ES declara estado de atenção por falta de chuvas

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Situação hídrica influenciada pela estiagem e vazão crítica dos rios provoca prejuízos na produção agrícola capixaba

O Espírito Santo está em estado de atenção por causa da falta de chuva. O Governo do Estado, por meio da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), decretou nesta segunda-feira (15) estado de atenção por causa da estiagem prolongada e da situação das barragens e dos rios no território capixaba.

A queda no volume de chuvas e na vazão dos mananciais já afeta a produção agrícola. O cenário transformou a paisagem de uma área de cultivo de abacaxis, em Marataízes, na região sul do Espírito Santo. A cidade é referência no cultivo da fruta. Antes verde e amarela, a plantação ganha tons pasteis e amarronzados, com os frutos se desenvolvendo pouco.

O produtor Benedito Lourenço teve a produção castigada pela seca. “Neste momento, neste período de estiagem que estamos tendo se torna tenso para muitos produtores. Estamos com as roças, neste ano, praticamente comprometidas com prejuízo muito grande. Nós não temos um abacaxi mais pleno, mais suculento por causa da falta de água, sem o padrão de mercadoria”, explica.

A Prefeitura de Marataízes estima que ao menos 950 produtores estão sofrendo as consequências da falta de chuva. Cerca de 70% das lavouras de abacaxi, 60% de toda a produção de mandioca e 40% da de cana-de-açúcar estão comprometidas. Os números, no entanto, ainda não são precisos.

A Festa do Abacaxi, que celebra a data da colheita na cidade, foi suspensa. As chuvas mal distribuídas fizeram com que alguns municípios do Estado entrassem no período de seca, com precipitações abaixo da média histórica. A região centro-sul do Espírito Santo foi a mais atingida.

Vazão dos rios no ES está abaixo da média

Todos os rios do Espírito Santo estão com vazão abaixo da média, mas não em níveis críticos. O rio Jucu, é um exemplo, no últimos 30 dias, o nível do curso d’água só baixou.

No gráfico, a linha vermelha mostra o nível crítico. A azul, vazão normal. E a barra revela a atual situação do rio Jucu, responsável pelo abastecimento de 60% de toda a Grande Vitória.

A Agerh declarou estado de atenção por causa da estiagem no Espírito Santo. No entanto, não há risco de falta d’água. O alerta chama atenção para a necessidade de economizar.

O diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, reforçou que alguns setores produtivos terão que se adaptar ao estado de atenção.  “As principais recomendações são que o setor da indústria, o setor da agricultura façam o uso cada vez mais uso racional e econômico da água, reutilizando, reaproveitando e utilizando as melhores técnicas de aproveitamento da água”, aponta.

O tempo seco combinado com o vento favorece que os incêndios se alastrem mais rapidamente. Na última sexta-feira (12), duas ocorrências deixaram moradores aflitos. Um deles em Bela Vista, na Capital, mobilizou os bombeiros. O fogo chegou muito próximo às casas.

Na Serra, outro incêndio em vegetação, no bairro São Marcos. O Instituto Capixaba de Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) espera que as chuvas retornem apenas na segunda quinzena de outubro.

Confira trechos das recomendações do decreto de estado de atenção hídrica:

Recomendar às Companhias Públicas e Privadas e aos Serviços Autônomos Municipais de água e esgoto, que:

I) Desenvolvam e implantem imediatamente medidas necessárias à adaptação a esse novo cenário visando a incentivar a população a reduzir seu consumo médio diário de água;

II) Implantem medidas e intervenções necessárias à redução dos índices de perdas e do tempo de atendimento às solicitações de reparos e denúncias de vazamento em suas redes;

Recomendar às Agências Reguladoras dos Serviços de Água e Esgoto de abrangência Estadual ou Municipal que adotem as medidas legais cabíveis visando a incentivar a redução do consumo per capita e a redução de perdas;

Recomendar às Prefeituras Municipais de todo o Estado do Espírito Santo que adaptem, em regime de urgência, seus Códigos Municipais de Postura visando à proibição e à penalização de atividades notadamente reconhecidas como promotoras de desperdício de água, tais como:

I) lavagem de vidraças, fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com o uso de mangueiras;

II) rega de gramados e jardins;

III) resfriamento de telhados com umectação ou sistemas abertos de troca de calor;

IV) umectação de vias públicas e outras fontes de emissão de poeiras, exceto quando a fonte for o reuso de águas residuais tratadas;

Recomendar aos órgãos responsáveis pelo licenciamento de atividades poluidoras ou potencialmente poluidoras e degradadoras ou potencialmente degradadoras a imposição de medidas voltadas a:

I) ampliação do uso racional, ao reuso e ao aproveitamento de águas residuais tratadas;

II) ampliação da captação/acumulação de águas de chuva;

III) conservação de água e solo por meio de recomposição florestal e práticas mecânicas;

IV) aplicação de mecanismos de desburocratização do licenciamento de atividades e intervenções emergenciais destinadas ao aumento da oferta hídrica e garantia de usos múltiplos dos recursos hídricos;

Recomendar aos empreendimentos industriais a imediata adoção de medidas de reuso, reaproveitamento e reciclagem de água em suas unidades fabris visando à redução do consumo;

Recomendar aos usuários e empreendedores agrícolas que adotem manejo adequado da irrigação visando o uso racional da água.

A Agerh poderá estabelecer restrições face ao possível agravamento da situação nas bacias hidrográficas estaduais, sob a possibilidade de regras excepcionais de redução do uso em bacias hidrográficas e revisão das Portarias de Outorga do Direito de Usos;

A Agerh no uso de suas atribuições legais realizará fiscalização objetivando cumprimento das diretrizes contidas na presente Instrução.

Folha Vitória

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