizantes que estão ficando cada vez mais precisos e permitem alta eficiência nas fertirrigações otimizando as operações. As imagens aéreas, de drones e satélites, também estão se tornando comuns para ajudar o produtor no manejo nutricional, pragas e doenças”, avalia o gerente.

Para Jean, hoje a realidade do produtor em relação ao acesso às tecnologias, tem sido outra, comparada há alguns anos, o que é muito importante e bom, já que dependendo da região, a mão de obra capacitada de campo tem ficado cada vez mais difícil de ser encontrada. “O investimento em tecnologias, principalmente as de automação, reduz a dependência da propriedade do fator humano, e no médio longo prazo, se torna uma alternativa completamente viável para nos ajudar”.

E com toda a experiência que possui no ramo, e às práticas que vem aplicando na sua lavoura e tem dado certo, Jean deixou a dica para os demais produtores sobre como vem trabalhando. “Primeiro eu faço o preparo e correção do solo eficiente, depois faço às escolhas de boas genéticas para o campo, defino a população de acordo com a necessidade e capacidade da propriedade, os sistemas de irrigação e fertirrigação de alta performance, analiso o programa nutricional adequado estabelecido com ajuda de profissionais capacitados, o manejo de irrigação, de pragas e doenças, e o planejamento e eficiência na colheita. Fechando esse ciclo, dificilmente o produtor não terá um bom resultado”, finaliza Jean.

Redação Campo Vivo

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