Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL MAMÃO DO BRASIL (Edição 47 – Dezembro 2021)
O mamão no campo: Pós Colheita
Tecnologias no processo pós colheita do mamão podem aumentar a vida útil da fruta nas prateleiras
Cada vez mais os consumidores de frutas do Brasil e do mundo tornam-se pessoas mais exigentes no momento da compra desses produtos. Os mercados compradores esperam, por exemplo, que a fruta na prateleira dure um tempo hábil para que se consiga repassar ao consumidor sem prejuízos de perda. Então já que essa exigência de maior tempo de durabilidade, e mesmo assim, com garantia de qualidade de sabor, é algo que só cresce, como vem sendo trabalhado isso no mercado mamoeiro no que se refere a produtos específicos para serem utilizados no pós colheita e garantir essa qualidade exigida?
O engenheiro agrônomo José Eugênio Fontes Carvalho destaca que, atualmente, há cada vez menos opções no mercado para serem usados nesse momento. “O que temos atualmente no comércio e consideramos a bola da vez são os produtos sanitizantes de alimentos e produtos biológicos. Ambos não geram residual e atendem aos mercados interno e de exportação”, diz.
O agrônomo diz que alguns fungicidas pós colheita registrados no Brasil são oferecidos e tem gerado resultados satisfatórios no tratamento de frutos. “O único porém é que alguns esbarram na exigência do mercado externo. Mas, mesmo com isso, as empresas tem trabalhado para abrir a aceitação desses defensivos em pós colheita. Além deles destaco ainda os fungicidas biológicos que tem sido uma outra ferramenta que vem ganhando espaço no mercado. No campo hoje temos visto o crescimento dessa pegada de substituição, pelo menos parcialmente, dos princípios ativos pelos produtos biológicos, seja por exigência de mercado ou por eficiência de controle de pragas e doenças”, diz José Eugênio.
No campo hoje temos visto o crescimento dessa pegada de substituição, pelo menos parcialmente, dos princípios ativos pelos produtos biológicos, seja por exigência de mercado ou por eficiência de controle de pragas e doenças – José Eugenio Fontes, Engenheiro Agrônomo
Para o engenheiro agrônomo, mestre em manejo de solo e doutor em fitotecnia, Donato Ribeiro de Carvalho, nos últimos 10 anos, o mamão vem passando por uma revolução no pós colheita onde grande parte da fruta produzida passou do estágio de ser vendida enrolada numa folha de jornal e posta numa caixa de madeira para o cuidado e todo o tratamento específico feito nos packings houses (casas de embalagens). “Esse tratamento que hoje é feito nas casas de embalagens é realizado com máquinas com uso de saneantes, com toda classificação específica e ainda usando embalagens modernas e resistentes de caixas de papelão. Mas, mesmo com tudo isso, ainda temos espaço para melhorar. Apesar do ganho com toda a tecnologia adotada, vemos muita fruta ser perdida. Mas já podemos adiantar ao produtor que temos observado maior interesse da indústria de defensivos e empresas específicas e pioneiras em pós colheita, com relevância mundial, em ajudar a desenvolver essa etapa do mamão, não apenas com máquinas e equipamentos, mas com produtos diferentes do que se tem hoje no mercado”, afirma Donato.
Já pensando nas novas tecnologias voltadas especificamente para o mamão, o especialista ressalta que tem se tentado adaptar tecnologias de outras frutas para o mamão, na tentativa de incrementar qualidade. Para isso acontecer com sucesso, Donato explica que “há necessidade de realização de pesquisas específicas para a fruta, e desenvolvimento de máquinas e processos direcionados para o mamão. Vemos também aparecimento de novos produtos como ceras, saneantes, e fungicidas novos, como um recém lançado que é uma mistura de azoxistrobina + fludioxonil, tecnologia que vem revolucionar, uma vez que se trata de uma mistura de molécula e não se tinha novos fungicidas nas últimas duas décadas aproximadamente”, explica.
Hoje os produtores possuem um maior interesse em buscar novidades do mercado e também pesquisas que são realizadas para melhorar sua lavoura, seu produto, seu negócio, e eles tem sido os principais desenvolvedores de tecnologias da atualidade, trabalhando em parcerias com empresas fornecedoras. Segundo Donato, essa busca pelo novo gera alguns ensaios, principalmente de fungicidas que ocorrem periodicamente nos packings houses, na tentativa de encontrar tecnologias que prolonguem a vida do mamão na prateleira. Os ensaios à campo também são utilizados para avaliar a possibilidade de promover melhorias na pós colheita das frutas.
De acordo com o doutor, hoje existe algo sendo notado no campo que se refere ao tratamento das frutas realizados, associados a aplicações dos produtos no packings houses e que reduz em muito as perdas causadas por doenças de pós colheita. “Existem protocolos de tratamentos que garantem uma vida de mais 6 a 8 dias de frutas sadias na prateleira. Nós sabemos que uma fruta sadia, de qualidade, é além de tudo uma ótima ferramenta de marketing. Garantir uma boa experiência do consumidor, que irá comprar uma fruta pronta para o consumo ou irá deixá-la em sua fruteira para amadurecer, sem doenças, garantindo que irá ser consumida, favorece a recompra e ajuda toda a cadeia. Sem falar na possibilidade de todos os desagradáveis descontos e prejuízos causados pelo descarte das frutas doentes que são aplicados pelos agentes de comercialização ao produtor que perde muito dinheiro com isso”, finaliza Donato.
Redação Campo Vivo